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As dúvidas do jovem Schiller em quadrinhos

av23 de janeiro de 2005

Louro ideal romântico ou ruivo sardento e magrelo? As representações pictóricas do grande autor alemão são contraditórias. Uma edição comemorativa em quadrinhos o revela como ser humano no duro caminho da maturidade.

O poeta-gênio e seu quadrinistaFoto: dpa

Um dos maiores desafios já enfrentados pelo desenhista de histórias em quadrinhos Horus foi decidir: qual era a verdadeira aparência de Friedrich Schiller? "O poeta foi manipulado ideologicamente", afirma, tentando explicar as formas tão díspares como Schiller (1759–1805) foi representado. Horus foi encontrar o verdadeiro Schiller justamente em sua máscara mortuária.

Por ocasião do bicentenário da morte do escritor, em 9 de maio, a Sociedade Alemã Schiller (sediada em sua cidade de nascença, Marbach) lançará uma revista em quadrinhos baseada na sua biografia, em colaboração com a editora Ehapa, de Colônia. Os editores esperam assim aproximar sobretudo os jovens leitores da vida e obra do autor de Guilherme Tell e Don Carlos.

Decisão vital

Johann Christoph Friedrich von Schiller tinha 22 anos ao deixar Stuttgart, fugindo do Duque Carlos Eugênio de Württemberg. Este proibira o então médico do regimento de dedicar-se à arte literária. Porém, o jovem dramaturgo, cuja peça Os Salteadores acabara de ser estreada, rebelou-se e escapou para Mannheim.

"A fuga significa que amadurece sua decisão de viver exclusivamente para a literatura", analisa Horus. Seus desenhos narram este episódio importante da vida de Schiller. O poeta-gênio não lhe interessa em absoluto: "Não o colocarei num pedestal, mas sim contarei a emocionante história de um ser humano".

Para o quadrinista de 42 anos, nada mais empolgante do que essa saga pessoal de amadurecimento, dúvidas íntimas e decisões corajosas. Antes mesmo de pegar no lápis, Horus W. Odenthal (seu nome verdadeiro) mergulhou em inúmeras biografias do escritor.

Schiller, desenhista de HQ

A casa onde nasceu Friedrich Schiller, em MarbachFoto: dpa

Porém, ainda mais reveladoras foram as cartas pessoais de Schiller. Nelas cristaliza-se a imagem de um homem contraditório: num momento, é o autor munido de infalível faro verbal e dramático, noutro é o pária, impetuoso e desmedido, sempre causando escândalo.

"Ele era como o menino feio da classe: ruivo, sardento, pálido, de pescoço longo e nariz de papagaio", assim sintetiza o desenhista sua visão do físico de Schiller. Essa imagem real foi transfigurada através dos séculos, transformando-o no atraente e louro jovem romântico.

O grande Schiller como herói de HQ: esta idéia, à primeira vista inusitada, revela-se bastante plausível. Segundo Christiane Daetsch, da Sociedade Alemã Schiller, "ele próprio possuía uma espécie de humor gráfico". Prova disso são as histórias ilustradas com "figuras cômicas", que o poeta desenhou para seu amigo Gottfried Körner.

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