Membro do governo afirma esperar "impaciente" criação de canal que separaria país vizinho da Península Árabe. Mensagem parece confirmar notícias veiculadas há meses e criticadas como tática para intimidar Doha.
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Uma autoridade saudita insinuou nesta sexta-feira (31/08) que seu país está avançando com um plano para construir um canal que transformaria a península vizinha do Catar em uma ilha. A afirmação é feita em meio a uma disputa diplomática entre as nações do Golfo.
"Como cidadão, estou aguardando impacientemente detalhes sobre a implementação do projeto da ilha de Salwa, um grande e histórico projeto, que mudará a geografia da região", afirmou no Twitter Saud Al Qahtani, assessor do príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman.
As autoridades sauditas não responderam aos pedidos de comentários e não houve reação imediata do Catar sobre o plano.
Qahtani tem mencionado o projeto no Twitter nos últimos meses, mas sua mensagem de sexta-feira foi a referência mais clara a uma iniciativa que críticos não consideram um plano sério, mas uma tática de relações públicas destinadas a intimidar o Catar.
O plano, que separaria fisicamente a península do Catar da parte continental da Arábia Saudita, é o mais recente ponto de tensão em uma disputa de 14 meses entre os dois Estados.
Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Egito cortaram laços diplomáticos e comerciais com o Catar em junho de 2017, acusando o país de apoiar o terrorismo e de ajudar o Irã – acusações que Doha rejeita.
Em abril, surgiram as primeiras notícias sobre o projeto no site de notícias pró-governo Sabq. Fontes anônimas afirmaram que os planos do governo são construir um canal – de 60 quilômetros de extensão, 200 metros de largura e 20 metros de profundidade – que percorreria toda a extensão da fronteira do reino com o Catar.
Parte do canal, que custaria até 2,8 bilhões de riais (750 milhões de dólares), seria reservada a uma base militar e à instalação de um depósito de resíduos nucleares.
Cinco empresas especializadas em cavar canais foram convidadas a participar de uma concorrência para realização do projeto e o vencedor será anunciado em setembro, afirmou em junho o jornal Makkah Newspaper.
Depois que a crise começou no ano passado, o Catar – uma pequena nação peninsular – teve sua única fronteira terrestre fechada, sua companhia aérea estatal proibida de usar o espaço aéreo de seus vizinhos, e cidadãos do Catar foram expulsos dos países vizinhos.
Os esforços de mediação liderados pelo Kuwait e pelos Estados Unidos, que têm no Catar sua maior base aérea no Oriente Médio, não conseguiram resolver a disputa.
MD/afp/rtr
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O lento avanço dos direitos das mulheres na Arábia Saudita
Em 2018, país passou a permitir que mulheres obtenham carteira de motorista e dirijam sem serem acompanhadas por um tutor do sexo masculino. Conheça outras conquistas femininas na nação islâmica nas últimas décadas.
Foto: Getty Images/F.Nureldine
Escola em 1955; universidade só em 1970
As meninas nem sempre puderam frequentar escolas na Arábia Saudita. Só a partir de 1955 foi permitida a matrícula de garotas na primeira escola para meninas, Dar Al Hanan. Já a Riyadh College of Education, primeira instituição de ensino superior para mulheres, foi aberta em 1970.
Foto: Getty Images/AFP/F. Nureldine
2001: Carteira de identidade
Em 2001 foi permitido às mulheres sauditas terem carteira de identidade, para poderem provar quem são, por exemplo, em questões de herança ou de propriedade. Mas a identificação só podia ser feita com a permissão do guardião dela e era entregue a ele, em vez de diretamente à mulher. Só em 2006 as sauditas passaram a receber carteiras de identidade sem precisar da permissão do responsável por elas.
Foto: Getty Images/J. Pix
2005: Fim do casamento forçado – só no papel
Embora a Arábia Saudita tenha acabado com os casamentos forçados em 2005, eles continuam sendo negociados pelo noivo com o pai da noiva, e não com ela.
Foto: Getty Images/A.Hilabi
2009: Mulher em ministério
Em 2009, o rei Abdullah nomeou Noura al Fayez vice-ministra da Educação. A primeira mulher em um ministério saudita é encarregada de assuntos para mulheres.
Foto: Foreign and Commonwealth Office
2012: primeiras atletas olímpicas
A Arábia Saudita permitiu em 2012 que atletas do sexo feminino competissem pela equipe nacional nos Jogos Olímpicos. Uma delas foi Sarah Attar, que correu a prova de 800 metros em Londres usando uma touca. Antes dos Jogos, houve especulações de que a equipe saudita poderia ser banida por discriminação de gênero se não permitisse que as mulheres participassem.
Foto: picture alliance/dpa/J.-G.Mabanglo
2013: Mulher pode andar de sobre duas rodas
Em 2013 foi permitido às mulheres na Arábia Saudita andar de bicicleta e moto – mas apenas em áreas de lazer e desde que completamente cobertas por roupas islâmicas e acompanhadas por um parente do sexo masculino.
Foto: Getty Images/AFP
2013: Mulheres no Conselho Consultivo
Em fevereiro de 2013, o rei Abdullah indicou 30 mulheres para o Conselho Consultivo, ou Shura. A nomeação de mulheres para o conselho, que costuma ser composto apenas por homens, marcou um momento histórico. O órgão aconselha o rei em questões de política e legislação. Pouco tempo depois, mulheres receberam a permissão de se candidatar ao cargo.
Foto: REUTERS/Saudi TV/Handout
2015: Mulheres em eleições municipais
Nas eleições municipais de 2015 na Arábia Saudita, as mulheres puderam se candidatar e votar pela primeira vez. Apenas para comparar: a Nova Zelândia foi o primeiro país a permitir o voto feminino já em 1893. A Alemanha fez isso em 1919. Na votação saudita de 2015, 20 mulheres foram eleitas para cargos em nível municipal.
Foto: picture-alliance/AP Photo/A. Batrawy
2017: Mulher na Bolsa de Valores
Em fevereiro de 2017, a Bolsa de Valores saudita nomeou a primeira presidente mulher em sua história: Sarah Al Suhaimi.
Foto: pictur- alliance/abaca/Balkis Press
2018: Mulheres na direção (de carros)
Em 26 de setembro de 2017, a Arábia Saudita anunciou que a partir de junho de 2018 as mulheres não precisariam mais da permissão de seu tutor do sexo masculino para obter uma carteira de motorista e não seria mais necessário que seu guardião as acompanhasse no veículo.