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Arquitetura operária para o mundo

Simone de Mello12 de julho de 2004

Seis conjuntos habitacionais operários de Berlim, exemplares clássicos do modernismo da década de 20, constarão da lista de patrimônio cultural mundial a ser enviada à Unesco.

Walter Gropius é um dos arquitetos dos conjuntos a serem sugeridos à UnescoFoto: dpa

Os seis conjuntos habitacionais que a cidade-estado de Berlim pretende sugerir para a lista de patrimônio cultural da Unesco se destacam não apenas como testemunho arquitetônico de uma época. Eles refletem claramente o desejo da arquitetura moderna de unir habitação social com arte.

Sobretudo durante a segunda metade da década de 20, período em que o social-democrata Martin Wagner assumiu a Secretaria de Habitação de Berlim, arquitetos como Walter Gropius, Hans Scharoun e Bruno Taut tiveram a chance de realizar seus inovadores projetos de moradia social. A nova forma de construção (Neues Bauen), incentivada de bom grado por Wagner, defendia espaços bem iluminados e arejados. A idéia era tirar os trabalhadores de cortiços insalubres e apertados e transferi-los para espaços convidativos e funcionais.

A habitação social moderna inaugurou uma forma rápida e econômica de construção através da fabricação padronizada e serializada de elementos. Formas simples, fachadas coloridas e a concepção de espaços diferenciados contribuíam para a identidade da nova arquitetura social.

Entre os conjuntos habitacionais construídos em Berlim de acordo com estes princípios entre 1913 e 1930, a Secretaria de Desenvolvimento Urbano escolheu seis exemplares para recomendar à Unesco:

Cidade-Jardim Falkenberg, Berlim / Treptow-AltglienickeFoto: Sen. Stadt Berlin

A Cidade-Jardim Falkenberg (1913-1914), tombada como patrimônio histórico e em processo de restauração, foi projetada pelo arquiteto Bruno Taut com uma concepção de cores extraordinariamente inovadora. Neste projeto, Taut resgatou a idéia britânica das cidades-jardins e a traduziu com grande sensibilidade, destacando-se como precursor de reformas emancipatórias na arquitetura.

Hufeisensiedlung, Berlim / Neukölln-BritzFoto: Stadt Berlin

Com o planejamento e a construção do Conjunto Habitacional Hufeisensiedlung (1925-31), assim denominado por causa da ampla edificação central em forma de ferradura em torno de um lago artificial, Martin Wagner e Bruno Taut abriram o caminho para a reforma da habitação social na cidade de Berlim. O projeto representa uma síntese do modelo de cidade-jardim com estruturas metropolitanas, como os conjuntos de moradia de aluguel.

Conjunto habitaciomal no Schillerpark, Berlim / Mitte-WeddingFoto: Sen. Stadt Berlin

O Conjunto Habitacional no Schillerpark (1925-30) foi construído em três fases de acordo com o projeto de Bruno Taut. Uma diferença em relação aos outros modelos de moradia social do renomado arquiteto é a fachada de tijolo aparente. A mistura criativa de diferentes materiais e os detalhes expressionistas tornam inconfundível o conjunto no bairro de Wedding.

Conjunto habitacional Carl Legien, Berlim / Pankow-Prenzlauer BergFoto: Sen. Stadt Berlin

O Complexo Habitacional Carl Legien (1929-30), também de Bruno Taut, foi construído no estilo da Nova Objetividade. Os edifícios de quatro a cinco andares se dispõem em forma de U; os espaçosos apartamentos têm sacadas para o pátio interno.

Weiße Stadt, Berlin / ReinickendorfFoto: Sen. Stadt Berlin

A Weiße Stadt (Cidade Branca) (1929-31) foi projetada pelos arquitetos Otto Rudolf Salvisberg, Wilhelm Bühning, Bruno Arends e pelo paisagista Ludwig Lesser. Sua marca registrada é o edifício de quatro andares que passa como uma ponte por cima da avenida. A notável ênfase às áreas livres é típica dos conjuntos habitacionais populares do período entre-guerras.

Siemensstadt, Berlim / Charlottenburg-SpandauFoto: Sen. Stadt Berlin

O Conjunto Siemensstadt (1929-31), localizado entre os bairros de Charlottenburg e Spandau, foi construído como vila operária de uma fábrica da Siemens. O projeto de Hans Scharoun contou com a participação de arquitetos de renome, como Otto Bartning, Fred Forbat, Walter Gropius, Hugo Häring e Paul Rudolf Henning. O que singulariza o projeto são as suas formas náuticas.

O Ministério alemão do Exterior pretende enviar o pedido à Unesco no início de 2006. Constar da lista de patrimônios históricos do órgão das Nações Unidas não implica receber subsídio. Muito pelo contrário: o governo alemão terá que provar que teria condições de manter o caráter original dos conjuntos, detalhando a estratégia de preservação em cooperação com os moradores.

Se os seis conjuntos habitacionais forem aceitos pela Unesco, ampliarão a lista de patrimônios alemães de relevância mundial, da qual já constam a Catedral de Colônia, a cidade de Lübeck, os parques de Potsdam-Sanssouci, a Ilha dos Museus em Berlim, além de quase vinte outros.

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