Ararinhas-azuis nascidas na Alemanha chegam ao Brasil
3 de março de 2015
Doação das aves de apenas 11 meses de idade faz parte de um programa de preservação da espécie, conduzido em parceria entre Brasil, Alemanha e Catar. Objetivo é a reinserção da ararinha-azul na Caatinga até 2021.
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Carla e Tiago, duas ararinhas-azuis (Cyanopsitta spixii) de apenas 11 meses nascidas em Berlim, chegaram nesta terça-feira (03/03) a São Paulo. Em contrapartida, uma arara fêmea nascida no Brasil deverá ser levada para a Alemanha. A iniciativa visa preservar a espécie, uma das mais raras do mundo e que não existe mais em liberdade desde 2000.
A troca foi possibilitada por uma parceria entre o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e a Agência Federal de Proteção da Natureza (Bfn), da Alemanha. "A troca é parte de um projeto de reinserção de longo prazo e um belo exemplo de proteção da natureza além das fronteiras continentais", disse a presidente do BfN, Beate Jessel.
O BfN obteve há dez anos uma licença para a manutenção de três araras, dando início à parceria com o ICMBio. Esta é a segunda vez que ararinhas-azuis (também chamadas araras-spix) nascidas na Alemanha são encaminhadas ao Brasil.
Carla e Tiago, que foram batizadas em homenagem aos protagonistas do filme de animação Rio 2, nasceram em abril de 2014. No âmbito do projeto, Carla pertence às autoridades brasileiras desde o início, enquanto Tiago foi doado pelos alemães como gesto de comprometimento com o programa de preservação da espécie.
Logo após chegarem a Guarulhos, na manhã desta terça, as duas aves foram levadas a Cananeia, onde ficarão em quarentena por 15 dias. Depois serão transferidas para o criadouro Nest, no interior de São Paulo. A expectativa dos responsáveis pelo projeto é que, até 2021, as primeiras ararinhas-azuis sejam reinseridas no seu habitat natural, a Caatinga, na região da cidade de Curacá, na Bahia.
"Esperamos que elas ou seus descendentes sejam soltas na natureza daqui a alguns anos", disse a ministra alemã do Meio Ambiente, Barbara Hendricks, no aeroporto de Berlim, pouco antes do embarque dos dois animais.
Os mantenedores da ararinha-azul no Brasil e no exterior, que trabalham para viabilizar a reprodução da espécie, são a Association for the Conservation of Threatened Parrots (ACTP), na Alemanha, a Al-Wabra Wildlife Preservation, no Catar, o criadouro Nest e a Fundação Lymington, no Brasil.
Natureza do Ano de 2015
Todos os anos, instituições alemãs elegem animais e plantas que necessitam de proteção e atenção especiais. Apresentamos aqui alguns nomeados para 2015.
Foto: picture-alliance/dpa/T. Schmitt
Beleza voadora
Esta borboleta da família Lycaenidae é um animal especialmente belo, afirmou o júri que a escolheu para Inseto do Ano de 2015. O macho é colorido, enquanto que a fêmea é marrom, com pequenos pontos. Essa espécie convive em simbiose com formigas: a lagarta provê uma substância doce para as formigas, que por sua vez retribuem afastando os predadores.
Foto: picture-alliance/dpa/T. Schmitt
Ameaçado apesar da blindagem
O cagado de carapaça estriada é o Réptil do Ano de 2015. Na Alemanha, o animal habita a região de Brandemburgo. Os motivos de sua escassez são a captura para o comércio e sobretudo a redução do habitat natural. Para a sobrevivência da única tartaruga da Europa Central, águas paradas e ensolaradas são fundamentais porque o animal tem que permanecer longos períodos imerso para conseguir alimentos.
Foto: picture-alliance/dpa/Robert Schlesinger
Mais atenção
O Acer Campestre geralmente cresce como arbusto ou árvore de baixo porte nas margens das florestas. No meio das matas, esta espécie não tem muitas chances, pois não consegue se impor diante de árvores maiores. É uma planta que não costuma chamar a atenção, e por isso o prêmio Árvore do Ano de 2015 foi dado a ela.
