Aquecimento global pode provocar milhares de suicídios
23 de julho de 2018
Estudo aponta ligação entre aumento de temperaturas e taxas de suicídio nos EUA e no México nas últimas décadas e prevê 40 mil mortes desse tipo nos dois países até 2050 se aquecimento global não for limitado.
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O aquecimento do planeta pode provocar dezenas de milhares de suicídios nos Estados Unidos e no México até 2050, a menos que as mudanças climáticas sejam combatidas, apontou um estudo divulgado nesta segunda-feira (23/07).
Pesquisadores examinaram dados de temperaturas colhidos durante décadas e os compararam com taxas de suicídio em condados dos EUA e em municípios do México e descobriram que o clima mais quente está ligado ao aumento de mortes por suicídio.
"Temperaturas mais quentes não são o único, nem o mais importante fator de risco para o suicídio”, apontou Marshall Burke, um economista da Universidade de Stanford que coordenou o estudo.
"Mas nossas descobertas sugerem que o aquecimento pode ter um impacto surpreendentemente grande no risco de suicídio. E isso tem importância tanto para nossa compreensão da saúde mental como para o que nós devemos esperar se as temperaturas continuarem a aumentar", disse ele.
De acordo com a análise, o aumento de um grau Celsius na temperatura média mensal provocou um aumento de 0,7% nas taxas de suicídio nos Estados Unidos e de 2,1% no México.
O estudo, publicado na revista Nature Climate Change, também analisou a linguagem usada em mais de meio bilhão de publicações em redes sociais e concluiu que as taxas de suicídio e textos em linguagem depressiva aumentaram em períodos de temperaturas elevadas.
Segundo uma projeção do estudo, se o aquecimento global não for limitado até 2050, podem ocorrer entre 9 mil e 40 mil suicídios adicionais nos dois países.
As taxas de suicídio aumentaram em quase todos os estados dos EUA entre 1999 e 2016. Em metade dos 50 Estados americanos, a taxa subiu mais de 30%, segundo um relatório divulgado em junho pelo Centros de Controle e Prevenção de Doenças.
Quase 45 mil pessoas se suicidaram em 2016, e a prática hoje é a décima maior causa de morte nos Estados Unidos e uma das três que mais vêm crescendo, juntamente com o mal de Alzheimer e a overdoses de drogas.
"Quando se fala de mudanças climáticas, muitas vezes é fácil pensar em abstrações", disse Burke. "Mas os milhares de suicídios adicionais que provavelmente ocorrem como resultado de mudanças climáticas não são apenas número, eles representam perdas trágicas para famílias de todo o país."
Os últimos três anos foram os mais quentes já registrados, apontou em março a Organização Meteorológica Mundial, uma agência das Nações Unidas. Em uma onda de calor em maio deste ano, mais de 60 pessoas morreram em Karachi, no Paquistão, quando a temperatura ultrapassou os 40 °C.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que o estresse provocado pelo calor ligado às mudanças climáticas deve causar 38 mil mortes adicionais por ano em todo o mundo entre 2030 e 2050.
Em 2015, os países que assinaram o Acordo de Paris se comprometeram a limitar o aumento da temperatura a 2 ºC em relação aos níveis da era pré-industrial e a "prosseguir com os esforços para limitar o aumento da temperatura a 1,5 ºC".
Em 2017, o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou a retirada de seu país do acordo. Segundo um dos artigos do pacto, o país só poderá fazer isso em novembro de 2020. Até o momento, os EUA foram o único país a manifestar a intenção de abandonar o Acordo de Paris.
Forte onda de calor e escassez de chuvas causam enormes transtornos no país. Previsão é que os termômetros cheguem a 37 ºC nesta semana.
Foto: picture-alliance/dpa/B. Marks
Apelo de prefeituras
A falta de chuva neste verão na Alemanha está mudando a paisagem, tanto urbana quanto rural. Em algumas cidades, a grama dos parques está amarelada, e as árvores, ameaçadas. Algumas prefeituras inclusive estão apelando para que os moradores ajudem a regar locais públicos.
Foto: picture-alliance/dpa/C. Völker
Seca incomum
Enquanto em algumas áreas isoladas chuvas torrenciais provocaram destruição, no nordeste da Alemanha quase não choveu nos últimos meses. O Serviço Alemão de Meteorologia informa que o estado de Saxônia-Anhalt teve 15 litros de chuva por m2, cerca de um quarto da média. Em toda a Alemanha, caíram apenas 50 litros de chuva por m2, metade do valor normal.
Foto: picture-alliance/dpa/R. Hirschberger
Alerta de incêndio
O perigo de incêndios florestais é extremamente alto em todo o país. A ameaça maior é no estado de Brandemburgo, onde já houve mais de 100 focos de fogo nas últimas semanas. As autoridades informaram que 90% dos incêndios foram causados por humanos. Na foto, uma placa adverte para o alto risco de incêndio em Bad Düben, na Saxônia.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Woitas
Estresse para bombeiros
Quarenta bombeiros levaram 13 horas para debelar o fogo em campo de cereais em Brandemburgo. Em Rostock (foto), um incêndio foi causado por um pássaro. A polícia disse que o animal provocou um curto-circuito num cabo de eletricidade, que então incendiou um campo próximo.
Foto: picture-alliance/dpa/D. Gohlke
Falta de água
O grande número de incêndios causou escassez de água, e os bombeiros de Saxônia-Anhalt tiveram de ser criativos na busca por novos recursos. Esta guarnição acabou abastecendo o caminhão em uma piscina.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Woitas
Colheita antecipada
O clima excepcionalmente seco obrigou muitos agricultores a colher bem mais cedo. Segundo a Associação Alemã de Agricultores, até abril estava muito quente e seco. Por isso, o trigo amadureceu muito mais rápido do que o esperado. Mas a falta de chuva causou um baixo rendimento, e, ao mesmo tempo, chuvas torrenciais repentinas causaram destruição nas plantações.
Foto: picture-alliance/dpa/P. Pleul
Agricultores temem consequências financeiras
Batatas, beterraba e milho geralmente são colhidos no outono na Europa, por se tratarem de plantas que exigem muito mais água do que trigo e colza. Devido à seca, os pés de milho estão sofrendo. O presidente da Associação Alemã de Agricultores, Joachim Rukwied, adverte que a estiagem causará problemas financeiros a muitos produtores.
Foto: picture-alliance/dpa/P. Pleul
Estiagem nos campos
Os animais criados soltos são atingidos não só pela água escassa, mas pela falta de pasto verde, como na foto, perto de Schönebeck, no leste alemão. Os campos, normalmente verdes e exuberantes, estão tão secos que se assemelham a uma paisagem de estepe.
Foto: picture-alliance/dpa/P. Förster
Rios baixos
A falta de chuva traz consequências também para o transporte fluvial. No Reno e em outros rios, navios de carga não podem mais transitar com carga total. Na foto, o rio Oder, na fronteira entre Alemanha e Polônia, está tão baixo que mostra seus bancos de areia.
Foto: picture-alliance/dpa/P. Pleul
Sequelas do aquecimento global
A pouca chuva que caiu nos últimos meses foi distribuída de forma muito irregular. Enquanto o serviço alemão de meteorologia adverte que nesta semana a temperatura no país pode atingir os 37 ºC, em áreas isoladas, chuvas torrenciais vêm causando alagamentos e destruição, como neste domingo no circuito de Hockenheim, onde um túnel sob a pista de Fórmula 1 foi inundado.