Arábia Saudita prende príncipes e ministros por corrupção
5 de novembro de 2017
Detenções são ordenadas por comitê anticorrupção, que é dirigido pelo príncipe herdeiro, Mohammed bin Salman, e foi criado horas antes pelo rei saudita. Entre os detidos está o homem mais rico do mundo árabe.
Anúncio
Pelo menos 11 príncipes, quatro ministros e dezenas de ex-ministros foram detidos na Arábia Saudita por ordem de um comitê anticorrupção criado horas antes pelo rei Salman bin Abdulaziz al-Saud, noticiou a cadeia de televisão Al Arabiya neste sábado (04/11).
O comitê anticorrupção, dirigido pelo príncipe herdeiro, Mohammed bin Salman, tem como missão investigar casos de corrupção detectados no reino, afirmou a agência oficial SPA antes das detenções. O novo organismo tem o poder de emitir ordens de detenção e de proibição de viajar para o exterior, além de poder congelar bens dos investigados e adotar outras medidas preventivas ainda antes de os casos chegarem a um tribunal.
Segundo fontes citadas pela Al Arabiya, baseada no Dubai, o comitê reabriu a investigação de dois casos de corrupção relacionados com as inundações que ocorreram na cidade de Jidá em 2009 e com o surto de coronavírus, que matou cerca de 500 pessoas entre 2012 e 2015.
Ao mesmo tempo que criava o novo comitê anticorrupção, o rei Salman anunciava alterações significativas nas autoridades do reino, com as destituições do chefe da Guarda Nacional, do comandante da Armada e do ministro da Economia. Nenhuma fonte oficial explicou se essas destituições estão relacionadas com as investigações de corrupção.
O príncipe Miteb bin Abdullah foi substituído por Khaled Bin Ayyaf como chefe da Guarda Nacional, uma força de segurança interna de elite. O príncipe Miteb é filho do falecido rei Abdullah e o último membro restante desse ramo da família real que ainda ocupava uma posição de poder de primeiro escalão.
O príncipe Miteb era considerado um possível candidato ao trono antes da rápida ascensão do príncipe Mohammed, filho do rei Salman, de 81 anos, e hoje considerado o governante de facto do país. Com os novos acontecimentos, ele consolida ainda mais o seu poder.
Os suspeitos presos não foram identificados, mas incluem quatro ministros atuais. Entre os detidos por corrupção está o bilionário príncipe Al-Waleed bin Talal, neto do fundador do Estado, Ibn Saud, e, segundo a revista Forbes, o homem mais rico do mundo árabe, com fortuna equivalente a cerca de 16 bilhões de euros.
Ele é dono de investimentos no Twitter, na Apple, no Citigroup, na News Corporation, de Rupert Murdoch, na cadeia hoteleira Four Seasons e, mais recentemente, na Lyft. Também é conhecido por ser dos membros da realeza saudita mais frontais, defendendo a ampliação dos direitos para as mulheres. É também o acionista maioritário do popular Grupo Rotana de canais árabes.
MD/lusa/efe
----------------
A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas. Siga-nos noFacebook | Twitter | YouTube | WhatsApp | App
A corrupção através da história do Brasil
História do país é marcada por episódios de corrupção. Uma seleção com alguns dos mais emblemáticos.
Foto: Reuters/P. Whitaker
As origens
A colonização do Brasil foi baseada na concessão de cargos, caracterizada pelo patrimonialismo (ausência de distinção entre o bem público e privado) e o clientelismo (favorecimento de indivíduos com base nos laços familiares e de amizade). Apesar de mudanças no sistema político, essas características se perpetuaram ao longo dos séculos.
Foto: Gemeinfrei
Roubo das joias da Coroa
Em março de 1882, todas as joias da Imperatriz Teresa Cristina e da Princesa Isabel foram roubadas do Palácio de São Cristóvão. O roubo levou a oposição a acusar o governo imperial de omissão, pois as joias eram patrimônio público. O principal suspeito, Manuel de Paiva, funcionário e alcoviteiro de Dom Pedro 2º, escapou da punição com a proteção do imperador. O caso ajudou na queda da monarquia.
Foto: Gemeinfrei
A República e o voto do cabresto
Em 1881 foi introduzido no país o voto direto, porém, a maioria da população era privada desse direito. Na época, podiam votar apenas homens com determinada renda mínima e alfabetizados. Durante a Primeira República (1889 – 1930), institucionaliza-se no Brasil o voto do cabresto, ou seja, o controle do voto por coronéis que determinavam o candidato que seria eleito pela população.
Foto: Gemeinfrei
Mar de lama
Até década de 1930, a corrupção era percebida comu um vício do sistema. A partir de 1945, a corrupção individual aparece como problema. Várias denúncias de corrupção surgiram no segundo governo de Getúlio Vargas. O presidente foi acusado de ter criado um mar de lama no Catete.
Foto: Imago/United Archives International
Rouba mas faz
Engana-se quem pensa que Paulo Maluf é o criador do bordão "rouba mas faz". A expressão foi atribuída pela primeira vez a Adhemar de Barros (de bigode, atrás de Getúlio), governador de São Paulo por dois mandatos nas décadas de 1940 e 1960. O político ganhou fama por realizar grandes obras públicas, e nem mesmo as acusações constantes de corrupção contra ele lhe impediram de ganhar eleições.
Foto: Wikipedia/Gemeinfrei/DIP
Varrer a corrupção
Em 1960, o candidato à presidência da República Jânio Quadros conquistou a maior votação já obtida no país para o cargo desde a proclamação da República. O combate à corrupção foi a maior arma do político na campanha eleitoral, simbolizado pela vassoura. Com a promessa de varrer a corrupção da administração pública, Jânio fez sucesso entre os eleitores.
Foto: Imago/United Archives International
Ditadura e empreiteiras
Acabar com a corrupção foi um dos motivos usados pelos militares para justificar o golpe de 1964. Ao assumir o poder, porém, o novo regime consolidou o pagamento de propinas por empreiteiras na realização de obras públicas. Modelo que se perpetuou até os dias atuais e é um dos alvos da Operação Lava Jato.
Foto: picture-alliance/AP
Caça a marajás
Mais uma vez um presidente que partia em campanha eleitoral prometendo combater a corrupção foi aclamado com o voto da população. Fernando Collor de Mello, que ficou conhecido como "caçador de marajás", por combater funcionários públicos que ganhavam salários altíssimos, renunciou ao cargo em 1992, em meio a um processo de impeachment no qual pesavam contra ele acusações que ele prometeu combater.
Foto: Imago/S. Simon
Mensalão
Em 2005, veio à tona o esquema de compra de votos de parlamentares aplicado durante o primeiro governo do presidente Luís Inácio Lula da Silva, que ficou conhecido como mensalão. O envolvimento no escândalo de corrupção levou diversos políticos do alto escalão para a prisão, entre eles, o ex-ministro José Dirceu e o ex-presidente do PT José Genoino.
Foto: picture-alliance/robertharding/I. Trower
Lava Jato
A operação que começou um inquérito local contra uma quadrilha formada por doleiros tonou-se a maior investigação de combate à corrupção da história do país. A Lava Jato revelou uma imensa rede de corrupção envolvendo a Petrobras, empreiteiras e políticos. O pagamento de propinas por construtoras, descoberto na operação, provocou investigações em 40 países.