Para o cientista político Humberto Dantas, da FGV, participação do presidente em ato pró-intervenção militar não pode ser aceita em "sociedade séria e democrática", e ditadura no país é improvável.
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O presidente Jair Bolsonaro voltou a provocar no último domingo (19/04) reações de repúdio de entidades, políticos e partidos ao comparecer a um ato pelo fim do isolamento social, pró-intervenção militar e de apoio ao seu governo. Em meio à pandemia de coronavírus, juntou-se a uma aglomeração de pessoas em Brasília e declarou que não fará acordos.
Para o cientista político e pesquisador da Fundação Getúlio Vargas em São Paulo (FGV-SP) Humberto Dantas, a atitude de Bolsonaro de participar de um ato pró-intervenção militar constitui "um crime contra a mesma Constituição que o presidente jurou defender".
Em entrevista à DW Brasil, o cientista político avalia, porém, que Bolsonaro não tem o apoio que acredita ter, e que um golpe orquestrado por ele é altamente improvável.
Para Dantas, o cenário de declarações e atitudes que provocam "assombro" deve permanecer, a não ser que uma resposta concreta apareça – e ela pode vir com o resultado do exame para coronavírus do presidente, até hoje em segredo.
Na semana passada, a Mesa Diretora da Câmara dos Deputados encaminhou à Presidência da República um pedido de informações a respeito dos resultados dos exames de Bolsonaro.
"Se ele testou positivo [para covid-19], o fato de ele ter ido ao público ou mentido para a nação pode encerrar o governo dele", diz Dantas.
DW Brasil: Como o senhor vê um presidente da República participando de um ato contra os poderes e a favor da intervenção militar?
Humberto Dantas: Isso, levado ao cabo e aos olhos da Constituição, só pode ser interpretado como um crime contra essa mesma Constituição que esse mesmo presidente jurou defender. Algo desse tipo não pode ser aceito em uma sociedade que se pretende séria e democrática. As Forças Armadas não estão a serviço de um governo, mas sim de um Estado que tem um compromisso formal com a democracia. Esse sujeito, se avançar nessa percepção que ainda se mostra com base em sombras e nuances, terá que ser duramente punido. Não apenas com deposição, mas principalmente com prisão.
Que cenários possíveis o senhor enxerga em relação ao futuro próximo de Bolsonaro?
A mais incisiva questão está associada ao pedido do resultado do exame dele para covid-19 aprovado pela Câmara dos Deputados há alguns dias. Há que se considerar que muito provavelmente Bolsonaro passou pela doença, e não divulgou esse resultado, e sabia desse resultado antes de 15 de março, quando foi às ruas, se aproximou dos cidadãos, tirou foto.
A partir disso, se ele acreditou no caráter pessoal do teste, ele esqueceu que era presidente da República e pouco conhece acerca do cargo que ocupa. Ele é o mais importante homem público do Brasil de acordo com a Constituição Federal. Ele não pode imaginar que vai ter certas privacidades as quais ele perdeu, e que boa parte dos agentes públicos não tem.
A partir disso, se o resultado for positivo e ele reconhecer que foi positivo, ele arriscou a vida daquelas pessoas e vai ter aberto contra si um processo de impeachment. Se ele testou positivo e mentir para a Câmara, a mentira o derruba do mesmo jeito.
Ele está se encurralando em seus discursos e atitudes. E isso nos leva a entender por que ele aumenta tanto o tom, porque ele não sabe ser de outro jeito e já percebeu que ultrapassou o limite do razoável. Está prestes a colocar seu mandato em risco pelo seu jeito de ser. O maior dos responsáveis pelo fim do seu governo será ele mesmo.
Esse pedido tem um prazo de 30 dias, certo?
