Aquecimento global fica acima de 2ºC pela primeira vez
21 de novembro de 2023
Temperatura média no mundo ficou 2,07°C acima da média da era pré-industrial na última semana. Especialistas consideram cada vez mais difícil manter limite de 1,5ºC estabelecido no Acordo de Paris.
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Pela primeira vez, a temperatura média global ficou acima de 2ºC em relação à média estimada para níveis da era pré-industrial, superando o limite estabelecido no Acordo de Paris.
O pacto mundial estabeleceu o objetivo de limitar o aquecimento do planeta a no máximo 2ºC em relação ao nível pré-industrial (período de referência de 1850 a 1900) até 2100, mas prevê esforços para que a temperatura média global não aumente mais do que 1,5ºC.
A marca de 2ºC foi superada na última sexta-feira (17/11) e foi divulgada nesta segunda pelo Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus (C3S), da União Europeia (UE). Segundo o Copernicus, na sexta-feira a temperatura média global foi 2,07°C acima da média da era pré-industrial.
O órgão ressaltou que, possivelmente, a tendência seguiu no sábado, informação que será confirmada nesta terça-feira. A previsão é de que meses de recordes de calor façam de 2023 o ano mais quente da história.
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Acordo de Paris
Com um aquecimento global médio superior a 1,5°C em comparação com a era pré-industrial, existe o risco de consequências extremas em muitas áreas, como o aumento de mortes causadas pelo calor, por exemplo.
Por isso, o Acordo de Paris diz que "vai perseguir esforços para limitar o aumento a 1,5 ºC", e reconhece que, assim, os riscos e impactos das mudanças climáticas seriam reduzidos.
O Acordo de Paris entrou em vigor em 2016. Se em alguns dias a temperatura ficar acima de 2ºC, isso não significa que o limite do pacto terá sido ultrapassado, uma vez que o acordo refere-se a uma média ao longo de três décadas.
O problema é que estudos divulgados nesta segunda-feira pela ONU e na semana passada mostram que o mundo está cada vez mais longe de atingir esse objetivo. Especialistas apelam, cada vez mais, para que os países diminuam drasticamente e de forma rápida suas emissões de gases de efeito estufa, para evitar grandes catástrofes climáticas, como ondas de calor violentas, super furacões e derretimento das calotas polares.
Atualmente, considera-se que o mundo está, em média, quase 1,2ºC mais quente em comparação com a era pré-industrial. Já o ano de 2023 está, segundo o Copernicus, 1,43ºC acima dessa marca.
Ano de recordes evidencia preocupação
O primeiro dia a exceder a meta de 2ºC faz parte de uma série de registros preocupantes deste ano: outubro foi o mês mais quente já registrado globalmente, assim como todos os meses anteriores desde junho, de acordo com o Copernicus.
Além desses registros oficiais, os cientistas afirmam que dados como a observação de anéis de árvores ou núcleos de gelo sugerem que as temperaturas observadas neste ano podem não ter precedentes na história da humanidade, sendo potencialmente as mais quentes em mais de 100 mil anos.
O Relatório Anual de Lacuna de Emissões 2023, divulgado nesta segunda-feira pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) mostra que, até o início de outubro, haviam sido registrados este ano 86 dias com temperaturas superiores a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais.
O mesmo informe relata que, se os países mantiverem apenas o que já está sendo feito, a média de temperatura global ficará 2,9 ºC mais quente até 2100, tornando algumas regiões inabitáveis.
le/rk (AFP, ots)
O poder de destruição da natureza
Água, vento, fogo ou gelo: grandes desastres naturais causam mortes por todo mundo, afetando a vida de milhões de pessoas. Confira algumas das catástrofes naturais registradas no último século.
Foto: Getty Images/AFP/J. Barret
Enchente na China em 1931 pode ter matado até 4 milhões de pessoas
Em 1931, a cheia dos rios Amarelo, Pérolas, Yangtzé e Huai devastou parte da China. A enchente, que durou de julho a novembro, inundou mais de 88 mil km² e deixou outros 21 mil km² parcialmente inundados. Não há registro exato do número de mortos, mas estima-se que de 1 milhão a 4 milhões de pessoas morreram em decorrência da tragédia e de seus efeitos secundários, como a fome.
Foto: picture-alliance/AP Images
Por falta de aviso à população, ciclone mata pelo menos 300 mil em Bangladesh
Em novembro de 1970, o Paquistão Oriental (atual Bangladesh) esteve no caminho do ciclone Bhola. Meteorologistas disseram ter previsto a tempestade, mas que não havia meios de comunicar o risco à população. Como resultado, ao menos 300 mil pessoas morreram – algumas estimativas chegam a meio milhão de mortes. Em 1991, Bangladesh foi atingido por outro ciclone, que deixou cerca de 138 mil mortos.
Foto: Getty Images
Terremoto acaba com cidade na China
A cidade industrial de Tangshan, na China, foi arrasada por um terremoto de magnitude 7,6 em 28 de julho de 1976. Em minutos, a cidade praticamente deixou de existir, com o colapso da maioria dos prédios. O abalo sísmico matou 242 mil pessoas, segundo o governo chinês – o recorde entre os terremotos ocorridos no século 20.
