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Armênia e Azerbaijão se acusam de violar cessar-fogo

10 de outubro de 2020

Países que disputam controle da região de Nagorno-Karabakh haviam concordado com trégua mediada pela Rússia, mas cessar-fogo registrou violações poucos minutos após entrar em vigor.

Aserbaidschan | Berg-Karabach | Stepanakert
Foto: Aris Messinis/AFP/Getty Images

Armênia e Azerbaijão se acusaram mutuamente neste sábado (10/10) de violações do cessar-fogo que entou em vigor ao meio-dia (5h em Brasília). A trégua havia negociada com mediação da Rússia, após quase duas semanas de intensos combates pela região separatista de Nagorno-Karabakh.

Após uma manhã de combates, a calma reinou brevemente quando o cessar-fogo entrou em vigor, mas não demorou muito para os dois lados trocarem acusações.

O Ministério da Defesa da Armênia acusou o Azerbaijão de bombardear uma área dentro do território armênio, enquanto as forças de etnia armênia em Nagorno-Karabakh afirmaram que forças azeris lançaram uma nova ofensiva apenas cinco minutos após a trégua começar. Já o governo Azerbaijão disse que as forças inimigas no território disputado estavam bombardeando o território azeri.

"A Armênia viola abertamente o cessar-fogo, tenta atacar na direção de Fizuli-Jebrail e Agdam-Terter" em Nagorno-Karabakh, declarou o ministério da Defesa do Azerbaijão.

"As forças do Azerbaijão lançaram um ataque às 12h05", ou seja, após a entrada em vigor do cessar-fogo, declarou o ministério da Defesa da Armênia, denunciando p que chamou de "mentira" de Baku sobre os ataques armênios.

Na quase deserta Stepanakert, capital de Nagorno-Karabakh, as sirenes de alerta, que soaram durante grande parte da manhã, silenciaram quando o cessar-fogo entrou em vigor, mas os alarmes logo recomeçarem. Os habitantes, escondidos há dias para se abrigarem dos bombardeios, timidamente saíram à sua porta para olhar o céu.

As negociações para o cessar-fogo, que ocorreram em Moscou, foram o primeiro contato diplomático entre os dois lados desde que novos  combates pelo enclave de Nagorno-Karabakh eclodiram em 27 de setembro, matando centenas de pessoas. A região é parte do território do Azerbaijão, mas é povoada por armênios étnicos.

Na sexta-feira, os chefes da diplomacia da Armênia e do Azerbaijão concordaram, com a mediação russa, em estabelecer um cessar-fogo após negociações que duraram mais de 10 horas e terminaram na madrugada deste sábado em Moscou.

Esse cessar-fogo humanitário deveria permitir a troca de prisioneiros de guerra e os corpos das vítimas, segundo a diplomacia russa.

Localizadas no Cáucaso, Armênia e Azerbaijão são duas ex-repúblicas soviéticas. A Rússia mantém uma aliança militar com os armênios, mas atualmente mantém boas relações com o governo azeri e não tem interesse numa escalada no conflito na região. Já o Azerbaijão é apoiado pela Turquia.

A França, co-presidente do chamado grupo de mediadores de Minsk, da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa, pediu neste sábado respeito "estrito" do cessar-fogo.

Ao longo das negociações, Azerbaijão e Armênia também se comprometeram "com negociações substanciais para alcançar uma solução pacífica" para o conflito, com a mediação dos três co-presidentes (França, Rússia, Estados Unidos) do grupo de Minsk, segundo Moscou.

As discussões devem "recomeçar sem pré-condições", insistiu a porta-voz do ministério francês das Relações Exteriores, Agnès von der Mühll.

O cessar-fogo é "um primeiro passo importante, mas não substituirá uma solução permanente", declarou, por sua vez, o ministério das Relações Exteriores da Turquia, que apoia Baku.

No exterior, o temor é que o conflito se espalhe em uma região onde russos, turcos, iranianos e ocidentais têm interesses. A Turquia é acusada de participar com homens e equipamentos nas hostilidades ao lado do Azerbaijão.

Desde 27 de setembro, os confrontos entre os separatistas armênios da autoproclamada república de Nagorno-Karabakh - apoiados pela Armênia - e as forças do Azerbaijão deixaram mais de 450 mortos, incluindo 23 civis armênios e 31 azeris.

Uma primeira guerra entre 1988 e 1994 deixou 30.000 mortos e centenas de milhares de refugiados de região. Desde então, o conflito permaneceu em grande parte congelado, apesar de confrontos esporádicos.

JPS/afp/ots

 

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