Trinta dias a partir da aprovação do pedido. E a Câmara está no uso de suas prerrogativas, porque tem a função de fiscalizar o poder Executivo, e fiscalizar o Executivo passa por questionar o titular do Executivo acerca de algumas de suas atitudes. Um pedido de informações dessa natureza me parece bastante razoável à luz do que se espera que seja uma Câmara fiscalizadora. O que nós não temos é uma Câmara fiscalizadora quando ela não está disposta a algum tipo de conflito. E é isso talvez que Bolsonaro esteja estranhando e esteja se defendendo, dizendo que está sendo chantageado.
Mas, de forma nenhuma, a Câmara extrapola suas atribuições, muito pelo contrário: está agindo em benefício da sociedade brasileira, e principalmente daquelas parcelas que foram abraçadas pelo presidente.
Bolsonaro já deu várias declarações que, para especialistas, se enquadram como crimes de responsabilidade. Até aqui, esses atos geraram notas de repúdio por parte de entidades, políticos e partidos. O senhor vê a possibilidade de uma reação mais dura agora?
Eu acho que a reação mais dura não será pelo que ele tem feito nessa escalada dos últimos dias porque, em linhas gerais, o que ele argumenta é que não afrontou os poderes, não pediu o fechamento de nada e não pode limitar a liberdade de expressão das pessoas que estão nos eventos aos quais ele comparece, pedindo coisas que afrontam a democracia.
Mas tenho para mim que, neste instante, ao contrário de 1964, ele não tem as Forças Armadas onde ele acha que elas estão, ele não tem parte da imprensa onde acharia que poderia estar, ele não tem a parcela da opinião pública onde imagina que poderia ter, e ele não tem nenhum controle sobre a agenda legislativa.
Portanto, se Bolsonaro estiver se ancorando em apenas parcelas da sociedade para tentar algo mais incisivo contra a democracia, ele vai sofrer uma derrota significativa. A chance de ele terminar como Jânio Quadros e Fernando Collor é infinitamente maior hoje do que ele terminar como Castello Branco, assumindo a Presidência num golpe militar.
Eu não vejo isso acontecer, sobretudo porque, para os militares, em linhas gerais, seria infinitamente melhor ter um general no poder do que um capitão que foi praticamente expulso das Forças Armadas, com uma aposentadoria forçada e uma promoção pouco condizente com o serviço que ele prestou para o Brasil.
O senhor disse que uma reação mais dura não vem por meio dessa escalada de declarações. Esse cenário de declarações por parte do presidente, seguida por notas de repúdio, deve persistir?
Eu tendo a acreditar que ele vai continuar, as notas de repúdio vão continuar, as pessoas vão continuar se assombrando com isso e que, se efetivamente há um desejo de que Bolsonaro seja afastado da Presidência da República (o que acho que se consolida com o tempo), há a necessidade de um fato concreto. A partir do fato concreto se abre um processo contra o presidente.
A Câmara está cavando, então, um fato concreto ao pedir o exame?
A Câmara cava isso de maneira muito clara ao pedir o exame. É a coisa mais clara até agora. O resto é interpretação de discurso. E a gente sabe que o discurso de Bolsonaro é completamente desequilibrado, mas é um discurso.
O fato concreto de ele ter testado positivo para a covid-19, se testou positivo, e ir ao público ou mentir para a nação, encerra ou pode encerrar o governo dele.
A eleição de 2018 foi apenas e tão somente uma eleição que contratou um presidente da República para viver sob os limites da regra, e Bolsonaro tem para ele que foi ungido imperador do país. Ele tem limite, a fala dele tem limite, as atitudes dele têm limite. Ele não entendeu isso até agora.
O senhor acha que ele não entendeu que tem limite, ou é uma escolha dele entrar nesse embate?
A sensação de ser eleito é uma sensação perigosíssima, a mais perigosa do regime presidencialista. E Bolsonaro se deixa levar por isso de maneira assustadora.
Perceba que isso só ocorre quando o partido é fraco e quando essas pessoas chegam aonde chegam sem nenhum filtro partidário: Jânio Quadros, Fernando Collor, Jair Bolsonaro. É um clássico. A pessoa, quando é maior que o partido, tende a cair em armadilhas.
