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Aproximação à cubana

Astrid Prange (av)22 de janeiro de 2015

Normalização das relações com EUA conta com amplo apoio entre exilados e a população mais jovem, mas ainda esbarra em velhos estereótipos e numa extensa lista de exigências por parte de Havana.

Foto: picture-alliance/AP Photo/Franklin Reyes

Por mais divergentes que sejam as expectativas quanto à retomada de relações diplomáticas entre Havana e Washington, não há observador que questione o seu significado histórico. Após 50 anos de congelamento, os dois Estados procuram superar o abismo – até então intransponível – entre capitalismo e comunismo.

"Com esse passo, os presidentes dos Estados Unidos e de Cuba criaram condições para que situação em Cuba possa melhorar", escreve a blogueira cubana Yoani Sánchez, diretora do portal de internet 14ymedio.com. A questão agora, afirma ela, é utilizar os espaços recém-abertos.

Ao contrário de Washington, Havana prefere abafar expectativas excessivas. "Cuba não está normalizando suas relações com os EUA, ela está estabelecendo relações diplomáticas", explicou um porta-voz do Ministério cubano do Exterior, acrescentando que a normalização é um processo que ainda demandará muito tempo.

Série de exigências

O governo de Raúl Castro entra nas negociações com exigências elevadas. Cuba quer ser retirada da lista de Estados que patrocinam terroristas, onde está ao lado de Irã, Sudão e Síria; o fechamento de Guantánamo; o fim do embargo comercial; o reconhecimento das ONGs cubanas controladas pelo governo; assim como a suspensão das condições especiais para refugiados cubanos nos EUA.

Por sua vez, os americanos insistem na liberdade de circulação para seus diplomatas em Cuba e no livre acesso à embaixada dos EUA para os cidadãos do país. A negociadora-chefe dos EUA, Roberta Jacobson, também quer estar apta a repatriar os 34 mil cubanos acusados de crimes nos EUA. Em contrapartida, deverão ser entregues a Washington os americanos que gozam de asilo na ilha caribenha.

Haide Gallardo (esq) e Sonia Garro estão entre os 53 presos políticos libertados por Havana antes das negociaçõesFoto: Reuters/Stringer

O presidente Barack Obama parece não ter tempo a perder, e faz pressão. Em 15 de janeiro, o Departamento do Tesouro americano aprovou medidas importantes para "relaxamento as sanções a Cuba". Agora os cubanos residentes nos EUA podem enviar 8 mil dólares anualmente a seus parentes em Cuba, em vez de apenas 2 mil dólares. Para projetos de ajuda humanitária, não há mais um limite máximo.

Apoio entre exilados

De olho nos lucros com o turismo, as companhias aéreas dos EUA poderão desembarcar na ilha comunista, onde cartões de crédito americanos também passam a ser aceitos. A United Airlines já anunciou o estabelecimento de voos de Newark e Houston para Havana.

Às firmas nacionais é agora permitido investir na ampliação das telecomunicações em Cuba. Já em junho último, o diretor executivo da Google, Eric Schmidt, estava examinando as chances para uma "internet livre" em Havana.

Entre os cerca de 2 milhões de cubanos exilados, cresce o apoio à nova política de abertura de Obama. Segundo enquete do Instituto de Pesquisas Cubanas da Universidade Internacional da Flórida, 52% da comunidade são a favor da suspensão do embargo. Na faixa etária dos 18 aos 29 anos, o nível de aceitação chega a 62%.

Para uma minoria dos cubanos exilados, aproximação Cuba-EUA é impensãvelFoto: Joe Raedle/Getty Images

A facilitação de viagens e de transferência de dólares é aprovada por 70% dos entrevistados; 69% são a favor do estabelecimento de relações diplomáticas – entre os mais jovens a porcentagem alcança 90%. Por outro lado, a maioria dos cubano-americanos é contra a retirada do país insular da lista dos Estados patrocinadores do terrorismo.

Estereótipos recíprocos

Um dos opositores mais proeminentes do novo curso para Cuba é o senador Marco Rubio, republicano de ascendência cubana e um dos possíveis candidatos nas eleições presidenciais de 2016. Como sinal, ele convidou a filha do dissidente cubano morto Oswaldo Payá para o discurso do presidente no Congresso em Washington.

"Espero que a presença de Rosa Maria Payá lembre ao presidente Obama que os assassinos dos pais dela não precisaram responder à Justiça e que o governo dos EUA agora se senta com eles à mesma mesa", declarou.

Bliogueira Yoani Sánchez (dir.) recebe prêmio The Bobs da DW em 2013Foto: DW

Contudo, também em Havana não parece ser fácil para Castro e seus assessores se livrarem dos velhos estereótipos hostis. "Para o governo cubano, que pensa em outras categorias, os acontecimentos se precipitaram", comenta a blogueira Yoani Sánchez. Havana espera que o processo transcorra placidamente, sem ser atropelado por um excesso de entusiasmo.

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