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Arsenal químico da Síria pode ser neutralizado com água

Brigitte Osterath (cn)16 de dezembro de 2013

Apesar de serem denominados gases, tanto o sarin como o VX são líquidos e perdem sua periculosidade quando misturados à água. EUA têm equipamento portátil para a eliminação de gases tóxicos.

Um tanque de titânio (e) se destaca no equipamento para eliminar gases tóxicosFoto: army.mi/ECBC

Até 2014, todo o arsenal químico da Síria deve ser destruído, conforme o plano elaborado pelas Nações Unidas. Os Estados Unidos já se ofereceram para ajudar: segundo a Organização para a Proibição de Armas Químicas (Opaq), as substâncias deverão ser eliminadas num navio americano em alto-mar.

Um método simples para eliminar esses materiais seria queimá-los. Embora sejam denominados gases, sarin e VX são líquidos e, como a maioria das substâncias químicas com a mesma composição, inflamáveis. O calor quebra essas moléculas em partes menores, que não são perigosas.

Mas há também uma outra maneira de eliminar esses gases, e justamente essa foi a escolhida pelos americanos. Ela é menos espetacular do que a queima, mas mais sofisticada: esses gases mortais podem ser neutralizados pelo processo de hidrólise, ou seja, o rompimento de ligações químicas com o uso de água.

Hidrólise

Tanto o sarin como o VX possuem uma espécie de ponto fraco, um ponto na sua estrutura molecular em que reações químicas acontecem facilmente. É justamente essa ligação química fraca que torna esses gases tão perigosos, pois eles logo reagem com outras moléculas. No corpo humano, por exemplo, ligam-se de maneira irreversível a proteínas.

A água atua nesse ponto vulnerável do sarin e do VX, tomando a posição de outras substâncias químicas. A molécula que se forma a partir dessa reação tem uma estrutura química muito parecida à do sarin ou do VX, mas é infinitamente menos perigosa. Embora esse produto ainda tenha alguma periculosidade e necessite ser eliminado segundo diretrizes internacionais, ele perde sua toxicidade extrema.

Apesar de a hidrólise ser um processo reversível, uma grande quantidade de água assegura que a reação inversa seja extremamente improvável. Até mesmo água da torneira pode ser usada para neutralizar esses gases. Mas esse processo é lento. Em três dias, apenas a metade do sarin é neutralizada. A reação é muito mais rápida quando a água possui um pH (potencial de hidrogênio) básico.

Um pH 9, por exemplo, acelera muito o processo. Em menos de uma hora, metade do sarin é neutralizada. A água de elevado pH possui mais íons OH-, que reagem com o sarin e o VX. Para aumentar o pH, os químicos acrescentam uma solução alcalina à água.

Inspetores da ONU controlaram arsenal químico sírioFoto: Reuters

Eliminação em alto mar

As Forças Armadas dos EUA dispõem de um equipamento para neutralizar o arsenal químico da Síria, chamado Field Deployable Hydrolisis System (sistema de hidrólise utilizável em campo externo). Ele destroi 99,9% da quantidade de gases tóxicos colocada nele e tem capacidade para neutralizar entre 5 e 25 toneladas por dia, dependendo do gás.

O centro do equipamento é um tanque de titânio de 8 mil litros, onde são colocados os gases tóxicos, juntamente com muita água e as substâncias químicas necessárias para acelerar o processo de hidrólise. Para acelerar ainda mais a reação, o tanque é aquecido.

A reação deixa o tanque apenas depois de os gases venenosos terem sido completamente neutralizados. Para evitar vazamento de gáses tóxicos no meio ambiente, o aparelho é montado dentro de uma tenda à prova de gás.

Segundo as Forças Armada dos EUA, o sistema pode ser montado em qualquer lugar, inclusive sobre o navio USS Cape Ray. O equipamento leva dez dias para ser montado e são necessários 15 funcionários para mantê-lo em funcionamento dia e noite.

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