É veiculado de forma recorrente que os militares se incomodam com certas atitudes e declarações do presidente. Neste domingo, isso aconteceu de novo. A ala militar está incomodada?
A gente fala em ala militar como se fala em evangélicos. Não é uma massa homogênea, existem militares de esquerda, por exemplo. Mesmo que o mundo militar seja um mundo de rigor hierárquico, são brasileiros e demonstram diferentes percepções acerca de diferentes fenômenos.
Uma segunda coisa que precisa ser colocada: existe uma subclasse dentro dos militares extremamente bem preparada tecnicamente, que entende de políticas públicas. E existe um pedaço desse universo que respeita a democracia e sabe que as Forças Armadas são uma força de Estado e não de governo. Portanto, eles não estão a serviço de Bolsonaro. E Bolsonaro tem constrangido muito os militares nesse sentido.
Para completar, precisamos lembrar que seu vice é um general, e hierarquia por hierarquia, preparo por preparo, a despeito de [Hamilton] Mourão ser, para a imensa maioria, um ilustre desconhecido, para o universo militar seria, para alguns, muito mais interessante ter um Mourão na Presidência que um Bolsonaro.
O presidente ainda mantém uma parcela fiel de eleitores, e parte dela inclusive fez neste domingo uma carreata a favor dele. O que explica esse apoio?
Uma militância cega e apaixonada por um personagem que foi criado na figura de um mito, e que faz com que as pessoas o adorem por tudo que ele diz representar: combate à corrupção, antipetismo, um apego questionável a valores cristãos – questionável porque o ódio do discurso dele passa anos-luz do que um cristão prega. Bolsonaro conseguiu, com sua violência, conquistar a simpatia de parcelas de uma sociedade que é extremamente violenta.
A democracia está ameaçada no Brasil? Até que ponto as instituições estão funcionando?
Mais uma vez, vamos passar por um teste de estresse, e o teste é: se for aberto qualquer procedimento contra Bolsonaro com o objetivo de tirá-lo do poder, por uma razão técnico-política, vamos tentar entender até onde esse sujeito que jurou a Constituição e que diz ser a Constituição é efetivamente capaz de lidar com a Constituição e com os instrumentos democráticos e institucionais formais.
Portanto, há risco? Risco há todos os dias de tudo acontecer. É nítido o risco? Eu tenho para mim ainda que o temor a Bolsonaro é mais um reflexo dos traumas trazidos por um regime ditatorial e por um presidente convicto demais e falastrão ao extremo, do que propriamente [estar associado a] saídas institucionais que ele possa tomar e nos levar para uma ditadura. Isso eu acho muito improvável de acontecer. Mas, em algum instante podemos ter um risco maior de enxergar coisas dessa natureza. Só na cabeça dele ele tem o apoio que ele imagina ter. As pessoas elegeram um presidente, e se ele começar a se comportar como um ditador, vai perder ainda mais pessoas nesse grupo que o apoia.
Em meio a sucessivas polêmicas, nomes do primeiro e segundo escalão do governo não resistiram a críticas e pressões. Relembre alguns.
Foto: picture-alliance/dpa/NurPhoto/A. Borges
Bebianno, da Secretaria-Geral da Presidência
A primeira baixa de ministros foi a de Gustavo Bebianno, da Secretaria-Geral da Presidência, em 18 de fevereiro de 2019. Importante articulador da campanha de Bolsonaro, Bebianno esteve envolvido em denúncias de que o PSL, partido que ele presidiu de janeiro a outubro de 2018, teria usado candidaturas laranjas. Além disso, entrou em confronto com Carlos Bolsonaro. Floriano Peixoto assumiu a vaga.
