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PolíticaArgentina

Argentina vai às urnas em eleição decisiva para o governo

14 de novembro de 2021

Legislativas ocorrem em meio a profunda crise econômica, com inflação que supera taxa anual de 50%. Grupo de centro-esquerda do presidente Alberto Fernández pode perder controle do Senado.

Alberto Fernández e a primeira-dama argentina, Fabiola Yañez, diante de repórteres num pátio
Alberto Fernández e a primeira-dama argentina, Fabiola Yañez, após votar: "O mais importante é que hoje o povo se expresse Foto: Natacha Pisarenko/AP/picture alliance

As eleições legislativas deste domingo (14/11) na Argentina podem levar a coalizão do presidente de centro-esquerda Alberto Fernández a perder a maioria no Senado.

Quase metade das cadeiras da Câmara dos Deputados está em disputa, assim como um terço das cadeiras do Senado na votação, que é obrigatória para os cerca de 34,3 milhões de eleitores do país.

A coalizão Frente de Todos de Fernández já é minoria na Câmara, e analistas acreditam que a legenda corre o risco de também perder a maioria no Senado.

Fernández votou na manhã deste domingo, acompanhado pela primeira-dama Fabiola Yañez. "O mais importante é que hoje o povo se expresse, e à noite escutaremos o que nos disse", afirmou após depositar seu voto na urna.

"Desejo que todas as argentinas e argentinos se expressem neste dia da democracia, para que todos e todas possamos construir o país que merecemos", escreveu o presidente nas mídias sociais.

Derrota em setembro

Em setembro, a Frente sofreu uma derrota contundente nas primárias, obtendo 31,8%, em comparação com 41,5% do grupo de oposição Juntos por el Cambio (Juntos pela Mudança), liderado pelo antecessor e rival de Fernández, Mauricio Macri.

"Se os resultados das primárias de setembro se repetirem, a coalizão no poder pode perder sua maioria no Senado", acredita o analista político Rosendo Fraga, do think tank Nova Maioria.

O ex-presidente Mauricio Macri também convocou os argentinos a votarem e serem os “protagonistas” de uma "mudança de era".

"Estamos entrando em uma nova era que se pautará pela verdade e pelo bom senso e nos levará a fazer com que cada argentino tenha um emprego", previu o ex-presidente ao votar.

Crise econômica e política

O governo de Fernández foi duramente atingido pelo crescente descontentamento da população. O país está em recessão desde 2018, com o PIB caindo 9,9% no ano passado, devido à pandemia do coronavírus.

A Argentina tem uma das maiores taxas de inflação do mundo, que chegou a 52,1%no ano, e uma taxa de pobreza de 40,6% para uma população de 45 milhões. Também tem problemas de desemprego e enfrenta complexas negociações com o Fundo Monetário Internacional (FMI) para refinanciar uma dívida de 45 bilhões de dólares.

O revés nas primárias desencadeou uma crise política que opôs Fernández à sua vice-presidente e parceira de coalizão Cristina Kirchner. Ela pressionou seu chefe a fazer uma reformulação do ministério, na esperança de ajudar a apaziguar um eleitorado cada vez mais frustrado.

Se a Frente perder a maioria no Senado, a oposição "provavelmente usará" seu poder de bloqueio legislativo, segundo o analista Gabriel Puricelli, da Universidade de Buenos Aires.

A Frente seria então forçada a negociar e fazer concessões se quiser aprovar leis ou fazer nomeações importantes, inclusive para o Judiciário.

Limitação de danos

Desde as primárias, o governo está em modo de limitação de danos, anunciando no mês passado um acordo com o setor privado para congelar os preços de mais de 1.500 produtos básicos, após protestos nas ruas exigindo maiores subsídios aos alimentos. Também aumentou o salário mínimo e os auxílios a famílias.

Embora Fernández tenha prometido se concentrar nas preocupações imediatas e em garantir a governança para seus próximos dois anos no cargo, os candidatos já estão se movimentando para as eleições presidenciais de 2023.

Populista Javier Milei é comparado a Trump e BolsonaroFoto: Paula Acunzo/ZUMA Wire/imago images

Os apoiadores do governo foram forçados a manter a discrição durante os meses de confinamento da pandemia. Mas sindicatos pró-governo e organizações sociais anunciaram recentemente que marcharão em apoio a Fernández na quarta-feira, independentemente dos resultados de domingo.

Populista em Buenos Aires

As atenções estão voltadas sobretudo para a província de Buenos Aires, que reúne 40% dos eleitores do país e é um bastião tradicional dos peronistas, incluindo a aliança de Fernández, mas onde a coalizão de Macri fez grandes avanços em setembro.

Há uma potencial ameaça para situação e oposição, no entanto, que é o provocador Javier Milei, um economista ultraliberal e anti-establishment que está pressionando por uma vaga na Câmara dos Deputados para a cidade de Buenos Aires.

Milei preocupa tanto a oposição de centro-direita quanto o governo de centro-esquerda. Ele critica ambos. Sua ascensão atraiu comparações com populistas de sucesso como Donald Trump e Jair Bolsonaro.

Milei conseguiu atrair apoiadores de uma ampla faixa de origens socioeconômicas, embora alguns analistas apontem que a maioria tende a ser homens com idade entre 18 e 40 anos. Ele também chamou a atenção de Macri. "As ideias que Milei tem defendido, eu sempre as expressei", disse o ex-presidente recentemente.

md (EFE, AFP)