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Argentinos elegem sucessor de Cristina em meio à crise

19 de outubro de 2015

Governista Scioli lidera com ampla vantagem, mas pesquisas indicam segundo turno. Novo presidente herdará economia com inflação em alta, elevado índice de endividamento e salários e tarifas públicas defasadas.

Scioli é o candidato da presidente Cristina Fernández de Kirchner e deverá chegar na frente no primeiro turnoFoto: Reuters/A.Marcarian

Os argentinos vão às urnas no próximo domingo (25/10) para eleger o novo presidente do país. As pesquisas indicam que a disputa não será resolvida no primeiro turno, e três candidatos têm as melhores chances de participar do duelo final.

O primeiro colocado nas pesquisas é o governador da província de Buenos Aires, Daniel Scioli, da Frente para a Vitória. O governista aposta num discurso de continuidade da política dos Kirchner, que há 12 anos dá o tom na Casa Rosada, primeiro com o falecido presidente Néstor Kirchner (2003-2007), depois com a sua esposa Cristina Fernández de Kirchner.

As pesquisas dão a Scioli 38% dos votos, o que é uma ampla vantagem, mas insuficiente para a vitória no primeiro turno. A legislação eleitoral da Argentina determina que, para ser vencedor, um candidato deve ter 45% dos votos no primeiro turno ou 40% dos votos se a distância para o segundo colocado for superior a dez pontos percentuais.

Scioli, porém, se mostra tão confiante na vitória já no primeiro turno que descartou participar do debate televisivo entre os presidenciáveis, no dia 4 de outubro, o primeiro evento do gênero na história da democracia argentina.

Macri é o candidato dos empresários e da classe média e forte opositor da política econômica do kirchnerismoFoto: Reuters/E.Marcarian

Oposição tem dois candidatos

O segundo candidato mais bem cotado nas pesquisas é o atual prefeito de Buenos Aires, o empresário Mauricio Macri. O candidato da coligação Cambiemos (Mudemos) é um claro opositor da política kirchnerista executada nos últimos 12 anos. Macri possivelmente manteria parte da política social de Cristina, mas certamente liberalizaria a economia. As pesquisas dão a ele cerca de 30% dos votos.

Macri é o candidato da classe média e dos empresários. Se ele chegar ao segundo turno, deverá ter dificuldades para vencer a eleição, pois dificilmente os eleitores do terceiro candidato mais bem cotado nas pesquisas, Sergio Massa, votariam em Macri.

Já os eleitores de Macri, ao contrário, possivelmente votariam em Massa, o candidato da aliança Unidos por uma Nova Argentina (UNA). Antiga estrela em ascensão do kirchnerismo, Massa se afastou da presidente, mas, assim como ela, considera-se um herdeiro legítimo do peronismo. Ele defende um recomeço para o país, a linha dura contra a corrupção e uma reorientação da atual política estatal para a área social.

Com cerca de 20% dos votos nas pesquisas, Massa dificilmente chegará ao segundo turno. Ele é, porém, o candidato oposicionista com mais chances de derrotar Scioli, pois os eleitores de Macri possivelmente optariam por Massa num duelo contra o governista.

Todos os demais seis candidatos alcançam, juntos, menos de 10% dos votos. O segundo turno da eleição está marcado para 22 de novembro.

Massa é um dissidente do kirchnerismo, mas se mantém fiel ao peronismo. Ele deve chegar em terceiroFoto: Reuters/E.Marcarian

Problemas para o sucessor

O vencedor, seja ele quem for, terá como primeira tarefa resolver os problemas econômicos do país. A inflação de 2015 deve chegar a 25%, e o déficit fiscal gira em torno de 8% do Produto Interno Bruto (PIB).

O sucessor herdará uma economia sem crescimento, com problemas fiscais, monetários, de financiamento e de investimentos, agravados por leis que limitam a ação do governante, como a restrição à venda de participações do Estado em empresas. Já os sindicatos exigem a reposição salarial das perdas com a alta inflação.

À essa difícil situação econômica somam-se ainda outros assuntos espinhosos, como o litígio com os credores que contestam na Justiça dos Estados Unidos o calote da dívida argentina, em 2001.

Outro problema é criado pela política de quase congelamento das tarifas públicas, que dificulta os investimentos das empresas num país onde a inflação gira em torno de 20% ao ano desde 2010. O setor elétrico, por exemplo, espera que o novo mandatário reveja essa política, iniciada em 2001 pelo então presidente Eduardo Duhalde e mantida pelos Kirchner.

Por fim, o papel que Cristina terá na política argentina também será um fator de pressão para o sucessor, seja ele governista ou oposicionista. Muitos analistas afirmam que ela não sairá de cena, pois estaria pensando numa volta à presidência em 2019.

AS/dw/efe/rtr

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