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Argentinos vivem no ritmo da Copa

Marc Koch, de Buenos Aires (pv)10 de julho de 2014

Problemas políticos ficam em segundo plano, e país vive êxtase com a possibilidade de voltar a conquistar uma Copa do Mundo após quase três décadas. E na casa do arquirrival Brasil.

Foto: picture-alliance/dpa

A cobrança do pênalti decisivo de Maxi Rodríguez acabara de resvalar nas mãos do goleiro Jasper Cillessen e a bola ainda se movia dentro do gol holandês, quando um grito uníssono de alívio explodiu na capital Buenos Aires. Em questão de minutos, pessoas cantando e um buzinaço de carros tomou as ruas, que duas horas e meia antes estavam completamente vazias. A Argentina está na final da Copa do Mundo. E isso foi festejado quase como o próprio título mundial.

Os argentinos estão vivendo no ritmo do torneio no país vizinho. Nos dias de jogo da seleção, rege um clima excepcional: seja em visita ao médico ou às repartições públicas – em todas as conversas o tema é o futebol. E quem não usa acessórios azul e brancos recebe olhares de desconfiança.

Nos dias em que não há jogo da Argentina, temas como possíveis adversários, a situação dos próprios jogadores, o ambiente da delegação argentina e todas as mínimas circunstâncias que acompanham a seleção no Brasil são analisadas até o último detalhe.

As transmissões especiais da televisão local chegam a durar dez horas – ou até mais, quando julgam necessário debater o estado de espírito de Lionel Messi, a contusão muscular de Ángel Di María ou semblante sombrio do treinador Alejandro Sabella. As notícias importantes do dia são comprimidas em blocos de três minutos e, caso necessário, transmitidas em apenas metade da tela dos televisores.

Pausa na política

Que a Argentina está prestes a anunciar a segunda moratória do país em poucos anos é brevemente relatado. O prazo, afinal de contas, vence apenas em duas semanas. Que o vice-presidente Amado Boudou está sendo processado acusado de suborno e abuso de poder e enriquecimento ilícito, todos sabem. É um escândalo de magnitude única na história do país, mas agora é o momento de Copa do Mundo. A política está em recesso na Argentina. Ao menos na percepção pública.

A única exceção é a televisão estatal: o Canal 7 transmite todos os jogos, ao vivo e exclusivo. Os enormes custos estão atrelados ao programa "Fútbol para todos", financiado pelo governo, que procura usar os bem produzidos videoclipes para levar sua mensagem e sua visão das coisas ao povo argentino.

Festa e euforia enorme nas ruas da capitalFoto: picture-alliance/dpa

Quando a Argentina joga, os narradores nutrem um forte patriotismo. Telespectadores neutros se questionam ocasionalmente, se eles estão assistindo à mesma partida que os profissionais da mídia esportiva.

O importante é vencer

E a alegria pelo até então sucesso não deixa por menos. Nem com a questionável qualidade em campo, com qual a seleção argentina, aos trancos e barrancos, foi passando de fase no torneio.

Apesar de possuir um grupo leve e ter enfrentado adversários do segundo escalão no mata-mata, as apresentações da seleção argentina não foram convincentes. Sem o astro Lionel Messi, a equipe provavelmente não estaria onde ela está agora – na final da Copa do Mundo.

Na Copa de 1986, a Argentina levantou a taça de campeão mundial graças a MaradonaFoto: imago sportfotodienst

Neste caso, os torcedores pensam de forma mais pragmática. Eles não têm problema em abdicar das apresentações de futebol arte, desde que a seleção se classifique para a fase seguinte. O sonho do título mundial supera todas as deficiências.

A última conquista argentina no torneio foi há 28 anos, na Copa do Mundo no México e exatamente contra a Alemanha. Desde então, as coisas não correram tão bem para o futebol do país. A final de 1990, eles perderam para a Alemanha e depois não conseguiram passar pelas quartas de final uma única vez sequer.

Pela terceira vez Alemanha

Agora os torcedores estão eternamente agradecidos por a Argentina ter chegado tão longe. Eles celebram seus craques e aguardam, alegres, a próxima partida. Até mesmo o deboche sobre o arquirrival Brasil manteve-se dentro dos limites: quando um diário esportivo do Brasil pediu o apoio brasileiro à Alemanha na final, os "hermanos" deram leves cutucadas sobre a goleada de 7 a 1 sofrida pela Seleção, nas semifinais. Mas ficou por aí.

Agora é a vez da Alemanha. O respeito é grande. O portal do diário La NaciónLa Nación publicou logo três comentários e análises sobre a seleção alemã. Saldo: "Eles [os alemães] trabalham há anos por este título. Quem pode detê-los?" Logo após a classificação perante a Holanda, os jogadores da Albiceleste adotaram um discurso mais humilde: "Nós vamos dar 100% para vencer no domingo", disse Sabella. E Messi postou em sua página no Facebook: "Falta apenas un pasito".

Horas após a classificação para a final, a rua mais larga do mundo, a Avenida 9 de Julio no centro de Buenos Aires, estava entupida de pessoas comemorando. Centenas de milhares de torcedores se direcionaram ao Obelisco, um dos marcos da cidade. Uma gigante figura inflável do Cristo Redentor, o cartão postal do local da final da Copa, é passada de mãos em mãos. Ninguém vai embora antes do amanhecer. E isso foi só a semifinal. No domingo, eles querem ser campeões do mundo.

No domingo, no Maracanã, a missão é conquistar a taça "de verdade". A torcida argentina já espera há 28 anosFoto: Reuters
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