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Arábia Saudita barra parcialmente compra de frango do Brasil

23 de janeiro de 2019

País suspende importações de cinco frigoríficos alegando critérios técnicos. Decisão pode ser recado do maior comprador de frango brasileiro para Bolsonaro, que quer transferir embaixada em Israel para Jerusalém.

Frigorífico da BRF em Rio Verde, Goiás
Arábia Saudita é maior compradora de frango brasileiroFoto: Reuters/N. Doce

A Arábia Saudita suspendeu as importações de carne de frango de cinco frigoríficos brasileiros, entre eles unidades de JBS e BRF, anunciou nesta terça-feira (22/01) a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). O país é o maior comprador de frango do Brasil.

Segundo a ABPA, com a decisão, se reduziu de 30 para 25 o número de unidades com autorização para exportar para a Arábia Saudita. A medida foi tomada com base em critérios técnicos, disse a associação, sem detalhar quais seriam.

A ABPA destacou que, embora o Brasil conte com 58 frigoríficos habilitados para exportar para a Arábia Saudita, "somente 30 estavam embarcando produtos efetivamente".

"As razões informadas para a não autorização das demais plantas habilitadas decorrem de critérios técnicos e, portanto, planos de ação corretiva estão em implementação para a retomada das autorizações", acrescentou a ABPA.

O Ministério da Agricultura não comentou diretamente a suspensão, mas afirmou ter tomado conhecimento de uma decisão da Arábia Saudita que autoriza "25 estabelecimentos brasileiros como exportadores de carne de frango para esse país".

Segundo o ministério, a aprovação de tais unidades é resultado de uma missão que o país árabe enviou ao Brasil em outubro de 2018, quando "foram visitados frigoríficos, fazendas e fábricas".

A pasta também afirmou que as 25 unidades autorizadas foram responsáveis, em 2018, por 63% do volume das exportações de carne de frango à Arábia Saudita, o que representa a venda de um total de 437 mil toneladas.

A decisão saudita foi tomada após o presidente Jair Bolsonaro expressar a intenção de transferir a embaixada brasileira em Israel para Jerusalém, seguindo o exemplo do presidente dos EUA, Donald Trump, e pode ser um recado para o governo.

A embaixada brasileira em Israel fica atualmente em Tel Aviv, internacionalmente reconhecida como capital israelense. Uma transferência para Jerusalém poderia ser interpretada como um reconhecimento desta cidade como capital do país, irritando palestinos e o mundo árabe.

A Liga Árabe chegou a enviar uma carta a Bolsonaro alertando que a transferência poderia prejudicar as relações brasileiras com os países árabes.

A Liga Árabe representa um valioso mercado para exportações brasileiras. O Brasil registrou um superávit de 7,1 bilhões de dólares em transações com os 22 países do bloco árabe, enquanto computou, por exemplo, um déficit de 419 milhões de dólares em negociações com Israel.

O Brasil é um dos maiores exportadores de carne halal do mundo – carne preparada conforme prescrito pela lei muçulmana. 

CN/efe/ots

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