Foto: Imago/Xinhua
Erupção riscou cidade colombiana do mapa
O vulcão Nevado del Ruiz, na Cordilheira dos Andes, riscou do mapa a cidade de Armero, em 13 de novembro de 1985, na Colômbia. Uma erupção provocou um degelo, formando uma avalanche de lama e cinza vulcânica que atingiu um raio de 100 km, matando mais de 23 mil pessoas, entre elas, Omayra Sánchez, de 12 anos, que agonizou por 60 horas em frente às lentes do mundo todo sem possibilidade de resgate.
Foto: AP
Diretor de cinema e equipe soterrados por avalanche
Uma avalanche acima do povoado de Nizhny Karmadon, na Rússia, deixou 127 mortos em 20 de setembro de 2002 – entre eles o ator e diretor russo Serguei Bodrov Jr. e a equipe de 24 pessoas que filmavam no local no momento do desastre. Acredita-se que a tragédia tenha sido causada por um pedaço de uma geleira que se soltou das montanhas do Cáucaso e rolou em direção ao vilarejo.
Foto: AP
Mais de 230 mil mortes um dia depois do Natal
Em 26 de dezembro de 2004, um maremoto no Oceano Índico com intensidade 9.1 na escala Richter causou ondas de até 30 metros de altura, que devastaram regiões de 13 países, deixando quase dois milhões de desabrigados e ao menos 230 mil mortos. Somente na província indonésia de Acé morreram 170 mil pessoas.
Foto: Pornchai Kittiwongsakul/AFP/Getty Images
Furacão rompe barragens e deixa cidade debaixo da água nos EUA
Um dos furacões mais conhecidos da história dos Estados Unidos teve efeitos devastadores em Nova Orleans, na Luisiana. Ocorrido em 2005, o Katrina matou cerca de 1.800 pessoas, fez com que 250 mil perdessem suas casas e provocou danos estimados em cerca de 108 bilhões de dólares. Barragens se romperam, deixando 80% da cidade debaixo da água e arrancando até mesmo caixões das sepulturas.
Foto: AP
Ciclone devasta Myanmar e deixa pelo menos 140 mil mortos
O ciclone Nargis afetou, entre outros países, Índia, Sri Lanka, Laos, Bangladesh e, principalmente, Myanmar com sua fúria de categoria 4, em 2 de maio de 2008. Estatísticas apontam que 140 mil pessoas morreram, mas o número real pode ser próximo de um milhão de vítimas.
Foto: IFRC/dpa/picture alliance
Um terço da população afetada por terremoto no Haiti
Não bastasse ser o país mais pobre da América, em 12 de janeiro de 2010 um terremoto de magnitude 7 na escala Richter destruiu a capital do Haiti, Porto Príncipe, deixando cerca de 220 mil mortos e 1 milhão de desabrigados. Entre as vítimas estava a fundadora da Pastoral da Criança, Zilda Arns. Estima-se que 3 milhões de pessoas, quase um terço da população, tenham sido afetadas.
Foto: C. Somodevilla/Getty Images
Enxurrada e deslizamentos matam mais de 900 no Rio de Janeiro
O Brasil não costuma ser assolado por desastres naturais como terremotos e tsunamis. Porém, entre 11 e 12 de janeiro de 2011, uma sequência de chuvas fortes atingiu a região serrana do Rio de Janeiro, causando uma grande enxurrada e vários deslizamentos de terra, com soterramento de casas. O desastre provocou mais de 900 mortes em sete cidades e afetou mais de 300 mil pessoas.
Foto: AP
Tsunami provoca derretimento de reatores e acidente nuclear no Japão
Em 11 de março de 2011, um terremoto de magnitude 9 seguido de um tsunami causou danos devastadores no Japão. A catástrofe matou pelo menos 16 mil pessoas. Na usina nuclear de Fukushima, os núcleos de três dos seis reatores derreteram, causando o pior acidente atômico desde Chernobyl, em 1986. O tsunami fez com que quase 300 espécies marinhas viajassem através do Pacífico até o litoral dos EUA.
Foto: AP
Dezenas de mortos cercados pelo fogo em estrada de Portugal
Uma onda de calor causou vários incêndios em Portugal em junho de 2017. Ao menos 61 pessoas morreram e dezenas ficaram feridas em um deles, que atingiu a vila de Pedrógão Grande. Corpos de 30 pessoas foram encontrados dentro de veículos, em uma estrada que foi cercada pelo fogo. Mais de 800 bombeiros trabalharam para extinguir as chamas, com a ajuda de cinco aviões.
Foto: Reuters/R. Marchante
Onda de calor deixa 70 mil mortos na Europa
Embora os brasileiros estejam acostumas e preparados para temperaturas que frequentemente chegam a 40°C, a Europa não costumava, até alguns anos, enfrentar esse tipo de problema. Mas uma onda de calor atingiu o continente no verão de 2003, provocando a morte de cerca de 70 mil pessoas – na Alemanha foram 7 mil mortes. Na foto acima, o rio Reno em Düsseldorf.