Arte figurativa mais antiga do mundo é descoberta em Bornéu
8 de novembro de 2018
Pesquisadores afirmam que desenho feito numa caverna na parte indonésia da ilha de Bornéu tem pelo menos 40 mil anos. Descoberta desafia tese de que a arte figurativa rupestre surgiu na Europa.
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Pesquisadores australianos e indonésios localizaram a mais antiga pintura de um animal conhecida, a silhueta vermelha de um ser semelhante a um touro, na parede de uma caverna de calcário na ilha de Bornéu. A descoberta desbanca a teoria de que a arte figurativa rupestre surgiu na Europa.
Num artigo publicado na revista científica Nature nesta quarta-feira (07/11), os pesquisadores afirmaram que as análises de depósitos de carbonato de cálcio mostraram que o desenho tem pelo menos 40 mil anos, o que o torna um pouco mais velho que pinturas de animais semelhantes encontradas em cavernas na França e na Espanha.
A descoberta leva à conclusão de que a arte figurativa se desenvolveu mais ou menos simultaneamente na Ásia e na Europa, disse Maxime Aubert, professor associado da Universidade Griffith, na Austrália.
A pintura vermelha é uma entre milhares descobertas décadas atrás nessa região remota. Somente agora ela pôde ser datada, devido a uma nova tecnologia conhecida como datação urânio-tório.
"Quem eram os artistas da era do gelo de Bornéu e o que aconteceu com eles é um mistério", disse Pindi Setiawan, líder do grupo de pesquisa científica do Instituto Bandung de Tecnologia da Indonésia.
Durante a última era do gelo, quando o nível do mar chegou a estar até 120 metros abaixo do atual, Bornéu formava a ponta mais oriental da Eurásia, com a atual Europa no seu extremo mais ocidental.
Hoje a ilha de Bornéu é dividia em três partes: a maior parte pertence à Indonésia, a segunda maior à Malásia e a menor (encravada dentro da parte malaia) é o sultanato de Brunei Darussalam.
"Parece que duas antigas províncias de arte rupestre surgiram num tempo similar em cantos remotos da Euroásia Paleolítica: uma na Europa e outra na Indonésia", disse Adam Brumm, outro arqueólogo da Universidade Griffith envolvido no estudo.
Amostras na região indonésia de Kalimantan Oriental, na ilha de Bornéu, indicam que dois estênceis de cor laranja-avermelhada têm 37.200 anos de idade, e um terceiro desenho possivelmente até mesmo 52 mil anos, disseram os autores do estudo.
A equipe identificou duas fases: presumíveis pinturas de animais silvestres e os estênceis de mãos, com desenhos mais recentes e intricados que mostram figuras humanas, barcos e formas geométricas.
Para fazer a datação, a equipe de Aubert colheu amostras de um centímetro de diâmetro das obras, assim como da calcita subjacente.
Pesquisadores chegaram a conclusões semelhantes na ilha indonésia de Sulawesi em 2014, quando descobriram arte figurativa estimada em mais de 35 mil anos de idade.
A provavelmente mais antiga arte rupestre é uma pintura numa caverna perto da Cidade do Cabo, na África do Sul, com cerca de 73 mil anos.
Aubert afirmou que o próximo passo seria datar peças antigas na Austrália. "Nossa pesquisa sugere que a arte rupestre se espalhou de Bornéu para Sulawesi e outros mundos além da Eurásia, talvez chegando com as primeiras pessoas que colonizaram a Austrália", disse. "É uma janela íntima para o passado."
PV/ap/afp/dpa/lusa
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Descobriu-se que a formação pré-histórica no sul da Inglaterra é só a ponta do iceberg. Pesquisadores usaram tecnologia de mapeamento digital para revelar descobertas significativas por baixo do monumento.
Foto: SAUL LOEB/AFP/Getty Images
Uma nova luz sobre Stonehenge
“Ainda não se trata de uma nova descoberta sobre o Stonehenge, mas de um passo fundamental na forma como o entendemos”, disse Vincent Gaffney, professor da Universidade de Birmingham, que liderou o estudo de quatro anos sobre a formação rochosa. O resultado é um mapa digital delineando as antigas formações recém-descobertas – todas enterradas debaixo do sítio arqueológico de Stonehenge.
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"Terra incognita"
Por muitos anos, Stonehenge tem intrigado os cientistas e a maior parte da área ao seu redor permanece “terra incognita”, como apontou o professor Gaffney. Durante o estudo, o time da Universidade de Birmingham, em parceria com o Instituto Ludwig Boltzmann de Viena, descobriu 17 outros monumentos previamente desconhecidos que poderiam ser tão antigos quanto o próprio Stonehenge.
Foto: University of Birmingham
Enxergando o invisível
O que se parece com células vistas sob um microscópio são na verdade mapas digitais de monumentos rituais recentemente descobertos ao redor da área do Stonehenge. Os pesquisadores utilizaram magnetômetros, matrizes de radares de penetração no solo e sensores de indução eletromagnética, além de pesquisas de resistência da terra e varreduras terrestres com laser 3D para mapear a localização.
Foto: University of Birmingham
Tecnologia a serviço da História
Este projeto de quatro anos é o maior do gênero já feito até então. Na foto, um pesquisador utiliza um magnetômetro, instrumento que possibilitou uma representação espacial sem precedentes do mundo subterrâneo.
Foto: University of Birmingham
Super henge
Entre as descobertas em Durrington Walls, local habitado há cerca de 4,5 mil anos, está o chamado “super henge”. Trata-se de um enorme monumento ritual com mais de 1,5 quilômetro de circunferência. Especialistas acreditam que ele pode ter sido alinhado com até 60 pedras de três metros de altura, semelhantes ao Stonehenge. Algumas delas ainda podem estar intactas sob a terra.
Foto: University of Birmingham
Restos de madeira
Uma imensa construção antiga de madeira foi descoberta e mapeada em detalhes. Acredita-se que tenha sido utilizada para cerimônias fúnebres no passado, inclusive para o sepultamento dos mortos, e que provavelmente era recoberta por terra.
Foto: University of Birmingham
Cultos fúneberes antigos
A construção fúnebre de madeira, cujo esboço visto de cima é representado nesta imagem, é provavelmente mais antiga que Stonehenge, que os especialistas estimam ter sido erguido entre 3000 e 2000 a.C.
Foto: University of Birmingham
Pesquisa não-invasiva
"Desenvolver métodos não-invasivos para documentar nossa herança cultural é um dos grandes desafios do nosso tempo”, disse Wolfgang Neubauer, diretor do Instituto Ludwig Boltzmann, acrescentando que apenas a mais moderna tecnologia permite isso. Na foto, um pesquisador usa um radar de penetração no solo.
Foto: University of Birmingham
11 milênios em um único lugar
As imagens também revelam poços subterrâneos pré-históricos, centenas de sepulturas e assentamentos da Idade do Bronze, Idade do Ferro e época romana. Os dados fornecem aos pesquisadores novas interpretações sobre a área circundante, que abrange um período de mais de 11 mil anos. O trabalho de campo durou 120 dias, distribuídos ao longo de quatro anos.
Foto: Matt Cardy/Getty Images
Mistério antigo
O presidente Barack Obama visitou Stonehenge em 5 de setembro de 2014. Acredita-se que o monumento tenha sido erguido durante o período Neolítico e a Idade do Bronze, provavelmente com funções fúnebres ou religiosas. Mais do que isso, é difícil dizer, devido à ausência de documentos escritos. O que levou a uma série de teorias relacionadas as misteriosas pedras – algumas de caráter sobrenatural.