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Arábia Saudita inicia julgamento de mulheres ativistas

13 de março de 2019

Entre as julgadas está Loujain al-Hahtloul, que ganhou notoriedade por lutar contra a proibição de dirigir para mulheres sauditas. Além de ser impedida de consultar advogado, ela teria sofrido abuso e tortura na prisão.

Ativista saudita Loujain al-Hathloul
A ativista Loujain al-Hathloul ganhou fama ao ser impedida de entrar na Arábia Saudita de carroFoto: Reuters/ Amnesty International/M. Wijntjes

Começou nesta quarta-feira (13/03), em Riad, o julgamento de dez mulheres sauditas, detidas no ano passado numa onda de repressão a ativistas de direitos civis no país. Jornalistas e diplomatas foram impedidos de entrar no tribunal.

Entre as julgadas está a proeminente ativista Loujain al-Hathloul, que foi impedida de consultar um advogado ou até mesmo tomar conhecimento previamente das acusações.

Hathloul é conhecida por fazer campanha contra a proibição de dirigir para mulheres e contra o sistema patriarcal de tutela na Arábia Saudita. Ela ganhou notoriedade em 2014, quando tentou entrar de carro na Arábia Saudita vindo dos Emirados Árabes Unidos.

Segundo sua família, Hathloul não tem acesso a um advogado – e horas antes do início do julgamento, as autoridades sauditas mudaram o local da sessão, transferindo-a de um tribunal de terrorismo para um tribunal criminal.

Enquanto esteve sob custódia, Hathloul sofreu agressões sexuais e tortura, segundo afirmações de organizações de direitos humanos. Na terça-feira, a Anistia Internacional pediu ao governo saudita que a "liberte imediatamente" e alegou que Hathloul não tinha feito nada de errado.

"Ela está detida há meses por seu ativismo pacífico e, possivelmente, sujeita a agressão sexual e tortura", disse a Anistia. No Twitter, o irmão Walid disse que sua família ainda não foi informada das acusações enfrentadas por Hathloul.

A ativista foi presa semanas antes de o governo saudita ter acabado com a proibição de mulheres dirigirem. Até então, a Arábia Saudita era o único país do mundo que proibia mulheres de possuir uma carteira de habilitação.

A suspensão da proibição foi parte de uma série de reformas prometidas pelo príncipe herdeiro Mohammed bin Salman. As reformas, que incluíam permitir que mulheres abrissem seus próprios negócios sem o consentimento de um parente do sexo masculino, foram duramente criticadas por certas esferas da sociedade saudita. Os clérigos ultraconservadores, por exemplo, alertaram que tais reformas "corrompem a sociedade".

Outrora saudado como um reformador pró-Ocidente, o príncipe herdeiro caiu em desgraça na comunidade internacional por seu suposto envolvimento no assassinato do jornalista saudita Jamal Khashoggi, que trabalhava para o jornal americano Washington Post e era crítico de Bin Salman.

As demais ativistas julgadas além de Hathloul também foram mantidas presas por cerca de um ano sem saberem do que eram acusadas. O julgamento começa num momento em que o governo saudita tenta abafar críticas internacionais devido ao assassinato de Khashoggi.

PV/afp/rtr

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