Arco de Palmira destruído pelo EI é exposto em Londres
19 de abril de 2016
Réplica do monumento sírio de 2 mil anos, destruído durante a ocupação do "Estado Islâmico" na cidade histórica, é inaugurada na capital britânica. Obra será exposta também em Nova York, Dubai e Palmira.
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Uma reprodução do Arco do Triunfo da cidade histórica de Palmira, na Síria, um dos mais emblemáticos monumentos destruídos pelo grupo extremista "Estado Islâmico" (EI) foi inaugurada nesta terça-feira (19/04) na Trafalgar Square, praça no centro de Londres.
A réplica de mármore tem 5,5 metros de altura, dois terços do tamanho original, e foi esculpida na região da Toscana, Itália, com ajuda da tecnologia de escaneamento digital 3D. O projeto foi idealizado pelo Instituto de Arqueologia Digital (IDA, na sigla em inglês), um empreendimento conjunto das universidades de Oxford e Harvard e do Museu do Futuro de Dubai.
"Os monumentos, como personificação da história, religião, arte e ciência, são repositórios importantes e complexos de narrativas culturais", afirma Roger Michel, diretor do IDA, em declaração divulgada antes da apresentação da obra.
"Ninguém deve permitir que os terroristas tenham o poder de apagar tais monumentos de nossos registros históricos", reivindicou, acrescentando que "Palmira era o exemplo perfeito da cooperação entre Oriente e Ocidente", fato que o Arco do Triunfo simboliza "hoje e então".
"Pérola do deserto"
Ao inaugurar a réplica na capital britânica, o prefeito de Londres, Boris Johnson, declarou que "o futuro da Síria depende da conservação e da proteção de seu passado". "Estamos aqui em desafio contra os bárbaros que destruíram o original, assim como destruíram tantas outras relíquias no Oriente Médio."
Depois de ficar em exibição em Londres por três dias, o monumento seguirá para Dubai, Nova York e, por fim, Palmira, que foi retomada pelas tropas sírias no final de março, após dez meses sob controle do "Estado Islâmico".
Palmira, considerada Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco por suas ruínas, colunas e templos milenares, era uma importante atração turística na Síria antes do início do conflito, em 2011.
O grupo extremista invadiu a cidade em maio de 2015 e, três meses depois, decapitou o arqueólogo-chefe do município, responsável pelas antiguidades. O antigo anfiteatro foi transformado em espaço para execuções públicas.
Também foram destruídos alguns dos monumentos mais importantes de Palmira. Os restos do Arco do Triunfo, datado de aproximadamente 2 mil anos, estão espalhados pelo chão, permanecendo de pé apenas as duas colunas que sustentavam a parte central.
EK/afp/dpa/lusa/rtr
Os tesouros arqueológicos de Palmira
Ruínas dessa antiga cidade são testemunhas de tempos de glória e uma importante herança cultural. Elas estão ameaçadas pela guerra civil na Síria e pela presença do "Estado Islâmico".
Foto: picture-alliance/dpa/Scholz
Ruínas de um passado glorioso
No meio do deserto da Síria ficam as ruínas da antiga cidade de Palmira, que em tempos passados floresceu graças ao comércio. Por centenas de anos, caravanas de comerciantes passaram pela cidade, seguindo a chamada Rota da Seda, que ia até a China. Quando os tempos áureos viraram história, as areias do deserto acabaram tomando conta a cidade.
Foto: Fotolia/bbbar
Templo de Bel
Esta construção foi erguida para um grande deus mesopotâmio. No primeiro século depois de Cristo, os habitantes de Palmira construíram um tempo em estilo romano para a divindade Bel. O custo da obra teria sido arcado pelos romanos, em agradecimento pela adesão da cidade ao Império Romano. As paredes do templo carregam marcas de balas, resultado da guerra civil na Síria.
Foto: picture-alliance/blickwinkel/F. Neukirchen
Caminho das preciosidades
Esta avenida marcada por colunas tem quase um quilômetro de extensão e foi construída no século 2. Na entrada está o Arco de Adriano, erguido em homenagem ao imperador romano. O estilo greco-romano estava na moda na época, com alguns arabescos orientais. Pela estrada eram transportados temperos, perfumes, pedras preciosas e outros tesouros.
Foto: Louai Beshara/AFP/Getty Images
Monumento em estilo romano
Este tetrápilo fica num cruzamento de ruas. São quatro nichos cobertos, cada um deles formado por quatro colunas de granito rosa, extraído das pedreiras da cidade egípcia de Assuã. Antigamente, os nichos abrigavam estátuas. Quase todas as colunas foram reconstituídas. Apenas uma é original.
Foto: Fotolia/waj
Deus do vento
O deus do vento se chamava Baal-Shamin. De fato, o templo dele foi menos deteriorado pelas tempestades de areia do que os templos fúnebres localizados no outro extremo da avenida das colunas. Acredita-se que o templo tenha sido construído pelos fenícios, que posteriormente ocuparam a região. Não se sabe ao certo, porém, quando exatamente ele foi construído.
Foto: picture-alliance/dpa/Scholz
Dramas orientais
Palmira tinha muitas características de uma cidade greco-romana: as colunas, as termas e também o anfiteatro. No palco dele, que era a fachada de um palácio, eram encenados dramas orientais. As peças, escritas em aramaico, se perderam. O teatro também era usado como palco de lutas de gladiadores e de animais.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Marczok
Fórum da classe alta
Estas colunas da ágora, o espaço público central da cidade, ostentavam 200 estátuas que homenageavam as figuras mais poderosas da elite de Palmira. Na parte sudoeste da ágora estão as ruínas de uma construção que possivelmente serviu para as reuniões do conselho da cidade. Dele faziam parte as mais influentes famílias de comerciantes, aquelas que definiam os rumos de Palmira.
Foto: picture-alliance/Robert Harding World Imagery/C. Rennie
Túmulos luxuosos
Do lado de fora da cidade há vários mausoléus. Famílias importantes construíam torres altas, com espaço para os mortos de várias gerações. As últimas moradas de alguns representantes dessas famílias são sarcófagos ricamente ornamentados. Há ainda diversos sepulcros subterrâneos, adornados com afrescos. As sepulturas são um testemunho do cotidiano e das riquezas dos tempos áureos.
Foto: Imago/A. Schmidhuber
Ameaçada pela guerra
No século 3, Palmira se tornou uma base militar. A queda da rainha Zenóbia deu origem a uma reviravolta no poder. Os tempos áureos ficaram para trás, o brilho da cidade começou a ser apagado pela areia. Desde 2001, as ruínas sofrem as consequências da guerra civil na Síria. A nova ameaça são os jihadistas do "Estado Islâmico".