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Aquecimento global fica acima de 2ºC pela primeira vez

21 de novembro de 2023

Temperatura média no mundo ficou 2,07°C acima da média da era pré-industrial na última semana. Especialistas consideram cada vez mais difícil manter limite de 1,5ºC estabelecido no Acordo de Paris.

Homem sem camisa e com bermuda vermelha fe costas no esguicho de um chafariz
No dia 14 de novembro, Rio de Janeiro registrou sensação térmica de 58,5 °C, a maior desde que o serviço municipal de meteorologia Alerta Rio começou a monitorar esse parâmetroFoto: PILAR OLIVARES/REUTERS

Pela primeira vez, a temperatura média global ficou acima de 2ºC em relação à média estimada para níveis da era pré-industrial, superando o limite estabelecido no Acordo de Paris.

O pacto mundial estabeleceu o objetivo de limitar o aquecimento do planeta a no máximo 2ºC em relação ao nível pré-industrial (período de referência de 1850 a 1900) até 2100, mas prevê esforços para que a temperatura média global não aumente mais do que 1,5ºC.

A marca de 2ºC foi superada na última sexta-feira (17/11) e foi divulgada nesta segunda pelo Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus (C3S), da União Europeia (UE). Segundo o Copernicus, na sexta-feira a temperatura média global foi 2,07°C acima da média da era pré-industrial.

O órgão ressaltou que, possivelmente, a tendência seguiu no sábado, informação que será confirmada nesta terça-feira. A previsão é de que meses de recordes de calor façam de 2023 o ano mais quente da história.

Acordo de Paris

Com um aquecimento global médio superior a 1,5°C em comparação com a era pré-industrial, existe o risco de consequências extremas em muitas áreas, como o aumento de mortes causadas pelo calor, por exemplo.  

Por isso, o Acordo de Paris diz que "vai perseguir esforços para limitar o aumento a 1,5 ºC", e reconhece que, assim, os riscos e impactos das mudanças climáticas seriam reduzidos.

O Acordo de Paris entrou em vigor em 2016. Se em alguns dias a temperatura ficar acima de 2ºC, isso não significa que o limite do pacto terá sido ultrapassado, uma vez que o acordo refere-se a uma média ao longo de três décadas. 

O problema é que estudos divulgados nesta segunda-feira pela ONU e na semana passada mostram que o mundo está cada vez mais longe de atingir esse objetivo. Especialistas apelam, cada vez mais, para que os países diminuam drasticamente e de forma rápida suas emissões de gases de efeito estufa, para evitar grandes catástrofes climáticas, como ondas de calor violentas, super furacões e derretimento das calotas polares.

Atualmente, considera-se que o mundo está, em média, quase 1,2ºC mais quente em comparação com a era pré-industrial. Já o ano de 2023 está, segundo o Copernicus, 1,43ºC acima dessa marca.

Desde julho, meses vem batendo recordes de temperaturaFoto: Aristidis Vafeiadakis/ZUMA/IMAGO

Ano de recordes evidencia preocupação

O primeiro dia a exceder a meta de 2ºC faz parte de uma série de registros preocupantes deste ano: outubro foi o mês mais quente já registrado globalmente, assim como todos os meses anteriores desde junho, de acordo com o Copernicus.

Além desses registros oficiais, os cientistas afirmam que dados como a observação de anéis de árvores ou núcleos de gelo sugerem que as temperaturas observadas neste ano podem não ter precedentes na história da humanidade, sendo potencialmente as mais quentes em mais de 100 mil anos.

O Relatório Anual de Lacuna de Emissões 2023, divulgado nesta segunda-feira pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) mostra que, até o início de outubro, haviam sido registrados este ano 86 dias com temperaturas superiores a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais.

O mesmo informe relata que, se os países mantiverem apenas o que já está sendo feito, a média de temperatura global ficará 2,9 ºC mais quente até 2100, tornando algumas regiões inabitáveis.

le/rk (AFP, ots)

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