Arena Condá é palco de homenagem a vítimas de desastre aéreo
3 de dezembro de 2016
Corpos de jogadores, dirigentes e membros da comissão técnica da Chapecoense são velados por milhares de torcedores no estádio do clube em Chapecó, sob chuva e com muita emoção. Temer acompanha cerimônia.
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A forte chuva em Chapecó não espantou os milhares de torcedores da Chapecoense que aguardavam emocionados a chegada dos corpos das vítimas do acidente aéreo na Colômbia na manhã deste sábado (03/12). Os caixões chegaram por volta das 12h25 à Arena Condá, o estádio do clube, após um cortejo que percorreu as ruas da cidade.
Cobertos com uma bandeira branca com o escudo verde do clube, os 50 caixões contendo os corpos dos jogadores, dirigentes e membros da comissão técnica da Chapecoense foram desembarcados dos aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) no aeroporto de Chapecó pela manhã.
O presidente Michel Temer; o embaixador da Colômbia, Alejandro Borda; autoridades locais e familiares das vítimas esperavam os caixões. Apesar de a informação inicial do Palácio do Planalto ser de que ele iria apenas ao aeroporto, Temer decidiu participar do velório coletivo na Arena Condá.
Após honras militares no aeroporto, quatro caminhões levaram os corpos até o estádio, onde desde as primeiras horas da manhã torcedores se concentravam para se despedirem de seus ídolos. Cada um dos caixões que chegaram ao estádio foram recebidos com uma salva de palmas.
"Força Chape"
O prefeito de Chapecó, Luciano Buligon, discursou vestindo a camisa do time colombiano Atlético Nacional, com o qual a Chapecoense disputaria a final da Copa Sul-Americana na última quarta-feira, em Medellín. Após o desastre, o Atlético Nacional defendeu que o título do torneio seja entregue para o clube catarinense. Ao ser mencionado pelo prefeito, Temer não foi aplaudido nem vaiado.
Além de Temer, estavam presentes no estádio para a cerimônia de homenagem às vítimas da Chapecoense uma série de autoridades do mundo do esporte, como o presidente da CBF, Marco Polo del Nero, e o presidente da Fifa, Gianni Infantino, que fez um breve discurso em português. "Hoje somos todos brasileiros, somos todos Chapecoense. Força Chape", disse.
Um destaque do evento foi a mensagem enviada pelo papa Francisco, cujo texto foi lido pelo bispo de Chapecó, dom Odelir Magri. "Consternado pela trágica notícia do acidente na Colômbia, o papa pede que sejam transmitidas suas condolências e sua participação na dor de todos os enlutados. Ao mesmo tempo, pede ao céu conforto e restabelecimento para os sobreviventes e coragem e consolação para todos os atingidos pela tragédia", diz a mensagem.
No encerramento da cerimônia, que durou por volta de duas horas e meia, parentes de 50 vítimas do acidente aéreo caminharam pelo gramado do estádio, com cartazes e camisas dos jogadores. Então, os torcedores cantaram juntos "Vamo, vamo, Chape", grito comum durante os jogos do time.
Desde terça-feira, os arredores da Arena Condá se transformaram num memorial improvisado, onde amigos e moradores colocam mensagens de agradecimento aos jogadores que levaram o clube de Santa Catarina à sua primeira final internacional.
A Chapecoense perdeu a maioria de seus jogadores e de sua comissão técnica após a queda do avião que transportava a equipe para Medellín. O desastre com o avião da companhia aérea boliviana LaMia, que havia partido de Santa Cruz de La Sierra, deixou 71 mortos. Entre os seis sobreviventes estão os jogadores Alan Ruschel, Jackson Follmann e Hélio Zampier Neto.
CA/LPF/efe/abr/ots
A tragédia com o avião da Chapecoense
O voo que levava a equipe para final da Copa Sul-Americana caiu a poucos quilômetros de Medellín, na Colômbia. A bordo estavam nove tripulantes e 68 passageiros, entre jogadores, dirigentes do clube e jornalistas.
Foto: Reuters/M. Varley
Acidente próximo a Medellín
O acidente ocorreu na madrugada desta terça-feira (29/11) na região montanhosa conhecida como El Gordo, a cerca de 50 quilômetros de Medellín, no noroeste da Colômbia.
Aeronave de fabricação britânica
A aeronave modelo British Aerospace (BAE) 146, de fabricação britânica, operada pela boliviana LaMia (foto de arquivo), teria se partido em três partes durante um pouso forçado.
