Arqueólogos acham manuscritos bíblicos de quase 2 mil anos
16 de março de 2021
Fragmentos de pergaminho bíblico foram achados em caverna no deserto da Judeia e fazem parte de coleção de escritos judaicos conhecidos como Manuscritos do Mar Morto. É a primeira descoberta do tipo em 60 anos.
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Arqueólogos israelenses anunciaram nesta terça-feira (16/03) a descoberta de dezenas de fragmentos de um pergaminho bíblico de 1.900 anos. Os textos fazem parte de uma coleção de manuscritos judaicos conhecidos como Manuscritos do Mar Morto, descobertos há mais de seis décadas.
"Pela primeira vez em aproximadamente 60 anos, as escavações arqueológicas revelaram fragmentos de um pergaminho bíblico", disse a Autoridade de Antiguidades de Israel (IAA) em comunicado.
Os fragmentos foram encontrados em uma caverna na reserva natural Nahal Hever, no deserto da Judeia, ao sul de Jerusalém. O lugar é conhecido como "Caverna do Horror", pois 40 esqueletos humanos foram encontrados ali durante escavações na década de 1960.
Através de radiocarbono, foi possível descobrir que os fragmentos são do século 2º. Os textos, escritos em grego, permitiram reconstruir passagens dos livros de Zacarias e Naum, que fazem parte do livro dos doze profetas menores da Bíblia. Embora o texto esteja em grego, o nome de Deus está redigido na antiga escrita hebraica, disse a IAA.
Acredita-se que os fragmentos tenham sido escondidos no local durante a Revolta de Bar Kochba, um levante armado contra Roma durante o reinado do imperador Adriano, entre 132 e 136 d.C. Segundo arqueólogos israelenses, as cavernas serviram como refúgio para os judeus durante a revolta e também anteriormente, na época da destruição do Segundo Templo em Jerusalém pelos romanos, em 70 d.C.
Além dos fragmentos, foram encontrados objetos, um esqueleto de 6.000 anos de uma criança mumificada, envolto em tecido, e uma cesta de 10.500 anos – provavelmente a mais antiga do mundo, estima a Autoridade de Antiguidades de Israel.
Para a operação, que se estendeu pela parte do deserto da Judeia localizada na Cisjordânia, território ocupado por Israel desde 1967, a IAA forneceu aos arqueólogos drones e equipamentos de montanha.
Os Manuscritos do Mar Morto são uma coleção de textos judaicos achados em cavernas no deserto da Cisjordânia. Trata-se de mais de 900 manuscritos encontrados entre 1947 e 1956, considerados uma das descobertas arqueológicas mais importantes de todos os tempos, porque incluem textos religiosos em hebraico, aramaico e grego, bem como a versão mais antiga conhecida do Antigo Testamento.
Desde a descoberta dos Manuscritos do Mar Morto, as cavernas do deserto da Judeia se tornaram o alvo de saqueadores de antiguidades. Por essa razão, a IAA corria contra o tempo para chegar às descobertas antes que elas fossem roubadas.
le/ek (AFP, ots)
Tesouros arqueológicos de 2020
Apesar da pandemia, arqueólogos continuaram seus trabalhos e conseguiram fazer descobertas espetaculares em 2020, como sarcófagos, estátuas de mármore e moedas de ouro.
Foto: Khaled Desouki/AFP/Getty Images
Local do achado: Sacará
A antiga necrópole egípcia de Sacará (ou Sacara), a cerca de 30 quilômetros ao sul do Cairo, é um dos sítios de escavação arqueológica mais importantes do Egito, junto com o Vale dos Reis e as Pirâmides de Gizé. Em 2020, vários achados espetaculares colocaram Sacará nas manchetes internacionais. Em setembro e outubro, por exemplo, foram encontrados sarcófagos de madeira esplendidamente decorados.
Foto: Samer Abdallah/dpa/picture alliance
Sarcófagos do Antigo Egito
Em novembro, dezenas de sarcófagos foram descobertos novamente na necrópole de Sacará. Decorados com pinturas artísticas, os caixões de madeira datam de mais de 2,5 mil anos atrás. A fim de examinarem o interior dos sarcófagos mais de perto, os pesquisadores abriram cuidadosamente a tampa de cada um deles. As descobertas no Egito foram a sensação arqueológica de 2020.
Foto: Khaled Desouki/AFP/Getty Images
Placa de nome de lugar mais antiga do mundo
Em 2020, egiptólogos da Universidade de Bonn, na Alemanha, decifraram uma inscrição de mais de 5 mil anos feita numa pedra. A descoberta deriva de Wadi Abu Subeira, a nordeste de Assuã. Em cooperação com o Ministério de Antiguidades do Egito, que supervisiona as escavações de todas as equipes de pesquisa no país, cientistas descobriram que se trata de antiga placa toponímica do 4º milênio a.C..
Foto: Ludwig Morenz
Local do achado: Ruínas de Pompeia
O sítio arqueológico da cidade romana de Pompeia, ao sul de Nápoles, revela surpresas arqueológicas há décadas. Durante a histórica erupção vulcânica do Vesúvio em 79 d.C., o local foi soterrado por um misto de lama, chuva de cinzas e lava líquida, e muitas pessoas e animais morreram. Os antigos vestígios de Pompeia só foram redescobertos por arqueólogos no século 18.
Foto: picture-alliance/Jens Köhler
Antiga "lanchonete"
Pouco antes do Natal, arqueólogos de Pompeia apresentaram sua descoberta mais espetacular do ano: um "termopólio" – antigo restaurante de rua – com o balcão pintado. Os cientistas suspeitam que os buracos arredondados no balcão serviam para armazenar recipientes térmicos de comida. Pratos feitos com pato, frango e outros alimentos faziam parte do cardápio.
Foto: Luigi Spina/picture alliance
Muralha da cidade de Jerusalém
O ano de 2020 também levou a novas conclusões científicas: após anos de escavações na área da atual Jerusalém, uma equipe de pesquisadores liderada pelo arqueólogo alemão Dieter Vieweger descobriu partes da antiga muralha da cidade que datam do período bizantino e da época do rei Herodes. Com isso ficou claro que a Jerusalém histórica era significativamente menor do que se supunha até então.
Foto: DW/T. Krämer
Aldeia do século 2
Em Jerusalém, conflitos políticos e religiosos sempre fizeram parte do dia a dia. Em suas várias camadas arqueológicas, é possível identificar milhares de anos de história multicultural. No primeiro semestre de 2020, restos de uma muralha do século 2 foram escavados bem no meio de Jerusalém. Traços da vida cotidiana fornecem pistas sobre os assentamentos da época.
Foto: picture-alliance/NurPhoto/A. Widak
Cabeça do deus grego Hermes
Enquanto trabalhavam no sistema de canalização de Atenas, operários de construção encontraram a enorme cabeça de uma escultura antiga. Após exames mais detalhados, pesquisadores constataram que se tratava de um valioso bem cultural: a cabeça de mármore do deus Hermes, que, de acordo com o Ministério da Cultura grego, data do século 3 ou mesmo do século 4 a.C..
Foto: Greek Culture Ministry/picture alliance/dpa
O mistério de Stonehenge
Até hoje ainda não se sabe se Stonehenge era um templo, um antigo local de sacrifícios ou um observatório astronômico. Mas em 2020, pesquisadores conseguiram descobrir a origem das pedras mundialmente famosas no sul da Inglaterra. Segundo o estudo, as rochas vêm da região montanhosa dos Westwoods. Já a maneira como as pedras de até sete metros de altura foram transportadas permanece um mistério.