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Armas de um novo tempo

(sv)25 de fevereiro de 2003

A iminência de uma guerra torna nítida a influência da mídia sobre a política. Em meio a manipulações de diversos matizes, autenticidade e fidelidade são raridades em meio a cenários de desinformação.

Mídia: menos controle e mais poder de influênciaFoto: AP

Há pouco, foi possível a um grande jornal fazer literalmente história. A convite do Wall Street Journal Europe, oito chefes de Estado europeus se dispuseram a escrever uma carta de apoio ao governo norte-americano em relação a um possível ataque ao Iraque. Berlusconi, Aznar e cia. indispuseram-se dessa forma com seus colegas da "velha Europa": o alemão Gerhard Schröder e o francês Jacques Chirac.

Tempo real -

Embora uma atuação desse porte não seja o pão de cada dia da imprensa internacional, é em função da performance desta que os conflitos mundiais tomam determinados contornos. Ou não. A convite do Ministério alemão do Exterior, estiveram reunidos na última semana em Berlim políticos, jornalistas e professores universitários, para uma discussão sobre "política externa em tempo real".

O foco central do encontro girou em torno das leis que regem o jogo entre o poder e a imprensa em tempos de crise ou guerra. "Uma política externa que se deixa guiar pelas imagens é irresponsável, mas uma que não pensa em imagens, das duas uma: ou mente ou é inacreditavelmente ingênua", observa o jornalista Thomas Roth, da rede de televisão ARD, citado pelo diário Frankfurter Rundschau.

Definindo posições -

Funcionando como a "grande arma", a mídia vai aqui e ali surpreendendo por seu papel de cada vez mais contundência em momentos de crise. Um dos casos interessantes é o do canal árabe de televisão Al Jazeera, acusado de servir de instrumento de divulgação para redes de terroristas. Além de rejeitar o selo da propaganda terrorista, o correspondente da Al Jazeera em Berlim, Aktham Suliman, ressalta em entrevista ao diário die tageszeitung o papel desempenhado pelas notícias que envia da Alemanha para o mundo árabe.

"Quando Schröder disse seu primeiro não à uma guerra contra o Iraque, a situação tornou-se interessante para nós. A posição alemã passou a ser percebida como muito positiva. Até então, a Europa Ocidental era tida como defensora de idéias, em princípio, antiárabes. De repente, começou-se a pensar: há também europeus de bom senso", comenta Suliman.

Saia justa -

Para países que ocupam no cenário internacional uma posição instável, todo o cuidado é pouco em relação a declarações veiculadas pela mídia. Estados que não gozam de total soberania, como a Bósnia-Herzegóvina, por exemplo, dependem, em várias instâncias, da "comunidade internacional". Concretamente, comunidade internacional significa aqui EUA e os países da Europa Ocidental.

Indispor-se com algum dos lados, através de alguma escapada veiculada pela imprensa, pode custar caro, comenta o professor bósnio de Filosofia Sacir Filandra. "Numa situação dessas, tantos as pessoas normais quanto o goveno procuram abster-se de dar qualquer opinião. Optam pelo silêncio, na esperança de que as decisões passem longe deles", finaliza Filandra.

Ausência de controle -

Hoje, mais do que nunca, é possível sabotar por completo a autenticidade dos fatos, fazendo com que eles apareçam ou desapareçam, de acordo com a vontade política do momento. "Sob a pressão cada vez maior da atualidade e na crise atual da mídia, informações veiculadas por jornais ou emissoras de televisão quase nunca podem ser controladas na fonte. Por isso, pode-se dizer que hoje é mais fácil fornecer propositadamente informações incorretas", observa em entrevista ao semanário Der Spiegel o psicólogo norte-americano Jo Groebel, especialista em questões relacionadas à mídia.

Os cenários da desinformação chegam a níveis às vezes grotescos, mas nem por isso deixam de influenciar os rumos da política internacional. O caso mais recente de "ofensa à inteligência da opinião pública", segundo Groebel, foi o do dossiê britânico sobre o Iraque, desmascarado como uma cópia barata do trabalho de conclusão de curso de um universitário.

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