Aquecimento global castigará EUA, diz relatório do governo
24 de novembro de 2018
Na contramão da política do presidente americano, documento elaborado por 13 agências federais confirma mudança climática e prevê consequências drásticas, do meio ambiente à economia e saúde.
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A mudança climática global trará caos ao meio ambiente natural, economia e saúde pública nos Estados Unidos, a menos que haja mais empenho em reduzir as emissões de dióxido de carbono (CO2), adverte um relatório do governo americano divulgado nesta sexta-feira (23/11).
"Sem mitigação global substancial e sustentada, e esforços regionais de adaptação, a expectativa é que a mudança climática vá causar perdas crescentes para a infraestrutura e propriedades americanas, e comprometer a taxa de crescimento econômico no século atual", consta da 4ª Avaliação Nacional do Clima.
O documento encomendado pelo Congresso inclui pareceres de 13 agências federais. Ele detalha como as temperaturas ascendentes vão ameaçar os campos agrícolas mais baixos, elevar a probabilidade de inundações e incêndios florestais, entravar a produção de energia e aumentar a incidência de doenças tropicais no país. Ainda assim, ação governamental imediata poderia abrandar os impactos mais extremos.
Trump incorrigível
O relatório contradiz as opiniões do presidente Donald Trump, que tem repetidamente negado a mudança climática como sendo um trote dos chineses. Em 2017 ele retirou os EUA do Acordo do Clima de Paris, um esforço internacional conjunto para combater a elevação das temperaturas globais.
Na própria sexta-feira, em reação às temperaturas glaciais em algumas partes do país, o bilionário nova-iorquino escreveu no Twitter: "O que foi que aconteceu com o Aquecimento Global?"
A porta-voz da Casa Branca Lindsay Walters minimizou as constatações do relatório, afirmando esboçarem um "cenário extremo", sobre a falsa premissa de um acúmulo de inovação tecnológica e rápido crescimento demográfico no futuro próximo.
Por sua vez, grupos ambientalistas saudaram o relatório oficial. Abigail Dillen, presidente da Earthjustice, comentou à agência de notícias Reuters que ele evidenciava que "a mudança climática é real, está acontecendo aqui e está acontecendo agora".
A Agência Ambiental Europeia previu efeitos semelhantes do aquecimento global para a Europa. Segundo um relatório de 2017, temperaturas crescentes podem provocar maciço colapso econômico e incremento na frequência de secas, incêndios florestais e enchentes por todo o continente.
AV/afp.rtr,dpa
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Reconstrução de áreas atingidas por resíduos de mineração da Samarco após desastre ambiental mostra que ainda há muitos rejeitos no solo. Projetos incluem restabelecer comunidades, restauro e recuperação da natureza.
Foto: DW/N. Pontes
Como a lama deixou
Três anos depois da onda de rejeitos ter atingido o distrito de Paracatu de Baixo, a 35km do centro de Mariana, o que restou das construções continua com a marca da lama. Por ordem do Ministério Público, nada pode ser demolido. A comunidade decidirá o futuro do local. O projeto para o novo assentamento, que será construído num terreno a 3km da Paracatu original, foi aprovado pelos moradores.
Foto: DW/N. Pontes
Convivência diária com a tragédia
A casa que Roberto de Paula, 62 anos, construía em Paracatu de Baixo foi completamente destruída pelos rejeitos. O ajudante de caminhão passa os dias na casa do irmão, uma das poucas poupadas na catástrofe. Cadastrado como um dos atingidos, ele recebe auxílio da Samarco pela Fundação Renova, que aluga uma moradia temporária no centro de Mariana. 140 famílias de Paracatu de Baixo vivem o mesmo.
Foto: DW/N. Pontes
Novo Bento em construção
Desde que as obras do Novo Bento começaram, em agosto de 2018, seu Zezinho, como o líder comunitário é conhecido, visita o local diariamente. O reassentamento vai abrigar as 240 famílias que perderam tudo quando o distrito de Bento Rodrigues foi varrido do mapa pela lama. O terreno tem 375 hectares e fica 8km do centro de Mariana. A entrega do "Novo Bento" deve ocorrer até agosto de 2020.
Foto: DW/N. Pontes
Restauro detalhado
A Reserva Técnica, em Mariana, abriga 2352 peças salvas do desastre. Os objetos representam a memória histórica, cultural e artística das comunidades. Estavam nas capelas de São Bento e Nossa Senhora das Mercês (Bento Rodrigues), Santo Antônio (Paracatu de Baixo) e Nossa Senhora da Conceição (Gesteira, Barra Longa). O trabalho usa técnicas da arqueologia e é um dos 42 programas da Fundação Renova.
Foto: DW/N. Pontes
Alarmes em Gualaxo do Norte
Depois do colapso de Fundão, a onda de rejeitos percorreu 77km, passando por cursos como o do rio Gualaxo do Norte (foto) até alcançar o Doce. A água da chuva que cai no terreno carrega os rejeitos do ambiente para o rio, que muda de cor. Depois do desastre, 22 estações automáticas foram instaladas e enviam dados sobre a qualidade da água a cada hora. Alarmes também operam para nova emergência.
Foto: DW/N. Pontes
Limpando a lama
Aprovado há um ano, o Plano de Manejo de Rejeitos foi dividido em 17 trechos. Para o trecho 8 (foto), há duas propostas: remoção do rejeito por dragagem e tratamento da água, explica Pedro Ivo, engenheiro da Fundação Renova. Obras emergenciais nas margens tentam impedir que os resíduos que ficaram no solo cheguem ao rio. Há pontos do Gualaxo do Norte que acumulam até 3m de rejeitos no fundo.
Foto: DW/N. Pontes
Plantando sobre os rejeitos
No trecho 8, que inclui uma parte do terreno da Samarco, há um projeto-piloto de plantio sobre o rejeito. Sebastião Venâncio Martins, professor da Universidade Federal de Viçosa, mostra uma muda de ingá. O plantio requer covas de 40cm de profundidade, que acolhem a planta e um hidrogel, que acumula água e nutrientes. A floresta ao redor foi fundamental para as mudas vencerem os rejeitos no solo.
Foto: DW/N. Pontes
Pesca proibida
Arlei, de 45 anos, vive de favor num barco atracado em Aracruz (Espírito Santo) há alguns meses. A pesca até 20m de profundidade entre Barra Do Riacho (Aracruz) e Degredo (Linhares) segue proibida. Segundo Arlei, havia fartura de camarões na área. A Fundação Renova afirma que cadastrou, até agora, 7 mil famílias de pescadores e estuda meios para incluir pescadores sem registro profissional.
Foto: DW/N. Pontes
Monitoramento da vida marinha
O projeto de monitoramento da biodiversidade marinha começa a ser implantado próximo do terceiro aniversário da tragédia. Segundo Bruno Pimenta, coordenador responsável pela Fundação Renova, 24 instituições de pesquisa trabalharão integradas em projetos que vão monitorar desde a qualidade do pescado à população de baleias. A expectativa é que os primeiros resultados sejam divulgados em 2019.