A dez dias da abertura da Euro 2016 entram em vigor 95 mudanças nas regras do esporte bretão. Entre as mais importantes estão a proibição da "paradinha" e a possibilidade de cartão vermelho antes do início do jogo.
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Nesta quarta-feira (01/06), dez dias antes do jogo de abertura da Eurocopa, entram oficialmente em vigor, por deliberação da Fifa, 95 mudanças nas regras do futebol, destinadas a simplificar e melhorar o futebol. No Brasil, a CBF se antecipou e já adotou as mudanças para as suas competições.
Os oito membros do International Football Association Board (IFAB), órgão da Fifa que regulamenta as regras do esporte, riscaram um total de aproximadamente 10 mil palavras do regulamento anterior. Muitas vezes se tratavam de minúcias. Em alguns aspectos, porém, as novas regras significam alterações significativas. Estas são as dez mudanças mais importantes.
1. Pênalti
Quem der a chamada "paradinha" – como gosta de fazer o craque do Barcelona Lionel Messi – para fazer o goleiro saltar prematuramente para um canto do gol será punido com um cartão amarelo. O mesmo vale se um jogador não identificado cobrar o pênalti. Nos dois casos, a equipe adversária ganha uma cobrança de falta (tiro livre indireto). O goleiro também poderá receber cartão amarelo caso se adiante antes da cobrança. Nesse caso a cobrança é repetido se a anterior não tiver resultado em gol.
2. Punição tripla
Até agora, falta e mão na bola dentro da grande área eram ações punidas com cartão vermelho, cobrança de pênalti e suspensão para o jogador que cometeu a infração. Agora, o árbitro terá mais liberdade para decidir se dará cartão vermelho ou não. Caso o defensor tenha visado a bola ao derrubar o adversário, por exemplo, poderá receber apenas cartão amarelo.
3. Expulsão
Cartões vermelhos poderão ser aplicados não somente durante o jogo, mas até mesmo antes do apito inicial caso jogadores tenham comportamento antiesportivo. Apesar do cartão vermelho, o time pode mandar 11 jogadores a campo.
4. Pausa em contusão
Atletas poderão ser atendidos dentro de campo se a equipe médica conseguir fazê-lo em até 20 segundos. Até agora, independentemente da duração do atendimento, o jogador tinha que sair de campo e aguardar autorização do árbitro para voltar ao jogo.
5. Pontapé inicial
Até agora, o primeiro toque de bola da partida tinha que ser para a frente. Pelas novas regras, ele pode ser para trás, para o lado ou até para o goleiro.
6. Barreira de atacantes
Muitas equipes gostam de colocar, durante uma cobrança de falta, uma linha de jogadores logo atrás da barreira defensiva para atrapalhar a visão do goleiro. Isso agora não é mais permitido.
7. Pausa para beber
Em condições climáticas muito quentes, o árbitro pode estipular uma pausa para que os jogadores bebam água. No entanto, esse tempo deverá ser compensado posteriormente até o último segundo.
8. Cobrança de lateral
Ao cobrar a lateral, o jogador deve arremessar a bola com as duas mãos. Um lançamento com uma mão, em que a outra apenas apoia a bola, não é mais permitido.
9. Jogar sem chuteiras
Se um jogador perde uma chuteira durante o jogo, a partida não será mais imediatamente interrompida. O atleta pode continuar a jogar descalço até a próxima interrupção. O mesmo se aplica a quem perde a caneleira.
10. Cueca
Roupa íntima que possa ser vista deverá ter a mesma cor que o calção do uniforme.
O árbitro e seu equipamento
Em 1881, a associação de futebol inglesa nomeou um árbitro para fazer o registro do jogo, marcar o tempo e chamar a atenção no caso de mau comportamento. DW Brasil compilou a história da arbitragem e seus equipamentos.
Foto: picture-alliance/dpa
A figura do árbitro
No início, uma partida era controlada por dois juízes (umpires). Com a evolução do esporte, em 1881, a Associação de Futebol inglesa anunciou a nomeação de um árbitro (referee), que ficava fora do campo e era chamado para decidir em casos de disputa entre os juízes. Ele também deveria fazer o registro do jogo, marcar o tempo e chamar a atenção no caso de comportamento "pouco cortês".
Foto: picture alliance/Claus Bergmann
Utensílios do árbitro
Os chamados "umpires" foram abolidos em 1891. O árbitro foi movido para dentro do campo e ganhou poderes para tomar decisões sem esperar que fosse solicitado. Ele também ganhou dois auxiliares. Segundo o historiador do futebol Tony Matthews, dizia-se que, para entrar em campo, o árbitro precisava levar seis coisas: dois relógios, um bloco de anotações, um lápis, um apito e, naturalmente, a bola.
