Feira de arte de Basileia é considerada a mais rentável do mundo, com a presença de celebridades e obras vendidas a milhões de euros. Interesse e disposição de compra dos colecionadores crescem a cada ano.
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Na Art Basel, feira de arte de Basileia, é possível adquirir tanto uma pintura de Picasso quanto uma obra de Damien Hirst ou uma escultura de Jeff Koons. Desta quarta-feira (18/06) até este domingo, 284 renomadas galerias de 33 países colocam obras de arte à venda na cidade suíça à beira do rio Reno. O leque de ofertas abrange de arte moderna a contemporânea.
"É um mito isso de que a feira é atraente apenas para milionários e que todos os artistas recebem fortunas." Com estas palavras, Marc Spiegler, diretor da Art Basel, abriu a coletiva de imprensa da feira deste ano.
Apesar dos tempos de recessão econômica, a disposição para investir em arte está crescendo. Em 2014, as vendas de arte movimentaram 51,22 milhões de euros mundo afora. Em 2004, menos da metade desse valor havia sido investido em feiras, leilões e galerias de arte.
Thaddaeus Ropac é dono de uma galeria austríaca e participa da Art Basel há 30 anos. Neste ano, ele traz obras de Georg Baselitz, Joseph Beuys e Robert Rauschenberg. Ele não recomenda a compra de arte por cobiça especulativa. "Não somos consultores de investimento", diz ele. "Estamos tentando criar e acompanhar acervos, cuja relevância deve perdurar."
Afã do consumo
Nesta edição da feira, a disposição de compra dos colecionadores na Art Basel também parece desenfreada. Os colecionadores e compradores de arte dos museus mais importantes do mundo são convidados a visitar a feira antes do público regular.
Celebridades também costumam marcar presença no evento suíço. Neste ano, o ator Leonardo di Caprio voltou a dar um pouco de glamour à feira de arte. E há obras de milhões de euros à venda – entre elas uma pintura de Mark Rothko, que deve mudar de proprietário por cerca de 45 milhões de euros.
O estande de Ropac foi praticamente esvaziado já nas primeiras duas horas da prévia da feira. Uma obra de Robert Rauschenberg foi vendida por quase um milhão de euros, e um "Georg Baselitz", por 550 mil euros. A escultura de Beuys e uma obra de Robert Longo também foram vendidas. "Muitas peças são ofertadas aos colecionadores antecipadamente, depois, basta uma breve visita para fechar o negócio”, explica o dono da galeria.
De 800 galerias que se candidataram, 284 foram selecionadas para a Art Basel deste ano. Aquelas que marcam presença na feira são consideradas as grandes do mercado de arte. A participação na Art Basel é uma espécie de gratificação, mas também pode ser um risco, pois um estande custa pelo menos 45 mil euros. Pequenas galerias podem não resistir a um fracasso em Basileia.
O grande mistério
O valor do montante das transações na Art Basel permanece um mistério. Afinal, o mercado de arte vive de sua discrição, e quando se trata de números, muita coisa é mantida em segredo. Quando uma obra é vendida, o colecionador pode não autorizar a divulgação do preço que pagou por ela.
Mais uma vez, a Art Basel mostra que o mercado de arte está em ascensão. "É possível notar um interesse enorme, que aumenta ano após ano", diz Ropac. Cerca de 90 mil visitantes são aguardados nesta edição da feira em Basileia.
As obras de arte mais caras do mundo
Colecionadores pagam fortunas por obras de artistas famosos. Poucos trabalhos, no entanto, foram comprados por mais de 100 milhões de dólares. Veja as dez obras mais valiosas.
Foto: picture-alliance/AP Photo/S. Wenig
O mais caro do mundo
A pintura "Salvator mundi" (Salvador do Mundo), de Leonardo da Vinci, foi leiloada em Nova York em 15 de novembro de 2017 por 450 milhões de dólares, tornando-se o quadro mais caro de todos os tempos. A pintura a óleo representando Cristo foi feita em madeira há 500 anos e mede 66 x 46 cm. Não foi revelado quem adquiriu o quadro, que era a última obra conhecida do autor em mãos privadas.
