Arábia Saudita oferece envio de tropas terrestres à Síria
4 de fevereiro de 2016
General saudita diz que país está disposto a integrar qualquer operação terrestre estipulada pela aliança militar liderada pelos EUA. Ele afirma que é preciso "um misto de ações aéreas e terrestres" para derrotar o EI.
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A Arábia Saudita está disposta a integrar qualquer ação terrestre que a aliança militar liderada pelos Estados Unidos decidir realizar na Síria contra o grupo extremista "Estado Islâmico" (EI), comunicou nesta quinta-feira (04/02) um general saudita.
"Se houver vontade da coalizão para uma operação terrestre, vamos contribuir de forma positiva", afirmou o brigadeiro-general Ahmed al-Asiri à agência de notícias AFP. O militar saudita acrescentou que o país já realizou cerca de 200 missões aéreas no combate ao EI na Síria. "Acreditamos que operações aéreas não sejam a solução ideal. É preciso haver um misto de operações aéreas e terrestres", alegou.
A Arábia Saudita integra desde o final de 2014 a coalizão militar liderada pelos EUA, que vem bombardeando as posições do grupo jihadista, que controla grandes partes do território da Síria e do Iraque.
Asiri é também o porta-voz de uma coalizão militar árabe, que realiza, desde março, ataques aéreos e operações terrestres no Iêmen contra rebeldes houthis. Estes se apoderaram de partes importantes do país e contam com o apoio do Irã.
Teerã é também um notório aliado do regime do presidente sírio, Bashar al-Assad, que se confronta com uma insurgência há cinco anos, parte dela apoiada pelos sauditas. A guerra civil na Síria é responsável pela morte de mais de 260 mil pessoas e forçou a fuga de aproximadamente 10 milhões de síirios.
Nesta quinta-feira, potências mundiais prometeram mais de 10 bilhões de dólares de ajuda aos sírios atingidos pelo conflito. Os países doadores injetarão os recursos em projetos que visam fornecer alimentação, educação e oportunidades de emprego a sírios, dentro da Síria e nos países vizinhos para onde muitos fugiram.
PV/lusa/ap/rtr/afp
A guerra civil na Síria antes do EI
O "Estado Islâmico" inflamou o debate sobre como pôr fim à guerra civil síria. Contudo o grupo só emergiu mais tarde no conflito. Confira alguns momentos dessa guerra que abriram espaço para o avanço dos jihadistas.
Foto: AP
Março de 2011
Enquanto regimes ruem por todo o Oriente Médio, dezenas de milhares de sírios vão às ruas para protestar contra a corrupção, o desemprego elevado e a alta dos preços dos alimentos. O governo da Síria responde com armas de fogo. Até maio, cerca de 400 vidas são ceifadas.
Foto: dapd
Maio de 2011
Sob insistência dos países ocidentais, o Conselho de Segurança da ONU condena a repressão violenta. Nos meses seguintes, os Estados Unidos e a União Europeia impõem embargo de armas, recusa de vistos e congelamento de bens. Com apoio da Liga Árabe, aumenta a pressão para a saída do presidente sírio Bashar al-Assad – embora sem o aval de todos os países-membros da ONU.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Szenes
Agosto de 2011
Em 1970 um golpe pusera Hafez al-Assad no poder. Após sua morte, em 2000, o filho Bashar (à dir.) assume a liderança. De início tido como reformista, ele perde apoio ao manter o estado de emergência que há décadas restringe as liberdades políticas, permitindo vigilância e interrogatórios. Assad tem respaldo da Rússia, que lhe fornece armas e repetidamente veta as resoluções da ONU sobre a Síria.
Foto: picture-alliance/dpa/Stringer/Ap/Pool
Dezembro de 2011
A ONU e outras organizações têm provas de violação dos direitos humanos na Síria. Civis e militares desertores começam a se organizar lentamente para combater as forças do governo, que vêm atacando os dissidentes. Até o fim de 2011, essa luta causa mais de 5 mil mortes. Mesmo assim, ainda transcorrem seis meses até a ONU reconhecer que o país está em guerra.
Foto: Reuters/Goran Tomasevic
Setembro de 2012
O Irã finalmente confirma que tem combatentes em solo sírio, fato que Damasco negava há tempos. A presença de tropas aliadas acentua a hesitação dos Estados Unidos e de outras potências ocidentais em intervir no conflito. Os EUA, marcados pelas intervenções fracassadas no Afeganistão e no Iraque, propõem o diálogo como única solução sensata.
Foto: AP
Março de 2013
As mortes beiram 100 mil, e o total de refugiados em países vizinhos como a Turquia e a Jordânia atinge 1 milhão – número que duplicaria até setembro. Em dois anos de guerra, o Ocidente e a Liga Árabe veem fracassar todas as tentativas de um governo de transição, enquanto o conflito transborda para a Turquia e o Líbano. O pior temor é de que Assad se mantenha no poder a todo custo.
Foto: Reuters/B. Khabieh
Abril de 2013
Há muito Assad alega estar combatendo terroristas. Mas só no segundo ano de guerra se confirma que o Exército Livre Sírio inclui extremistas radicais. O grupo Frente al-Nusra declara apoio à Al Qaeda, fragmentando ainda mais a oposição.
Foto: Reuters/A. Abdullah
Junho de 2013
A Casa Branca afirma ter provas de que Assad está atacando civis com o gás tóxico sarin. Mais tarde a informação é corroborada pela ONU. A partir da revelação, o presidente dos EUA, Barack Obama, e outros líderes ocidentais passam a considerar uma intervenção militar. No entanto a proposta da Rússia para que se retirem as armas químicas da Síria acaba por se impor.
Foto: Reuters
Janeiro de 2014
Ao fim de 2013 surgem relatos sobre um novo grupo autodenominado Estado Islâmico do Iraque e do Levante – o futuro EI. Ao tomar terras no norte da Síria e também no Iraque, os jihadistas despertam lutas internas na oposição, causando 500 mortes até o início de janeiro. Esse terceiro e inesperado fator levaria os EUA, França, Arábia Saudita e outras nações à intervir na guerra em meados do ano.