Foto: cc.by-Ronnie Macdonald
Apito sem bolinha
O apito, um dos utensílios mais marcantes do árbitro, já existia antes do futebol. Ele foi "copiado" dos policiais. Em 1878, um apito de latão sem bolinha foi usado em uma partida do Nottingham Forrest Football Club. Ele foi fabricado pelo ferramenteiro Joseph Hudson, que tinha uma paixão por apitos, segundo o departamento alemão de patentes (DPMA) .
Foto: cc-by-sa-Oosoom
Evolução do apito
Hudson também desenvolveu o apito com uma bolinha em sua cavidade, para produzir um som muito mais alto e vibrante. Pouco tempo depois, ele passou a ser usado no futebol. Com o tempo, os apitos passaram a ser feitos de plástico, com duas câmaras e sem bolinha, evitando assim a obstrução no caso de um sopro forte. Hoje, a maioria dos juízes usa esse tipo de apito oficial, denominado "Tornado".
Foto: picture-alliance/dpa
Cartões de advertência
Os cartões de advertência amarelo e vermelho foram usados pela primeira vez na Copa do México, em 1970, depois que na Copa anterior houve tumulto no jogo entre Argentina e Inglaterra, quando um jogador argentino não entendeu, supostamente, a expulsão proferida oralmente pelo árbitro alemão Rudolf Kreitlein. Na confusão que se seguiu, as instruções do juiz foram completamente ignoradas.
Foto: Fotolia/sportgraphic
Amarelo e vermelho
Ken Aston, juiz inglês da partida entre Chile e Itália na Copa de 1962, conhecida como "Batalha de Santiago", observou que a confusão no jogo arbitrado por Kreitlein advinha do fato de que nenhum jogador estava ciente da advertência recebida. Aston era assessor da Fifa para questões de arbitragem. No caminho para casa, um semáforo lhe deu a ideia e assim nasciam os cartões amarelo e vermelho.
Foto: gemeinfrei
Material refletor
Segundo o DPMA, na literatura de patentes não existe menção especial sobre "medidas emprestadas de outras áreas da tecnologia", como é o caso dos cartões de advertência. O certo é que, hoje, eles são feitos de materiais plásticos à prova de intempéries, sendo revestidos de tintas brilhantes ou material refletor, que permite a boa visualização sob a iluminação artificial dos grandes estádios.
Foto: Christian Spitschka/public domain
Marcação do tempo
Ao contrário de outras modalidades esportivas, para marcar o tempo no futebol, o relógio do árbitro é suficiente, diz o DPMA. Mas, no mundo das patentes, há ideias que permitem um cálculo mais exato do tempo: uma patente alemã de 1976 e outra americana, de 1999, preveem, respectivamente, as marcações do tempo de jogo e da prorrogação, acoplando-as com o sinal de apito.
Foto: picture-alliance/dpa
Bloco de anotações
O bloco de anotações é outra ferramenta do árbitro que se desenvolveu independentemente dos estádios. Patentes recentes sugerem um bloco de anotações como um pequeno computador. Além disso, uma patente alemã de 1999 descreve um cartão de advertência eletrônico capaz de processar dados inseridos pelo árbitro, como a quantidade de vezes, por exemplo, que um jogador recebeu um cartão amarelo.
Foto: picture-alliance/dpa
Bandeira eletrônica
O experiente árbitro alemão Rudolf Kreitlein sabia que dificuldades de contato visual entre o juiz e o bandeirinha poderiam levar a decisões erradas. Em 1981, ele deu entrada na patente do chamado "rádio comando", ou seja, a bandeira eletrônica, com a qual o árbitro auxiliar aciona um dispositivo de alerta para o árbitro. A princípio, no entanto, a Fifa rejeitou a invenção de Kreitlein.
Foto: picture-alliance/dpa
Comunicação entre árbitro e auxiliar
Tal sistema seria caro demais para tornar-se regra em todo o mundo, disse a Fifa, que somente 14 anos depois aprovou a comunicação por rádio entre o árbitro e o auxiliar. Em uma Copa, isso foi usado pela primeira vez na Alemanha, em 2006. Segundo o DPMA, a Fifa preferiu um sistema suíço mais moderno, mas Kreitlein realizou um trabalho pioneiro para melhorar a comunicação no campo de futebol.
Foto: picture-alliance/dpa
Tecnologia da linha do gol
Passados 30 anos de seu patenteamento, a bandeira eletrônica encontrou finalmente espaço no futebol profissional. Assim, é possível imaginar que algumas patentes ainda vão permanecer um bom tempo na gaveta até serem realizadas. Esse foi o caso da Tecnologia da Linha do Gol. Com câmeras espalhadas pelo estádio e bola dotada de sensor, ela será usada pela primeira vez na Copa do Brasil em 2014.