Arqueólogos descobrem espada samurai de 400 anos em Berlim
27 de agosto de 2024
Raro artefato do período Edo levanta questões sobre sua jornada do Japão feudal isolado até o coração da Europa.
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No início, parecia um achado rotineiro. Em 2022, funcionários que trabalhavam nas obras de revitalização do Molkenmarkt, na região central de Berlim, encontraram, nos escombros que enchiam o porão de um prédio residencial perto da praça, um bastão de metal corroído.
A Molkenmarkt é considerada o lugar onde Berlim foi fundada, há quase 800 anos, e as escavações na região em obras já revelaram todo tipo de artefatos históricos.
Foi apenas durante a restauração do objeto que se descobriu que se tratava de uma valiosa espada japonesa de 400 anos. Um achado, já que o Japão permaneceu completamente fechado a estrangeiros até 1854.
A espada curta, conhecida como wakizashi, data do século 17, segundo informou o Escritório de Monumentos Estaduais de Berlim. Foi somente durante o trabalho de restauração no Museu de Pré-História e História Antiga que os especialistas perceberam que estavam lidando com um fragmento de uma wakizashi, espada tradicionalmente usada por samurais.
Punho do período Edo
O punho da espada, que tinha danos graves causados pelo calor, manteve partes de sua bainha de madeira, assim como fragmentos de seu invólucro de tecido e pele de arraia. O punho foi datado do chamado período Edo, entre os séculos 17 e 19. A lâmina é muito mais antiga e pode até ser do século 16.
A restauração revelou detalhes fascinantes: parte do punho foi decorada com o desenho de daikoku, um dos sete deuses da sorte do Japão. Além disso, a lâmina, embora tenha sido encurtada em algum momento de sua história, foi decorada com motivos de crisântemo e água, típicos do período Edo.
As radiografias feitas antes da restauração trouxeram mais revelações. Embora não tenha sido encontrada a assinatura do ferreiro, foi confirmado que a lâmina era originalmente mais longa, reforçando a hipótese de que a wakizashi foi cortada para um novo uso.
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Origem desconhecida
Ainda é um mistério como essa espada japonesa chegou a Berlim. Algumas teorias sugerem que ela pode ter sido um presente diplomático durante a Missão Takenouchi em 1862 ou a Missão Iwakura em 1873, quando enviados japoneses visitaram a Europa para estabelecer relações. Mas não foi encontrada nenhuma ligação direita com o local encontrado que comprove essa teoria.
"Quem poderia imaginar que, em uma época em que o Japão estava isolado e quase nenhum viajante europeu visitava o país, uma arma tão usada e ricamente decorada chegaria a Berlim", disse Matthias Wemhoff, arqueólogo diretor do Museu de Pré-História e História Antiga e dos Museus Naturais de Berlim.
A wakizashi foi exibida ao público pela primeira vez no Museu do Samurai de Berlim no sábado (24/08), durante a Longa Noite dos Museus, evento anual em que todos os museus da cidade abrem para visitação à noite.
Dez fatos curiosos sobre Berlim
A capital alemã se tornou um ímã turístico desde a queda do Muro de Berlim, em 1989. Mas poucos conhecem alguns superlativos e curiosidades impressionantes sobre a cidade.
Foto: Stefan Ziese/imageBROKER/picture alliance
Cidade com três casas de ópera
Berlim é a única cidade do mundo com três casas de ópera! Felizmente, não há nenhum fantasma - e, se houvesse algum, ele estaria bastante ocupado. A razão desta situação ímpar é que por mais de 40 anos Berlim, como todo o país, foi dividida entre Oriental e Ocidental. Mesmo depois da queda do Muro de Berlim, em 1989, as casas de óperas de ambos os lados continuaram em atividade.
