Pesquisa aponta que seis em cada dez americanos desaprovam o desempenho do presidente dos EUA. Maioria apoia investigação sobre interferência russa e acredita que republicano tentou interferir na Justiça.
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O índice de aprovação do presidente americano, Donald Trump, atingiu seu menor nível percentual. A desaprovação de seu desempenho como chefe de Estado é de 60%, de acordo com uma pesquisa do conglomerado midiático ABC/Washington Post divulgada nesta sexta-feira (31/08).
As estatísticas incluem que 53% dos entrevistados disseram desaprovar de forma veemente a atuação de Trump na Casa Branca. A taxa de aprovação do presidente foi de 36% – a mais baixa em pesquisas desde que ele tomou posse, em janeiro de 2017.
A sondagem anterior, realizada em abril, havia contabilizado o resultado de 56% de desaprovação e 40% de aprovação entre os americanos entrevistados.
A pesquisa mostrou ainda que uma grande maioria, 63% dos americanos, apoia a investigação sobre a suposta interferência russa nas eleições presidenciais de 2016 – 52% afirmaram que a apoiam de forma veemente. Além disso, 64% dos entrevistados opinaram que Trump não deve demitir o procurador-geral Jeff Sessions, cujo futuro no governo está sob ameaça.
Com o início das campanhas para as eleições legislativas, a pesquisa constatou que uma maioria da opinião pública se voltou contra Trump e desaprova seus esforços para influenciar o Departamento de Justiça e a ampla investigação sobre a ingerência russa conduzida pelo procurador especial Robert Mueller – 53% disseram acreditar que Trump tentou interferir nesse inquérito.
Quase metade dos americanos (49%) afirmou que o Congresso dos Estados Unidos deveria iniciar um processo de impeachment contra o presidente, enquanto 46% se mostraram contrários.
Em meio a medidas controversas no campo do comércio internacional, 45% dos americanos aprovam a forma de Trump de lidar com a economia americana, e 47% desaprovam.
A pesquisa mostrou uma divergência significativa de opinião entre democratas e republicanos, com estatísticas percentuais de cada classe política. Dos entrevistados, 33% se declararam democratas, e 25% se disseram republicanos. Os independentes formaram 37% dos questionados, enquanto 3% assinalaram "outros" e 3% não opinaram.
A sondagem foi realizada por telefone com 1.003 adultos entre 26 e 29 de agosto. Na semana anterior, Paul Manafort, ex-diretor da campanha de Trump, foi condenado por fraude fiscal e bancária, e Michael Cohen, ex-advogado do presidente, declarou-se culpado e implicou Trump em pagamentos ilícitos para silenciar acusações de supostos encontros sexuais com mulheres.
O novo presidente americano não lê muito. Mas, desde que ele chegou ao poder, livros sobre regimes totalitários voltam à lista de best-sellers. Conheça algumas obras que podem ajudar a entender seu estilo de governar.
Foto: Getty Images/S. Platt
"1984"
Em "1984", George Orwell mostra ao leitor o que é viver num Estado totalitário, onde a vigilância é onipresente, e a opinião pública é manipulada pela propaganda. Desde a eleição de Donald Trump, o romance distópico voltou à lista dos mais vendidos. Mas outros clássicos, que descrevem cenários semelhantes, também se encontram cada vez mais sobre as mesas de cabeceira.
Foto: picture-alliance/akg-images
"As origens do totalitarismo"
O ensaio de Hannah Arendt "As origens do totalitarismo" chamou bastante atenção após a sua publicação em 1951. Arendt, que havia fugido da Alemanha nazista, foi uma das primeiras teóricas a analisar a ascensão de regimes totalitários. Há poucas semanas, o livro apareceu por um curto período como esgotado no site de compras Amazon.
Foto: Leo Baeck Institute
"Admirável mundo novo"
O romance distópico de Aldous Huxley "Admirável mundo novo" ainda é leitura obrigatória para escolares e universitários. O livro do escritor britânico, publicado em 1932, descreve a "Gleichschaltung" (uniformização) de uma sociedade por meio da manipulação e condicionamento.
Foto: Chatto & Windus
"O conto da aia"
A distopia feminista de Margaret Atwood também voltou à lista dos best-sellers. O romance publicado em 1985 se passa nos Estados Unidos do futuro, onde as mulheres são reprimidas e privadas de seus direitos por uma teocracia totalitária no poder. Por medo de cenários semelhantes, muitas mulheres se posicionam hoje contra Trump, que continua a provocar discussões com comentários sexistas.
Foto: picture-alliance / Mary Evans Picture Library
"O homem do castelo alto"
Em 1962, Philip K. Dick descreveu em seu romance "O homem do castelo alto" como seria a vida nos Estados Unidos sob a ditadura de vitoriosos nazistas e japoneses após a Segunda Guerra. Em 2015 foi transmitida uma série de TV baseada vagamente no livro do escritor americano. Os cartazes de propaganda do seriado no metrô de Nova York (foto) foram motivo de controvérsia devido à sua simbologia.
Foto: Getty Images/S. Platt
"The United States of Fear"
O livro não ficcional de Tom Engelhardt ainda não publicado no Brasil "The United States of Fear" ("Os Estados Unidos do medo", em tradução livre) foi lançado em 2011. A obra analisa como o fator "medo" favorece investimentos maciços do governo americano nas Forças Armadas, em guerras e na segurança nacional – levando o país, segundo a tese do autor, à beira do abismo.
Foto: Haymarket Books
"Things That Can and Cannot Be Said"
"Things that can and cannot be said" ("As coisas que podem e não podem ser ditas", em tradução livre) é uma coletânea de ensaios e conversas, na qual a autora Arundhati Roy e o ator e roteirista John Cusack refletem sobre o seu encontro com o whistleblower Edward Snowden, em 2014, em Moscou. O livro aborda principalmente a vigilância em massa e o poder estatal.
Foto: picture alliance / Christian Charisius/dpa
"O poder dos sem-poder"
Em seu texto "O poder dos sem-poder" (1978), o escritor e posterior presidente tcheco Vaclav Havel analisa os possíveis métodos de resistência contra regimes totalitários. Ele próprio passou diversos anos na prisão como crítico do governo comunista. Seu ensaio se tornou um manifesto para muitos opositores no bloco soviético.
Foto: DW/M. Pedziwol
"Mente cativa"
Em 1970, o autor polonês e posterior Nobel de Literatura Czeslaw Milosz se tornou cidadão americano. Sua não ficção "Mente cativa" (1953) fala sobre suas vivências como escritor crítico do governo no bloco soviético. Trata-se de um ajuste de contas intelectual com o stalinismo, mas também com a – em sua opinião – enfraquecida sociedade de consumo ocidental.