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Arquivos da ex-Alemanha comunista são fechados

12 de março de 2002

A sentença do tribunal de Berlim, proibindo que sejam divulgadas informações sobre as vítimas da Stasi, a polícia secreta da ex-Alemanha Oriental, reacendeu o debate sobre a investigação do passado recente da Alemanha.

Marianne Birthler, presidenta da BStUFoto: AP

A comissão encarregada dos arquivos da Stasi (BStU) suspendeu suas exposições e fechou o centro de informação e documentação de Berlim. Todas as pesquisas em andamento com jornalisas e cientistas foram canceladas e as páginas do site da BStU que citavam informações dos arquivos foram retiradas.

Esta drástica medida é resultado da sentença do Tribunal Administrativo de Berlim em favor do ex-chanceler Helmut Kohl, proibindo a comissão de divulgar informações dos arquivos da Stasi envolvendo pessoas públicas e sem o consentimento destas. O tribunal considerou que era mais importante proteger as vítimas de espionagem do que esclarecer a opinião pública.

Esta sentença põe fim à corrente prática de esclarecimento do passado da ex-Alemanha comunista. Cerca de 90% dos arquivos da Stasi terão de permanecer fechados, segundo Marianne Birthler, presidenta da BStu, pois esses documentos contêm informações sobre pessoas que não colaboraram com a polícia secreta. O tiro saiu portanto pela culatra, já que ficam isentados assim muitos funcionários do governo da ex-RDA (República Democrática Alemã).

Birthler pediu ao Parlamento federal para modificar a legislação que regula o trabalho da BStU. Ela foi apoiada pelo Partido Verde, por parte do SPD (Partido Social Democrático) e também pela fundação encarregada de avaliar o passado da ex-RDA.

Schröder

- O chanceler alemão Gerhard Schröder colocou ainda mais lenha na fogueira, na segunda-feira (11), propondo um debate nacional sobre os arquivos da Stasi. Schröder considera que a atual prática prejudica os alemães do leste (da ex-Alemanha Oriental) e favorece os alemães do oeste. Doze anos depois da reunificação, o passado dos alemães da ex-RDA continua sendo minuciosamente investigado, enquanto os alemães do oeste continuam gozando da impunidade. A história da RDA não deve continuar servindo de instrumento para o debate político da atualidade, estima Schröder.

Neocomunistas e democrata-cristãos

– As declarações do chanceler alemão receberam o apoio dos neocomunistas do PDS (Partido do Socialismo Democrático), que têm suas bases eleitorais na ex-RDA. A presidenta do partido, Gabi Zimmer, disse que é necessário objetivar o debate; o chefe da bancada do PDS, Roland Claus, afirmou que Schröder repetiu textualmente suas reivindicações de alguns anos atrás.

O secretário-geral da CDU (União Democrata Cristã), Laurenz Meyer, criticou Schröder, acusando-o de tentar angariar a simpatia do PDS e dos alemães do leste num ano de eleições legislativas. Mesmo doze anos após a queda do Muro de Berlim ainda é necessário investigar o papel dos funcionários da Stasi na vida pública, afirmou Meyer. Do contrário, haverá a suspeita de que todas as vítimas da Stasi são também criminosas.

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