Foto: Paul Zinken/dpa/dpa-Zentralbild/picture alliance
Mais pontes que Veneza
Ir de A a B em Berlim é fácil, pois a cidade tem cerca de 2.100 pontes, das quais mais de 600 são sobre a água. O número de pontes bate facilmente o de Veneza. Afinal, a capital alemã tem quase 200 quilômetros de rios e canais, com inúmeras embarcações sobre o rio Spree, o rio Havel e o canal Teltow.
Foto: picture-alliance/dpa/W. Kumm
Sonho de consumo
Paris tem a Galeria Lafayette, Madri tem a El Corte Inglés, mas é Berlim que tem a maior loja de departamentos da Europa continental. Fundada em 1907, a Kaufhaus des Westens (Loja de Departamentos do Oeste), mais conhecida como KaDeWe, tem o tamanho de oito campos de futebol, com 64 escadas rolantes e 26 elevadores. A cada dia, mais de 50 mil pessoas vêm aqui fazer compras, sendo 40% turistas.
Foto: Imago/Revierfoto
Confusão culinária
Quando o então presidente americano John F. Kennedy declarou "Ich bin ein Berliner" (Eu sou um berlinense), em 1963, ele insinuou que poderia ser um sonho, pois a guloseima frita recheada com creme ou geleia é conhecida em toda a Alemanha como "Berliner". Em Berlim, no entanto, é conhecido com "Pfannkuchen", panqueca. Já a panqueca é chamada pelos berlinenses de "Eierkuchen", bolo de ovos.
Foto: Caroline Seidel/dpa/picture alliance
Único restaurante público em prédio parlamentar
Um dos melhores locais em Berlim para desfrutar destas e de outras especialidades tipicamente alemãs fica no topo do prédio do Reichstag, sede do Parlamento alemão. Ele é o único restaurante em um prédio parlamentar no mundo aberto ao público. No entanto, é necessário registrar-se com antecedência, fornecendo dados pessoais e apresentando identificação ao entrar no prédio.
Foto: Christian Beier/chromorange/picture-alliance
Delícias multiculturais
Falando em comida, a grande comunidade turca de Berlim tem uma enorme influência na culinária local. Com 1.600 pontos de venda de döner kebab, em Berlim há mais deste tipo de estabelecimento do que em Istambul! A razão é que o kebab como lanche com carne, salada e molho foi realmente inventado em Berlim.
Foto: picture-alliance/dpa/W. Steinberg
Sem carne, por favor!
Quem não come carne tem muitas opções em Berlim. A cidade tem mais de 100 restaurantes veganos ou semelhantes, que servem comida sem origem animal. A maioria dos supermercados, cafés e sorveterias também oferece produtos veganos. A capital alemã tem até mesmo uma sex shop vegana.
Foto: Ole Spata/dpa/picture alliance
Importância do sexo
O sexo desempenha um papel especial em Berlim. Mesmo o lema não oficial da cidade "arm aber sexy" (pobre, mas sexy) reflete este aspecto da identidade moderna de Berlim. Para muitas pessoas, a expressão de sua sexualidade é parte da cultura geral da cidade. Há até mesmo um museu gay (Schwules Museum) e um museu de batons (Lippenstift-Museum).
Foto: picture-alliance/dpa/J. Kalaene
Museus e galerias de todos os tipos
Com 300 galerias, Berlim é o maior centro europeu de arte contemporânea. Quem busca obras fora do comum, certamente vai achá-las em Berlim. Entre os tantos tipos de museus, a cidade tem também os tradicionais, conhecidos mundialmente, na Ilha dos Museus. Berlim tem também o maior museu ao ar livre do mundo: a East Side Gallery, com arte pintada sobre o que resta do Muro de Berlim.
Foto: picture-alliance/S. Lubenow
Chove? Vou ao museu!
O clima em Berlim é tudo menos tropical, mas você sabia que lá há mais museus do que dias de chuva por ano? Portanto, não deixe que boatos de mau tempo atrapalhem seus planos turísticos. Os viajantes profissionais até planejam suas viagens em torno deste fato e procuram os interiores acolhedores de uma grande galeria ou museu em dias cinzentos e chuvosos de inverno.