Foto: picture-alliance/AP Photo/L. Correa
Vélez Rodríguez, ministro da Educação
Pelo Twitter, Bolsonaro anunciou, em 8 de abril de 2019, a saída do então ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, após uma onda de demissões no alto escalão da pasta. Rodríguez acumulou atitudes polêmicas, como declarar que os livros didáticos sobre ditadura militar seriam revisados, além de pedir que as escolas filmassem os alunos cantando o hino. Seu substituto foi Abraham Weintraub.
Foto: Marcelo Cassal Jr. /Abr
Santos Cruz, da Secretaria de Governo
O terceiro ministro – e o primeiro da ala militar – a cair foi o general Carlos Alberto dos Santos Cruz, da Secretaria de Governo, em 13 de junho de 2019. A demissão foi atribuída à falta de alinhamento político-ideológico com o governo. Santos Cruz era alvo de ataques regulares de Olavo de Carvalho, guru do presidente, e acumulava intrigas com Carlos Bolsonaro. Assumiu a vaga Luiz Eduardo Ramos.
Foto: DW/M. Estarque
Ribeiro de Freitas, presidente da Funai
O general da reserva Franklimberg Ribeiro de Freitas foi exonerado da presidência da Fundação Nacional do Índio (Funai) em 12 de junho de 2019. Segundo ele próprio alegou, sua queda se deveu à pressão dos ruralistas. À época da demissão, Ribeiro de Freitas denunciou que Bolsonaro está sendo mal assessorado nas questões indígenas e que a Funai sofre com orçamento limitado e déficit de pessoal.
Foto: Abr/M. Camargo
Juarez da Cunha, presidente dos Correios
Bolsonaro anunciou em público a demissão do presidente dos Correios, o general Juarez da Cunha, em 14 de junho de 2019. Em encontro com jornalistas, o presidente disse que o chefe da estatal vinha se comportando como "um sindicalista". O ministro da Secretaria-Geral da Presidência Floriano Peixoto assumiu o cargo e, para a antiga vaga de Peixoto, foi designado Jorge Antonio de Oliveira Francisco.
Foto: Agencia Brasil/José Cruz
Joaquim Levy, presidente do BNDES
Joaquim Levy renunciou à presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em 16 de junho de 2019, após embate público com o presidente. No dia anterior, Bolsonaro havia dito que Levy estava com "a cabeça a prêmio" – o motivo foi a nomeação por Levy do executivo Marcos Barbosa Pinto para a diretoria de Mercado de Capitais do BNDES. O substituto foi Gustavo Montezano.
Foto: Getty Images/AFP/E. Sa
Ricardo Galvão, diretor do Inpe
Logo após o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgar aumentos dramáticos no desmatamento da Floresta Amazônica, Bolsonaro acusou o então diretor do instituto, Ricardo Galvão, de mentir. Galvão rebateu as críticas do presidente e acabou sendo exonerado em 2 de agosto de 2019. O oficial da Força Aérea Darcton Policarpo Damião foi oficializado como diretor interino.
Foto: DW/N. Pontes
Marcos Cintra, secretário da Receita Federal
A demissão de Marcos Cintra, secretário da Receita Federal desde o início do governo Bolsonaro, foi anunciada em 11/09/2019. A decisão de Paulo Guedes, ministro da Economia, teria sido motivada por divergências com a "nova CPMF". A crise fora deflagrada pela divulgação antecipada de estudos para a cobrança de um imposto semelhante à extinta Contribuição Provisória Sobre Movimentação Financeira.
Foto: Agência Brasil/Arquivo/W. Dias
Roberto Alvim, secretário da Cultura
O dramaturgo de extrema-direita Roberto Alvim foi demitido por Bolsonaro em 17 de janeiro, três meses depois de assumir a Secretaria Especial da Cultura. Ele perdeu o cargo após divulgar um absurdo vídeo repleto de referências ao nazismo. Inicialmente, Bolsonaro relutou demitir Alvim, mas a repercussão do caso selou o destino do secretário, que atribuiu sua queda a uma "ação satânica".