Foto: picture-alliance/AP Photo/L. Benavides
Mais de 70 mortos
Inicialmente, a lista fornecida pelas autoridades indicava que até 81 pessoas poderiam estar a bordo, incluindo 72 passageiros e nove tripulantes. Mais tarde, autoridades confirmaram um total de 71 mortos e seis feridos. Quatro pessoas não embarcaram de última hora.
Foto: picture-alliance/AP Photo/L. Benavides
Fim de um sonho
A equipe do Chapecoense viajava para Medellín, onde disputaria a final da Copa Sul-Americana contra o Atlético Nacional, da Colômbia. O time embarcou num voo comercial a partir de São Paulo e com conexão em Santa Cruz de la Sierra. De lá, o avião partiu rumo a Medellín.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Cunha
Uniformes entre os destroços
Entre os destroços da aeronave, as equipes de resgate encontraram partes dos uniformes da Chapecoense. Estavam a bordo 22 jogadores de futebol, 25 dirigentes, membros da comissão técnica e convidados da equipe, além de 21 jornalistas brasileiros.
Foto: Imago/Xinhua
Sobreviventes
Segundo as autoridades locais, seis pessoas foram resgatadas com vida, mas uma morreu a caminho do hospital. Entre os sobreviventes estão os jogadores brasileiros Alan Ruschel (foto), Jackson Follmann e Hélio Zampier Neto.
Foto: Imago/Agencia EFE
Jornalista resgatado
Entre os sobreviventes está o jornalista brasileiro Rafael Henze. De acordo com as equipes de resgaste, Henze foi encontrado com vários ferimentos, mas sua condição é estável. O jornalista foi levado para o hospital de La Ceja.
Foto: Imago/Agencia EFE
Herói não resiste
Herói da classificação para a final da Sul-Americana, com uma defesa-chave na semi contra o San Lorenzo (foto), o goleiro Danilo chegou a ser resgatado com vida e foi levado para um hospital em Rionegro, próximo a Medellín. Porém, não resistiu aos ferimentos.
Foto: Reuters/E. Marcarian
Comoção da torcida
Após a notícia do acidente, fãs da equipe começaram a se aglomerar em frente à Arena Condá, estádio do time na cidade de Chapecó, Santa Catarina.
Foto: Reuters/P. Whitaker
Dia seguinte
Um dia depois da tragédia, torcedor mirim chora pela perda dos ídolos nas arquibancadas da Arena Condá, em Chapecó.
Foto: Getty Images/AFP/N. Almeida
Homenagem dos colombianos
No estádio do Atlético Nacional, em Medellín, dezenas de milhares de torcedores vestidos de branco prestaram tributo às vítimas da tragédia aérea, no dia 30 de novembro. Os jogadores do clube homenagearam os colegas da Chapecoense, com quem jogariam partida na final da Copa Sul-Americana.
Foto: picture alliance/dpa/M. D. Castaneda
Discurso emocionado
No estádio em Medellín, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, José Serra, fez discurso emocionado. "As expressões de solidariedade que aqui encontramos nos oferecem um consolo imenso, uma luz na escuridão, num momento em que estamos todos tentando compreender o incompreensível", disse.
Foto: picture alliance/dpa/M. D. Castaneda
Velório coletivo
Torcedores da Chapecoense se despediram de seus ídolos numa cerimônia na Arena Condá, em 3 de dezembro. Apesar da chuva, milhares de pessoas foram ao estádio do clube para receber os caixões de jogadores, dirigentes e membros da comissão técnica do time. O presidente Michel Temer acompanhou a cerimônia, mas não discursou.
Foto: picture-alliance/dpa/S. Moreira
Antes do acidente
A última partida do Chapecoense aconteceu em 27 de novembro, contra o Palmeiras, em São Paulo. A equipe perdeu por 1 a 0 na penúltima rodada da série A do Campeonato Brasileiro. Na foto, Alan Ruschel, um dos sobreviventes do acidente aéreo na Colômbia.
Foto: Getty Images/F. Vogel
Pouco combustível, excesso de peso
No dia 26 de dezembro, relatório divulgado por investigadores colombianos revelou série de erros humanos. Pilotos sabiam da falta de combustível. Aeronave trasnportava 400 quilos a mais do que o permitido e não estava certificada para voar acima de 29 mil pés. Mesmo assim, autoridades bolivianas aprovaram o plano de voo.