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Aposentados deixam a Alemanha em busca de qualidade de vida

Manasi Gopalakrishnan (ca)20 de agosto de 2015

Clima e valor baixo da aposentadoria levam alemães com mais de 65 anos de idade a se mudarem para lugares como Tailândia e Maiorca, na Espanha. Mas muitos retornam quando necessitam de serviços de saúde.

Foto: Fotolia/Sergiogen

Cada vez mais aposentados alemães estão se mudando para o exterior. De acordo com os últimos dados do Fundo de Previdência da Alemanha, em 2014, foram transferidos para o exterior 225.568 pagamentos de aposentadoria – um aumento de 1,7% em relação a 2013.

Um desses aposentados é Ute Schulz, que afirma não gostar mais de viver no país natal. "A certa altura, para mim ficou claro que eu não viveria mais na Alemanha. O clima não me agrada, eu não entendo a mentalidade que está se desenvolvendo entre as pessoas, e a Ásia é um lugar onde ainda se pode viver bem com algum dinheiro", disse no documentário Grandma wants to go to Thailand (Vovó quer ir para a Tailândia, em tradução livre), de 2010.

Países de língua alemã, como a Suíça e a Áustria, são os destinos prediletos da terceira idades, para onde foram transferidas por volta de 48 mil pensões em 2014. A ilha espanhola de Maiorca abriga cerca de 20 mil aposentados alemães, enquanto os Estados Unidos são hoje lar para 25 mil pensionistas do país europeu.

Novos moradores bem-vindos

Alessandro Arcaro, natural da cidade de Rimini, na Itália, para onde alemães têm se mudado desde os anos 1980, afirma que muitos hotéis e vilarejos têm adaptado a sua oferta para as necessidades de turistas e aposentados alemães.

"Os alemães gostam de ir à praia, relaxar, sair para jantar e assim por diante, de forma que os moradores estão contentes em recebê-los", diz Arcaro. A cidade é conhecida por sua natureza acolhedora e pela capacidade de fazer com que os hóspedes se sintam em casa.

Na Ásia, países como Tailândia e Camboja atraem migrantes aposentados devido ao custo de vida relativamente baixo.

A Turquia também é vista como uma boa opção para muitos idosos alemães, especialmente porque a chegada de trabalhadores turcos para a Alemanha após a década de 1950 aproximou os alemães da vida e dos hábitos na Turquia. Para aposentados à procura de locais mais baratos, o país de origem da maior população de imigrantes da Alemanha é um paraíso.

Serdar Özalp, professor que vive na cidade de Edremit, no oeste da Turquia, afirma que as pessoas de sua região não têm problemas em acolher aposentados alemães. "Este é um lugar seguro. Frutas e verduras são muito mais baratas do que na Alemanha, e os aluguéis também são bem mais baixos", diz.

Mais barato é melhor?

Emigrar para um país diferente após a aposentadoria é uma decisão difícil, mas a situação financeira de muitos alemães com mais de 65 anos de idade é apontada frequentemente como a principal razão para a saída do país.

Na Alemanha, a aposentadoria média é de 766 euros por mês (por volta de 2.980 reais), segundo dados do Fundo de Previdência da Alemanha. "Em média, a pensão estatal para os homens varia de 1.000 a 1.200 euros (cerca de 3.900 e 4.670 reais). Para as mulheres, esse valor gira em torno de 400 a 600 euros (por volta de 1.550 a 2.300 reais). Com esse dinheiro mal dá para levar uma vida decente", afirma Jürgen Wuttke, presidente do Sindicato dos Aposentados da Alemanha.

Já funcionários públicos aposentados recebem pensões relativamente altas, destaca Wuttke. Em tais casos, uma aposentadoria de 2.000 euros mensais (cerca de 7.790 reais) poderia dar a impressão de que os pensionistas levam uma vida boa em Maiorca.

No entanto, "os chamados 'aposentados de Maiorca' estão voltando para a Alemanha", afirma o sindicalista. "Porque quando se fica mais velho, precisa-se de mais cuidados de saúde e, num país estrangeiro, percebe-se que os serviços de saúde não são tão bons quanto na Alemanha, especialmente quando se trata do aspecto financeiro e da tecnologia médica de ponta."

Sair da Alemanha pode ser uma boa opção de curto prazo, mas para Wuttke, os idosos alemães precisam mesmo de um sistema social que cuide melhor deles.

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