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SaúdeArgentina

Argentina se prepara para retorno a lockdown severo

21 de maio de 2021

País entrará em regime de confinamento para tentar quebrar segunda onda de covid-19, após recordes de infecções e mortes diárias. Restrições mais duras vão durar nove dias.

Profissionais de saúde com máscara tratam de paciente em UTI
Segunda onda de covid-19 levou as unidades de terapia intensiva ao limite na ArgentinaFoto: Patricio Murphy/ZUMAPRESS/picture alliance

A partir deste sábado (22/05), a maioria dos argentinos poderá sair de casa apenas entre 6h e 18h. E eles não poderão ir muito longe de suas casas. Escolas e serviços não essenciais devem fechar. Eventos sociais, religiosos e esportivos ficam proibidos.

Com as medidas restritivas, que vão durar até 31 de maio, o governo argentino espera interromper a alta das infecções por coronavírus. Essas medidas deverão ser reimpostas no fim de semana de 5 a 6 de junho.

"Estamos vivendo o pior momento desde o início da pandemia", disse o presidente argentino, Alberto Fernández, ao anunciar as novas medidas nesta quinta-feira. "Hoje como nunca antes, devemos todos cuidar de nós mesmos para evitar todas as perdas que pudermos."

Nesta semana, o país quebrou seus recordes da pandemia. Na terça-feira, atingiu 744 mortes e na quarta-feira registrou 39.652 novos casos de covid-19 em 24 horas. Em relação à sua população de 45 milhões, essas são algumas das taxas diárias mais altas do mundo.

Coveiros argentinos ameaçam fazer greve caso não sejam vacinados contra a covid-19Foto: Agustin Marcarian/REUTERS

O rápido aumento elevou a tensão entre coveiros, e eles ameaçam fazer greve se não forem logo vacinados contra a covid-19.

Sistema de saúde próximo ao colapso

Os funcionários do hospitais também estão sobrecarregados, enquanto a segunda onda de covid-19 leva as unidades de terapia intensiva ao seu limite. Na capital e nas províncias de Buenos Aires, Córdoba e Neuquén, a ocupação nos leitos de UTIs supera os 90%, segundo um levantamento da Sociedade Argentina de Tratamento Intensivo (Sati).

A disseminação das variantes mais contagiosas do Reino Unido e do Brasil durante uma lenta campanha de vacinação alimentou o ritmo das novas infecções.

Vacinação lenta

Embora a Argentina tenha sido um dos primeiros países da América Latina a começar a vacinar contra a covid-19, atrasos na chegada de imunizantes retardaram significativamente a campanha. Até o momento, apenas 4,7% da população já foram totalmente inoculados, enquanto 18,5% já receberam a primeira dose, segundo o Ministério da Saúde.

O governo espera que a campanha de vacinação aumente à medida que mais doses da vacina da AstraZeneca e da Sputnik V cheguem, o que deve ocorrer num futuro próximo.

Quando o lockdown severo terminar, os argentinos poderão voltar às mesmas medidas que estavam em vigor até então. Isso significa que as escolas serão reabertas, e as atividades não essenciais poderão ser retomadas, desde que não sejam em espaços fechados.

Também haverá um toque de recolher após o fim do lockdown severo. No entanto, será um pouco mais relaxado, a partir das 20h, em vez de 18h. Os bloqueios à vida noturna estão em vigor nos centros urbanos desde o início de abril.

Toques de recolher noturnos estão em vigor nos centros urbanos argentinos, como Buenos Aires, desde o início de abrilFoto: Natacha Pisarenko/AP Photo/picture alliance

Críticas ao presidente

Para evitar o colapso do sistema de saúde, o governo tem imposto restrições às atividades noturnas e às aulas presenciais nas regiões onde o vírus tem se espalhado mais rapidamente.

A suspensão das aulas presenciais foi, porém, rejeitada pelo prefeito de Buenos Aires, Horacio Rodríguez Larreta, que conseguiu a anulação da decisão ao recorrer à Corte Suprema.

Fernández enfrentou resistência por causa de suas restrições para conter o coronavírus. Manifestantes saíram às ruas em várias ocasiões este ano para expressar descontentamento com as medidas restritivas.

A oposição tem criticado duramente as medidas de combate à pandemia do governo peronista, de olho nas eleições legislativas de outubro e já na presidencial de 2023, com o argumento de que as medidas atentam contra as liberdades civis.

As restrições agora determinadas são semelhantes ao confinamento que Fernández implementou no início da pandemia, de março a julho de 2020. Foi um dos mais longos lockdowns do mundo e atingiu duramente a economia argentina. O chefe de governo anunciou agora um pacote de resgate econômico para apoiar os setores mais afetados.

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