Foto: picture-alliance/AP Photo/S. Wenig
Picasso está na lista quatro vezes
O quadro "As mulheres de Argel (versão 0)", de Pablo Picasso, foi leiloada em 11 maio de 2015. Por mais de 179 milhões de dólares, a tela mudou de dono na casa Christie's de Nova York. Com essa transação, o pintor moderno espanhol aparece quatro vezes na lista das obras de arte que alcançaram os lances mais altos. E está em excelente companhia.
Foto: Reuters
Vice-campeão italiano
O pintor italiano Amedeo Modigliani pintou este "Nu deitado" em 1917, três anos antes de morrer. Em novembro de 2015, a tela foi arrematada na Christie's de Nova York por 170,4 milhões de dólares. O novo proprietário é Liu Yiqian, negociante e bilionário de Xangai, China.
Foto: picture-alliance/AP Photo
Bacon, o ex-número um
"Três estudos de Lucian Freud" de Francis Bacon era, até maio de 2015, o quadro mais caro já leiloado. Em 2013, os retratos que o inglês fez do também pintor Freud foram arrematados por 142,4 milhões de dólares. O tríptico pertence à colecionadora americana Elaine Wynn.
Foto: picture-alliance/dpa
Venda privada
O quadro "Adele Bloch-Bauer I" foi pintado pelo austríaco Gustav Klimt em 1907 e é mais conhecido como "Adele Dourada". Em 2006, o empresário americano Ronald Lauder o adquiriu por 135 milhões de dólares para uma galeria em Nova York, onde está exposto. Trata-se de uma venda particular, mas que foi organizada pela casa de leilões Christie's.
Em maio de 2012, a versão em pastel de "O grito", feita pelo norueguês Edvard Munch em 1985, foi leiloada por 119,9 milhões de dólares. Poucos sabem, no entanto, que há quatro versões deste quadro. Ao lado de "Mona Lisa", de Da Vinci, e "Girassóis", de Van Gogh, é um dos quadros mais conhecidos no mundo. O comprador foi o americano Leon Black.
Foto: Reuters
Monet: recorde do Impressionismo
Em maio de 2019, uma pintura da série "Meules", do pintor francês Claude Monet, foi vendida por US$ 110,7 milhões em um leilão em Nova York, marcando um recorde para o artista e para o Impressionismo. Pintada no inverno de 1890 na casa do artista em Giverny, na região francesa da Normandia, a obra é considerada um dos ícones do Impressionismo.
Foto: picture-alliance/AP Photo/Sotheby's
Nudez milionária
Pablo Picasso pintou "Nu com folhas verdes e busto" num único dia de 1932, retratando sua amante da época. Em termos atuais, um salário-hora milionário. Em 2010, um colecionador incógnito arrematou a tela pelo telefone, por 106,5 milhões de dólares. Em 2011, foi emprestada à galeria Tate, de Londres.
Foto: picture-alliance/dpa
"Acidente com carro prata", de Andy Warhol
Em 1963, o artista americano Andy Warhol produziu esta obra, que mostra várias imagens de um acidente de carro. A obra-prima foi leiloada por 105,4 milhões de dólares pela Sotheby's em 2013.
Foto: AUSSCHNITT: picture-alliance/dpa/Sotheby's
Outra obra de Picasso
O óleo "Rapaz com cachimbo" foi pintado por Pablo Picasso em 1905. Ele marca a transição do período azul para rosa do pintor. O quadro foi leiloado em Nova York em 2004 por 104,2 milhões de dólares.
Foto: picture-alliance/dpa
Escultura mais cara
O modernista suíço Alberto Giacometti também quebrou o próprio recorde no leilão de maio de 2015 em Nova York. Sua escultura "Homem apontando" alcançou 141,3 milhões de dólares.
Outra escultura de bronze de Giacometti, "Homem caminhando I" foi arrematada por 103,7 milhões de dólares pela filantropa brasileira Lily Safra. A escultura, de 1960, é considerada uma das mais destacadas obras de arte suíças no século 20. Ainda hoje ela estampa a cédula de 100 francos suíços.