Foto: A. Roloff
A amante das árvores camuflada
A Catocala Nupta é a Borboleta do Ano de 2015. Normalmente ela está camuflada, mas quando se sente ameaçada abre completamente suas asas, expondo as listras vermelhas para assustar seus predadores. Contudo, o verdadeiro perigo para essa espécie é a escassez das folhas de álamo e salgueiro, seus principais alimentos.
Foto: picture-alliance/dpa/BUND
Um coral que cresce em árvores
Normalmente asssocia-se os corais a recifes e o mar. No entanto, o ganhador da categoria Fungo do Ano 2015 não vive embaixo d'água. Este curioso exemplar é composto por inúmeros troncos em forma de pequenos cálices, e por isso é conhecido na Alemanha como Coral-taça. A espécie habita em geral troncos de árvores mortas, cada vez mais usadas para aquecimento.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Theiß
Um vencedor tímido
Que levou o título de Pássaro do Ano 2015 foi o Açor. Apesar de ser avistada muito raramente, esta espécie de ave de rapina ainda sofre muito com a ação humana. Por isso, sua caça é proibida desde os anos 70.
Foto: picture-alliance/dpa/Jens Wolf
Para chorar e curar
A cebola certamente não é o vegetal mais prazeroso de se cortar, mas ela é muito conhecida por ter propriedades de cura. Por isso foi eleita a Planta Medicinal do Ano de 2015. Ela ajuda, por exemplo, no combate a resfriados e inflamações de ouvido. Além disso, pode reduzir o efeito de inflamações decorrentes de picadas de insetos.
Foto: Fotolia/xalanx
Mais do que uma simples erva
A Erva de São João ou Hipérico também é chamada de "bálsamo para as almas perturbadas". As flores desse pequeno arbusto de cerca de um metro de altura são comumente receitadas como antidepressivo ou calmante fitoterápico. Além disso, investiga-se a aplicação da erva em tratamentos de câncer e do mal de Alzheimer. Devido a esse excelente desempenho, ela é a Planta Terapêutica do Ano de 2015.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Hummel
Um selvagem e tranquilo rio de montanha
As duas cabeceiras que formam o rio Argen nascem na região do Oberallgäu, no estado da Baviera, sul da Alemanha. O rio corre 90 quilômetros, até o Lago de Constança, passando por vales profundos, montanhas íngremes, encostas, florestas aluviais, pântanos e prados úmidos. Anfíbios, como sapos de barriga amarela e salamandras, também fazem parte da Paisagem Fluvial do Ano de 2015.
Foto: imago/MiS
Pequeno caracol, grande desempenho
Assim como o Pássaro do Ano, o caracol Oxylus cellarius também é raramente visto. Esse molusco habita cavernas naturais, minas ou falésias. Os caracóis são uma entre as diversas espécies de animais que necessitam de abrigos protegidos e sem o perigo de congelamento. Para 2015, ele conquistou o título de Animal das Cavernas do Ano.
Foto: K. Bogon
Uma flor esférica sem folhas e com longas hastes
Na maior parte do tempo, a flor Mordida do Diabo apresenta uma saturada tonalidade violeta, azul-clara ou as vezes até mesmo rosada. A planta de nome Succisa pratensis foi eleita a Flor do Ano de 2015 e pode ser encontrada na Europa, em pântanos e florestas úmidas. Além de ser bela, ela também pode ser utilizada para fazer chás que ajudam na limpeza do sangue ou atuam contra a tosse.
Cerca de 60 espécies de orquídeas crescem na Alemanha, e a orquídea encarnada é uma delas. Com cerca de 80 centímetros de altura e muito vistosa, a Orquídea do Ano está infelizmente perdendo espaço. Isso acontece porque os seus ambientes naturais, como prados alagados e pântanos, estão ameaçados.
As Nações Unidas já nomearam 2015 como o Ano Internacional do Solo. E um representante dessa categoria também foi escolhido: o Solo do Ano é o Pseudogley, um tipo de solo encharcado que protege contra a erosão e enchentes. Ele também filtra substâncias tóxicas da água da chuva e armazena grandes quantidades de água potável.