Foto: Secretaria Especial da Cultura
Gustavo Canuto, ministro do Desenvolvimento Regional
Bolsonaro trocou, em 6 de fevereiro de 2020, o ministro do Desenvolvimento Regional. Gustavo Canuto foi substituído por Rogério Marinho, que era secretário de Previdência e articulou a reforma da aposentadoria. Servidor de carreira do Ministério da Economia, Canuto teria pedido para deixar o cargo. Ele era alvo de críticas de Bolsonaro, que não estaria satisfeito com o Minha Casa Minha Vida.
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Osmar Terra, ministro da Cidadania
Osmar Terra foi tirado do cargo de ministro da Cidadania e retomou o mandato como deputado federal. No dia 13 de fevereiro de 2020, Bolsonaro anunciou a saída do ministro Onyx Lorenzoni da Casa Civil para assumir o Ministério da Cidadania no lugar de Terra. Como novo chefe da Casa Civil foi escolhido o general do Exército Walter Souza Braga Netto.
Foto: picture-alliance/dpa/I. Franco
Luiz Henrique Mandetta, ministro da Saúde
Bolsonaro demitiu seu ministro da Saúde em 16 de abril de 2020, em plena pandemia de covid-19. Luiz Henrique Mandetta e o presidente vinham protagonizando um embate público desde que o Brasil entrou no compasso do coronavírus, semanas antes. Ao contrário de Bolsonaro, Mandetta defendia o isolamento social para conter o avanço da pandemia. Para o seu lugar, foi escolhido o oncologista Nelson Teich.
Foto: picture-alliance/dpa/Zumapress/P. Jacob
Sergio Moro, ministro da Justiça e Segurança Pública
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, renunciou ao cargo em 24 de abril de 2020, depois de um embate com Bolsonaro sobre o comando da Polícia Federal (PF). Nomeado com a promessa de ter "carta branca" à frente de um superministério, o ex-juiz da Lava Jato acusou o presidente de interferir na PF para ter acesso a informações de inquéritos.
Foto: Reuters/A. Coelho
Nelson Teich, ministro da Saúde
Menos de um mês após ter assumido o cargo, em meio à pandemia de covid-19, Nelson Teich pediu demissão. Apesar de ter dito que tinha um "alinhamento completo" com o presidente, o médico teve divergências com Bolsonaro, que pressionou o ministro para aprovar um uso mais amplo da cloroquina no tratamento da covid-19, apesar de não haver evidências científicas da eficácia e segurança do medicamento.
Foto: picture-alliance/AP Photo/E. Peres
Regina Duarte, secretária da Cultura
A atriz Regina Duarte deixou a Secretaria Especial da Cultura em 20 de maio de 2020, menos de três meses depois de assumir o cargo. À frente da pasta, ela acumulou atritos com a ala ideológica do governo, que via sua atuação como muito branda com "a esquerda". Já a classe artística criticou a gestão errática e os comentários de Duarte que minimizaram os crimes da ditadura militar.
Foto: picture alliance/dpa/Palacio do Planalto/M. Correa
Abraham Weintraub, ministro da Educação
Após dias de especulações e uma escalada do desgaste político com o STF, Abraham Weintraub confirmou sua saída do Ministério da Educação em 18 de junho de 2020, em vídeo ao lado de Bolsonaro. Sua passagem pela pasta durou pouco mais de 14 meses e foi envolta em polêmicas, tendo acumulado desafetos e disputas públicas, além de se tornar alvo de inquéritos.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Camargo
Carlos Decotelli, ministro da Educação
Havia expectativa de que Carlos Decotelli imprimisse normalidade ao MEC após a gestao tumultuada de Weintraub. Mas as credenciais acadêmicas do novo ministro logo passaram ser questionadas. Ele dizia que tinha doutorado, mas foi desmentido. Ainda exagerou sobre ter completado um pós-doutorado na Alemanha. E foi acusado de plágio. Pediu demissão cinco dias após ser indicado, sem ter tomado posse.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Correa
Eduardo Pazuello, ministro da Saúde
No pior momento da pandemia no Brasil, com recordes de mortes diárias e hospitais em colapso, Bolsonaro anunciou a saída de Eduardo Pazuello do Ministério da Saúde, em 16 de março de 2021. Pazuello vinha sendo pressionado pelo agravamento da crise sanitária e pela lentidão da vacinação. Para a vaga foi escolhido o médico Marcelo Queiroga, quarto ministro a ocupar o cargo em menos de um ano.
