Torcedoras podem comparecer a jogo de futebol, mas só podem frequentar eventos acompanhadas e ocupar lugares em blocos destinados a "famílias". Mais outras duas partidas com presença feminina são previstas.
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Pela primeira vez na história, mulheres foram autorizadas nesta sexta-feira (12/01) a assistir a um jogo de futebol na Arábia Saudita. A mídia local mostrou fotos de mulheres nas arquibancadas de um estádio em Jeddah, com lenços listrados no pescoço e com longos casacos pretos.
A autoridade responsável por esportes saudita anunciara anteriormente que um total de três estádios foram preparados para receber visitas de famílias.
A visita de estádios era proibida na Arábia Saudita para torcedoras do sexo feminino. Uma primeira exceção foi feita em setembro, quando mulheres, acompanhadas de suas famílias, puderam assistir a um jogo no dia nacional do país.
Direitos das mulheres na Arábia Saudita
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Em vídeos divulgados na internet pouco antes do início da partida da primeira divisão entre os times Al-Ahli e Al-Batin é possível ver as arquibancadas do estádio Rei Abdullah se enchendo aos poucos . Outro vídeo mostra homens e mulheres torcendo durante a partida.
De acordo com a autoridade esportiva saudita, foram reservados 14 mil dos 62 mil assentos "para famílias" naquele estádio. Os lugares ”para famílias” são localizados em determinados blocos, e as mulheres só podem entrar no lugar acompanhadas. O jornal saudita Okaz escreveu que pelo menos 1.200 entradas para famílias foram vendidas.
Nos próximos dias, mulheres também poderão assistir mais duas partidas, na capital, Riad, e em Dammam, no leste do país.
A abertura de estádios para mulheres faz parte de uma série de reformas sociais no país islâmico-conservador. No ano passado, a casa real anunciou que a partir de junho, mulheres também poderão dirigir. O país é o único no mundo que proíbe mulheres de conduzir veículos.
A Arábia Saudita também cancelou a proibição dos cinemas depois de mais de 35 anos. As mudanças sociais são consideradas parte de uma chamada Vision 2030, com a qual a família real deseja reformar e modernizar a sociedade e a economia. O país quer, sobretudo, ficar mais independente economicamente do petróleo.
Nas redes sociais, as mulheres saudaram a medida. "Isso é mais que um direito das mulheres ", escreveu o embaixador saudita nos EUA, Fatimah Baeshen, no Twitter, acrescentando que a medida possibilita que famílias se reúnam e desfrutem o futebol saudita, que é uma paixão nacional.
Houve também críticas de meios mais conservadores, que argumentaram que estádios de futebol não são lugar para mulheres e que chamaram a liberação de "demoníaca” e prejudicial à religião e à cultura do país.
MD/dpa/sid
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O lento avanço dos direitos das mulheres na Arábia Saudita
Em 2018, país passou a permitir que mulheres obtenham carteira de motorista e dirijam sem serem acompanhadas por um tutor do sexo masculino. Conheça outras conquistas femininas na nação islâmica nas últimas décadas.
Foto: Getty Images/F.Nureldine
Escola em 1955; universidade só em 1970
As meninas nem sempre puderam frequentar escolas na Arábia Saudita. Só a partir de 1955 foi permitida a matrícula de garotas na primeira escola para meninas, Dar Al Hanan. Já a Riyadh College of Education, primeira instituição de ensino superior para mulheres, foi aberta em 1970.
Foto: Getty Images/AFP/F. Nureldine
2001: Carteira de identidade
Em 2001 foi permitido às mulheres sauditas terem carteira de identidade, para poderem provar quem são, por exemplo, em questões de herança ou de propriedade. Mas a identificação só podia ser feita com a permissão do guardião dela e era entregue a ele, em vez de diretamente à mulher. Só em 2006 as sauditas passaram a receber carteiras de identidade sem precisar da permissão do responsável por elas.
Foto: Getty Images/J. Pix
2005: Fim do casamento forçado – só no papel
Embora a Arábia Saudita tenha acabado com os casamentos forçados em 2005, eles continuam sendo negociados pelo noivo com o pai da noiva, e não com ela.
Foto: Getty Images/A.Hilabi
2009: Mulher em ministério
Em 2009, o rei Abdullah nomeou Noura al Fayez vice-ministra da Educação. A primeira mulher em um ministério saudita é encarregada de assuntos para mulheres.
Foto: Foreign and Commonwealth Office
2012: primeiras atletas olímpicas
A Arábia Saudita permitiu em 2012 que atletas do sexo feminino competissem pela equipe nacional nos Jogos Olímpicos. Uma delas foi Sarah Attar, que correu a prova de 800 metros em Londres usando uma touca. Antes dos Jogos, houve especulações de que a equipe saudita poderia ser banida por discriminação de gênero se não permitisse que as mulheres participassem.
Foto: picture alliance/dpa/J.-G.Mabanglo
2013: Mulher pode andar de sobre duas rodas
Em 2013 foi permitido às mulheres na Arábia Saudita andar de bicicleta e moto – mas apenas em áreas de lazer e desde que completamente cobertas por roupas islâmicas e acompanhadas por um parente do sexo masculino.
Foto: Getty Images/AFP
2013: Mulheres no Conselho Consultivo
Em fevereiro de 2013, o rei Abdullah indicou 30 mulheres para o Conselho Consultivo, ou Shura. A nomeação de mulheres para o conselho, que costuma ser composto apenas por homens, marcou um momento histórico. O órgão aconselha o rei em questões de política e legislação. Pouco tempo depois, mulheres receberam a permissão de se candidatar ao cargo.
Foto: REUTERS/Saudi TV/Handout
2015: Mulheres em eleições municipais
Nas eleições municipais de 2015 na Arábia Saudita, as mulheres puderam se candidatar e votar pela primeira vez. Apenas para comparar: a Nova Zelândia foi o primeiro país a permitir o voto feminino já em 1893. A Alemanha fez isso em 1919. Na votação saudita de 2015, 20 mulheres foram eleitas para cargos em nível municipal.
Foto: picture-alliance/AP Photo/A. Batrawy
2017: Mulher na Bolsa de Valores
Em fevereiro de 2017, a Bolsa de Valores saudita nomeou a primeira presidente mulher em sua história: Sarah Al Suhaimi.
Foto: pictur- alliance/abaca/Balkis Press
2018: Mulheres na direção (de carros)
Em 26 de setembro de 2017, a Arábia Saudita anunciou que a partir de junho de 2018 as mulheres não precisariam mais da permissão de seu tutor do sexo masculino para obter uma carteira de motorista e não seria mais necessário que seu guardião as acompanhasse no veículo.