Túmulo foi descoberto durante uma escavação na Igreja de São João no ano passado. Pesquisadores querem descobrir quem foi enterrado no local. Suspeita-se que restos mortais sejam de arcebispo que morreu em 1021.
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Depois de meses de preparação, uma equipe internacional de pesquisadores abriu nesta terça-feira (04/06) um sarcófago de mil anos encontrado na Igreja de São João, em Mainz, no oeste da Alemanha. O túmulo foi descoberto no ano passado durante uma escavação na igreja, que é a mais antiga da cidade.
Usando um sistema de roldanas, a equipe levantou a tampa de 700 quilos. Provavelmente, essa foi a primeira fez que o sarcófago foi aberto. Os pesquisadores querem descobrir a identidade da pessoa que foi enterrada no local.
O mistério continuou após a abertura do túmulo. Segundo o arqueólogo que lidera o grupo, Guido Faccani, não foi possível confirmar se os restos mortais são do antigo arcebispo de Mainz Erkanbald, como suspeitam os pesquisadores. A localização do sarcófago, na nave central, e sua posição, apontado para o altar, indicam que a pessoa enterrada ali era uma autoridade da Igreja.
Após a primeira análise, foi descoberto, porém, que os restos são provavelmente de um homem e que o corpo foi tratado com cal antes do enterro. De acordo com Faccani, esse tratamento deveria acelerar o processo de decomposição. Há diversos motivos para isso, um seria evitar a propagação de odores na igreja.
Os especialistas não puderam radiografar os ossos, que estava em estado avançado de decomposição, restando apenas fragmentos. "Nem dentes foram encontrados", afirmou Faccani.
Os pesquisadores encontraram, no entanto, restos de tecido, que serão analisados posteriormente. E acreditam que o sarcófago tenha sido reformado antes do enterro do corpo. Não há evidências de que ele foi aberto nos últimos mil anos.
Historiadores esperam que os restos mortais possam a ajudar a solucionar alguns mistérios sobre a Igreja de São João. Acredita-se que o sarcófago pertença a Erkanbald, o arcebispo de Mainz que morreu em 1021. Se isso for confirmado, a igreja teria sido então a primeira catedral da cidade, que foi fundada pelos romanos no século 1º.
Os próximos passos da pesquisa são análises de datação por carbono e DNA. Os especialistas precisarão, porém, trabalhar rápido, pois o contato com o ar fresco após mil anos pode deteriorar as amostras.
O sarcófago será aberto para o público neste fim de semana e será fechado novamente nas próximas semanas.
CN/dpa/afp/dw
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Em 1992, os restos mortais de duas crianças foram descobertos sob uma catedral de Frankfurt. Agora, arqueólogos dizem que elas podem ter tido ligações familiares até com Carlos Magno.
Foto: Archäologisches Museum Frankfurt
Novas descobertas
Localizada em Frankfurt, a catedral de São Bartolomeu ganhou mais uma marca para seus 1.300 anos de história. Uma equipe de arqueólogos revelou que uma tumba misteriosa, foco de mais de 20 anos de pesquisa, continha não apenas uma, mas duas crianças. Acredita-se que elas tenham raízes nobres. Os pesquisadores também revisaram o ano da morte de 850 para antes de 730.
Foto: Archäologisches Museum Frankfurt
Anéis de ouro
Em 1992, uma escavação feita embaixo da catedral levou à descoberta dos restos mortais de uma menina. Ela estava coberta com joias de ouro, com estes anéis nos dedos. A decoração do túmulo tem origens na Dinastia Merovíngia, um grupo de tribos da Francônia que conquistou partes do norte da França e preparou o caminho para o Cristianismo no que são hoje os estados alemães de Hessen e Turíngia.
Foto: Archäologisches Museum Frankfurt
Eixo central
Os arqueólogos acreditavam que a garota havia sido sepultada por volta do ano 850 porque o túmulo se encontrava paralelo ao eixo central da catedral (em vermelho). Porém, uma análise aprofundada levou à descoberta de que não só a data do sepultamento era anterior ao que se pensava, mas de que a menina não estava sozinha na tumba.
Foto: Archäologisches Museum Frankfurt
Raízes escandinavas?
A sepultura também continha cinzas. Primeiramente, os arqueólogos não perceberam que os restos mortais eram de outra criança, que teria cerca de quatro anos de idade. A presença de garras de urso, bem como de ossadas de outros animais, remete a uma tradição pagã trazida possivelmente no século 11 por colonizadores escandinavos.
Foto: Archäologisches Museum Frankfurt
Detalhes de vidro e ouro
Sinais da influência escandinava também aparecem no colar encontrado no túmulo da garota, cujo medalhão central tem origem no norte europeu. Os pesquisadores ainda não identificaram a ligação entra as duas crianças, mas, devido ao destaque que o túmulo possui na base da igreja, acreditam que ambas foram reverenciadas pelos locais por séculos após a morte.
Foto: Archäologisches Museum Frankfurt
Transição religiosa
Uma cruz decorada a ouro que adorna o manto das crianças indica que houve ali um funeral cristão. Com a presença de antigos rituais pagãs alemães, o túmulo ilustra uma época em que a região do Baixo Reno passava por uma transição religiosa.
Foto: Archäologisches Museum Frankfurt
Conexão com Carlos Magno?
Segundo os pesquisadores, se a menina pertencia à nobreza, ela teria ligações com a poderosa família Hedenen, de onde veio a quarta esposa de Carlos Magno (742-814), Fastrada. Na mesma catedral, em 794, foi realizado o Conselho de Frankfurt, o mais importante reunindo bispos do Ocidente, organizado por Carlos Magno. Nele, foram definidas as bases teóricas para o Sacro Império Romano-Germânico.