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Ernesto Araújo, ministro das Relações Exteriores
Um dos mais polêmicos aliados de Bolsonaro, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, anunciou sua saída em 29 de março de 2021. Extremista de direita e adepto de teorias conspiratórias, era visto como um obstáculo na diplomacia com vários países, dificultando, inclusive, a compra de vacinas da China e da Índia. Sua saída desencadeou uma reforma ministerial, com seis trocas em um dia.
Foto: Reuters/U. Marcelino
Fernando Azevedo e Silva, ministro da Defesa
Horas depois do anúncio de Araújo, o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, também deixou o cargo, sem explicar os motivos. "Agradeço ao presidente da República, a quem dediquei total lealdade ao longo desses mais de dois anos, a oportunidade de ter servido ao país. Nesse período, preservei as Forças Armadas como instituições de Estado", afirmou em nota.
Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
José Levi, Advocacia-Geral da União
Pouco depois, o ministro-chefe da Advocacia-Geral da União (AGU), José Levi, também entregou o cargo. A saída de Levi teria sido pedida por Bolsonaro, após o chefe da AGU ter se recusado a assinar uma Ação Direta de Inconstitucionalidade do Planalto ao STF contra restrições impostas por alguns governadores para conter a pandemia. Para sua vaga, foi designado o ministro da Justiça, André Mendonça.
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Comandantes das Forças Armadas
Em 30 de março de 2021, o Ministério da Defesa anunciou a troca simultânea e inédita dos três comandantes das Forças Armadas. Edson Pujol (à direita na foto), do Exército, Ilques Barbosa, da Marinha, e Antônio Bermudez, da Aeronáutica, já haviam cogitado colocar seus cargos à disposição, como sinal de que não compactuariam com tentativas do presidente de usar as Forças Armadas em seu benefício.
Foto: picture-alliance/AP Photo/E. Peres
Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente
Em 23 de junho de 2021, após muita pressão, Ricardo Salles pediu demissão do Ministério do Meio Ambiente. Ele foi substituído por Joaquim Álvaro Pereira Leite, até então secretário da Amazônia e Serviços Ambientais da pasta. Com gestão marcada por polêmicas, "boiadas" e desmatamento e queimadas recordes, Salles é alvo de dois inquéritos no STF, ambos envolvendo comércio de madeira ilegal.
Foto: Marcos Corrêa/Presidência da República do Brasil
Milton Ribeiro, ministro da Educação
Em 28 de março de 2022, após vir à tona a "farra dos pastores", o ministro da Educação Milton Ribeiro pediu exoneração. Ele é suspeito de favorecer prefeituras na liberação de recursos do MEC, tendo dois pastores como intermediários. Sua situação ficou ainda mais frágil após a revelação de um áudio em que ele admitia que favorecia os pastores a pedido do presidente Jair Bolsonaro.
Bento Costa Lima Leite de Albuquerque, ministro de Minas e Energia
Em 11 de maio de 2022, o presidente Jair Bolsonaro trocou a chefia do Ministério de Minas e Energia, ao exonerar Bento Costa Lima Leite de Albuquerque. O novo titular nomeado para a pasta foi Adolfo Sachsida, aliado de Paulo Guedes. A mudança ocorreu após críticas de Bolsonaro à política de preços da Petrobras, estatal ligada ao Ministério de Minas e Energia.