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Mídia

30 de abril de 2011

Politicamente, as monarquias europeias estão ultrapassadas, mas imprensa marrom alemã fatura alto com elas, não só em casamentos de príncipes. Os métodos são questionáveis, mas leitores alemães parecem não se importar.

Coroa da mãe da rainha Elisabeth 2ªFoto: AP

"Casamento de conto de fadas", "Casamento do ano" – bilhões de telespectadores testemunharam ao vivo na tevê, em casa, o "sim" do príncipe William a sua Kate na Abadia de Westminster.

Equipes de televisão de todo o mundo transmitiram o grande acontecimento a partir de Londres, com programas especiais já nas primeiras horas da manhã do dia do grande evento. Quando a aristocracia europeia vai ao altar, é como se a televisão se ligasse sozinha.

A imprensa sensacionalista sempre está presente. Ela noticia o ano todo sobre o mundo da nobreza nacional e internacional. Na Alemanha, os principais tabloides da imprensa marrom lançam semanalmente mais de um milhão de exemplares no mercado. Em comparação, o semanário político Der Spiegel tem uma tiragem semanal de 1,2 milhão de exemplares.

Na Alemanha, a chamada imprensa marrom contabiliza 19 publicações, nas mãos de sete editoras. Neste segmento, as revistas líderes do mercado são Neue Post e Freizeit Revue.

Onda de processos da princesa Caroline

Caroline de Mônaco defende sua privacidadeFoto: dpa

Embora falar sobre a aristocracia seja promessa de bons negócios para a mídia, isso também implica outro lado menos agradável para as editoras: com frequência, os nobres se sentem violados em seus direitos de privacidade e vão aos tribunais. Nesse contexto, Caroline de Mônaco tem processado regularmente, desde os anos 1990, revistas alemãs por danos morais, exigindo indenização.

Em 2004, uma das câmaras da Corte Europeia dos Direitos Humanos em Estrasburgo deu ganho de causa à princesa e constatou que, na Alemanha, a vida privada de celebridades não é suficientemente protegida.

Segundo a Corte Europeia dos Direitos Humanos, fotos e artigos sobre celebridades só podem ser publicados sem o seu consentimento caso contribuam para um debate de interesse geral. Essa lei ainda não entrou em vigor na Alemanha, mas a imprensa marrom se tornou um pouco mais cautelosa.

Mas a imprensa sensacionalista não quer nem pode prescindir de reportagens sobre a aristocracia, pois é justamente isso que garante seu faturamento. Isso foi confirmado por sete profissionais de revistas da imprensa marrom alemã, como Freizeit Revue, die aktuelle e Heim und Welt, ao serem questionados, em 2005, no contexto de um estudo da Universidade de Münster sobre sua forma de pensar e método de trabalho.

Quanto mais inacessível, melhor

Reportagens sobre realeza: fuga para um mundo encantado?Foto: picture-alliance/dpa

Os temas a serem abordados dependem das notícias e fotos disponibilizadas pelas agências de notícias. As imagens são mais importantes do que os textos. De acordo com o estudo, para apurar as informações recorre-se, além das agências de notícias, sobretudo às assessorias de imprensa das Casas Reais e seus portais na internet.

Como as assessorias de imprensa transmitem em geral só fatos concretos, há casos em que declarações são interpretadas. Muitas vezes, elas são complementadas por citações de chamados "íntimos" da nobreza que divulgam informações em troca de dinheiro.

Raramente, os jornalistas alemães participam pessoalmente dos grandes eventos da nobreza, já que as reportagens sobre a aristocracia se concentram nos principais nomes, que, por sua vez, não vivem na Alemanha. Para casamentos reais, por exemplo, os jornalistas podem se credenciar oficialmente, mas não lhes é permitida uma maior aproximação dos noivos.

Ninguém participa realmente de um casamento da nobreza ou consegue falar com os principais convidados, muito menos com o casal de noivos. Através da narrativa de observações pessoais, tenta-se então ser melhor do que a concorrência e sugerir ao leitor que se esteve presente à festa.

Lendas em vez de fatos

Para que os negócios continuem andando bem, as revistas avaliam regularmente as análises feitas sobre seus leitores e recebem cartas ou e-mails sobre as reportagens publicadas. Estes feedbacks mostram que muitas leitoras – pois se trata em sua maioria de mulheres – acreditam realmente nas histórias que leem, sentindo-se assim mais próximas da realeza.

Existem muitas especulações em torno dos motivos do interesse das leitoras por histórias da aristocracia, mas nunca foram feitos estudos mais aprofundados. Fala-se da fuga da rotina e da busca por um mundo inatingível. No estudo de Münster, um jornalista da imprensa marrom admitiu que os temas das revistas retratam "simplesmente um mundo de conto de fadas", ao qual sempre se pode acrescentar uma fantasia a mais.

Autora: Marlis Schaum (ca)
Revisão: Roselaine Wandscheer

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