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Armas pequenas matam mais

ef13 de janeiro de 2004

Centro Internacional de Conversão (BICC) de Bonn e Unicef exigem combate decisivo à propagação das armas pequenas. Em todo o mundo, 600 milhões delas estão em circulação e matam meio milhão de pessoas por ano.

Escultura "A arte de fazer paz", feita com armas pequenasFoto: AP

Armas pequenas, como a Kalashnikov russa e o fuzil padrão das Forças Armadas alemãs, o G-3, são as verdadeiras armas de extermínio em massa nas guerras de hoje, porque matam muito mais que os outros sistemas de armas. A denúncia conjunta do BICC e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) foi feita na abertura de uma exposição do Parlamento federal em Berlim sobre o tema, nesta terça-feira (13).

A data foi escolhida por ser o décimo aniversário do Centro Internacional de Conversão, que ajuda a destruir ou converter armas em bens civis em todo o mundo. Além de ser uma ameaça à segurança das pessoas, elas impedem o desenvolvimento das nações mais pobres, segundo os especialistas do BICC. O mais assustador, segundo eles, é que o número dessas armas em circulação cresce constantemente.

Cerca de 300 mil crianças são forçadas a combater com armas pequenas em diversas guerras no mundo, porque elas são baratas e de manuseio fácil. Na abertura da exposição na capital alemã, a ugandense China Keitetsi, que se tornou criança soldado aos nove anos de idade e vive atualmente na Dinamarca, fez um apelo a todos os governos para se empenharem pelo bem-estar das crianças combatendo a propagação de armas pequenas. Ela própria é traumatizada em conseqüência dos dez anos em que lutou como soldada forçada.

Filho do fim da Guerra Fria

- O Centro de Conversão em Bonn é um filho do fim da Guerra Fria. Quando ele foi criado em 1994, havia grande necessidade de conversão de imóveis militares na Alemanha, porque as potências de ocupação passaram a se retirar paulatinamente do país após a reunificação. Graças ao trabalho do BICC, as antigas casernas foram transformadas em conjuntos residenciais.

A meta do Centro nos anos seguintes foi a conversão de armas, como Kalashnikov e o G3. Há alguns anos, a Alemanha teve um excedente muito grande de G3, porque foram substituídas na Bundeswehr por outras armas mais modernas. O excedente foi exportado para vários países, entre eles a Turquia.

Lobby dá resultado

- Com um trabalho de lobby convincente e aconselhamento, o BICC mudou essa política de exportação oficial alemã. Segundo Michael Dedek, do Centro Internacional de Conversão, em vez de exportar, a Bundeswehr destruiu 100 mil armas pequenas. Atualmente o governo alemão está engajado no combate à propagação dessas armas e planeja destruir mais 400 mil fuzis G3 até 2007.

O diretor executivo do BICC, Peter Croll, também faz um balanço positivo e conclui: se o Centro não existisse teria de ser inventado agora, "pois o problema da propagação de armas pequenas em âmbito internacional, onde nós atuamos, exige um trabalho da natureza do que nós executamos mundialmente". Croll esclarece que, inicialmente, "o Centro tinha mais em vista os imóveis militares, enquanto na atualidade o trabalho mais urgente é na área conversão ativa e preventiva".

Prevenção sob encomenda

- Trocando em miúdos, quer dizer que as tarefas principais do BICC são combater a propagação de armas e ajudar a evitar conflitos e crises em todo o mundo. O centro tem quase 50 funcionários em oito nações, entre eles economistas, cientistas políticos e geógrafos. Eles trabalham sob encomenda de organizações internacionais, como a ONU e a União Européia, ou aconselham governos.

Croll cita como exemplo os conflitos por causa de água no sul da África: "Nós constatamos que lá existem muitas vias fluviais e rios a correr por várias fronteiras, cujo uso pode representar um catalisador para a paz. Isto quer dizer que podemos criar a possibilidade de evitar conflitos na disputa por água, se intensificarmos os esforços e se transpusermos esta experiência para outras áreas."

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