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CatástrofeEuropa

As enchentes do RS na imprensa europeia

9 de maio de 2024

Enchente histórica no Rio Grande do Sul repercutiu em veículos europeus na última semana, que destacaram número de vítimas, atuação de voluntários e prejuízos econômicos e associaram a catástrofe às mudanças climáticas.

Vista área de Porto Alegre com algumas ruas inundadas
Vista área de Porto Alegre parcialmente inundada pelas águas do GuaíbaFoto: Andre Penner/AP/dpa/picture alliance

Frankfurter Allgemeine Zeitung - Número de vítimas de enchente no Brasil sobe para ao menos 107 (09/05)

Na noite de quarta-feira, a chuva e os ventos fortes recomeçaram em Porto Alegre. Os trabalhos de resgate na cidade brasileira com milhões de habitantes e em outros cerca de 400 municípios do estado do Rio Grande do Sul tiveram que ser temporariamente suspensos. Após as fortes chuvas da semana passada, a região está debaixo d'água há dias. A situação ainda é muito tensa em muitos lugares. Até a manhã de quinta-feira, pelo menos 107 pessoas haviam morrido, e pelo menos o mesmo número de pessoas ainda estão desaparecidas.

O governo já forneceu bilhões em ajuda de emergência na semana passada, mas o apoio chega com relutância às pessoas afetadas. Mas a solidariedade com as vítimas das enchentes é grande. Doações financeiras e materiais são enviadas de todo o país. Os Correios aceitam doações em vários estados. Entre outros itens, são necessários colchões, toalhas de banho, cobertores, água potável, ração para animais de estimação, alimentos embalados e fraldas para crianças e idosos. Várias celebridades do Brasil estiveram entre os primeiros doadores. Algumas coletaram doações maiores por meio das redes sociais. Outras fretaram aviões e helicópteros para enviar água e alimentos às regiões afetadas. Várias empresas e organizações também organizam suprimentos de socorro para as vítimas no Rio Grande do Sul.

Embora o número de mortes não seja comparável, o grave desastre climático é comparado ao de 2005 em Nova Orleans, onde mais de 1.800 pessoas morreram após o furacão Katrina. A comparação se aplica especialmente à preparação inadequada das autoridades para um desastre dessa magnitude e à falta de coordenação nos esforços de ajuda.

Neue Zürcher Zeitung - Enchentes devastadoras no Brasil (07/05)

1,6 milhão de pessoas lotaram a praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, na noite de sábado. A estrela pop Madonna fez um show gratuito no local como encerramento de sua turnê mundial The Celebration Tour. Enquanto os visitantes festejavam intensamente, as pessoas mais ao sul, no estado do Rio Grande do Sul, lutavam contra torrentes de água. Há uma semana vem chovendo muito, causando inundações e deslizamentos de terra. Casas e pontes foram danificadas e várias estradas ficaram intransitáveis. (...)

As pessoas não estão lutando apenas contra as torrentes de água, mas também contra as notícias falsas. Um artigo no portal Gauchazh relata que se gasta mais tempo desmentindo notícias falsas do que fornecendo novas informações. Uma das notícias falsas menciona milhares de cadáveres boiando na pequena cidade de Canoas. O prefeito Jairo Jorge negou o fato e confirmou apenas duas mortes. Criminosos também tentaram lucrar usando um cartão do governo estadual e um número de telefone diferente para desviar doações. Criminosos também tentaram roubar barcos e motocicletas de voluntários em Canoas.

Süddeutsche Zeitung - "Cenas de uma guerra" (07/05)

Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul, falou de "cenas de uma guerra" quando lhe pediram para descrever a situação em seu estado no domingo. Esse estado está localizado no extremo sul do Brasil, bem na fronteira com o Uruguai: prados verdes, colinas amenas, pastagens exuberantes, pelo menos é assim que costuma ser. Mas agora o Rio Grande do Sul está em grande parte debaixo d'água. Torrentes de água de cor marrom-avermelhada submergiram ruas e vilarejos inteiros e transformaram campos em lagos.

Algo parece ter saído do controle: enquanto mais e mais chuva cai sobre o Rio Grande do Sul, os habitantes de São Paulo estão sofrendo com uma onda de calor. O mês de março deste ano já entrou para a história como o mais quente já registrado na cidade. No mesmo mês, a temperatura no Rio de Janeiro subiu para sensação térmica de 62 graus em um domingo.

No ano passado, quando o norte do Brasil foi atingido por uma estiagem histórica que secou rios inteiros na região amazônica, o sul do país já estava sofrendo com enchentes: em setembro e novembro, partes do Rio Grande do Sul ficaram debaixo d'água. Além disso, um ciclone atingiu a região em junho e causou devastação.

The Guardian - Enchentes no Brasil deixam mais de 155 mil desalojados (07/05)

Fotos do aeroporto de Porto Alegre, um dos mais movimentados do Brasil, mostravam o terminal principal completamente inundado e um avião de carga estacionado em uma área alagada, ao lado de escadas de embarque parcialmente submersas.

Quatro das principais rodovias que ligam a capital ao resto do estado foram completamente bloqueadas, enquanto os estádios dos dois maiores times de futebol da região, Grêmio e Internacional, também ficaram submersos, forçando os clubes a suspender os jogos.

Em discurso no domingo, o governador disse que não era hora de procurar culpados ou politizar a crise, e pediu um pacote de reconstrução no estilo do Plano Marshall para lidar com o que ele descreveu como uma situação de "pós-guerra". No entanto, há cada vez mais dúvidas sobre a falta de preparo de Porto Alegre para as enchentes e a crescente indignação com o custo humano causado pelas chuvas.

Le Monde - No Brasil, desastres naturais ligados ao aquecimento global estão aumentando (06/05)

O Brasil está a caminho de se tornar um dos países mais atingidos por desastres naturais ligados às mudanças climáticas. Depois de ondas de calor recordes no Rio de Janeiro e em São Paulo e de uma seca histórica na Amazônia, o sul do país está agora sob uma inundação sem precedentes.

Chuvas torrenciais atingiram o estado do Rio Grande do Sul, um dos mais prósperos da federação, localizado na fronteira com a Argentina e o Uruguai, e povoado por cerca de 11 milhões de gaúchos, apelido de seus habitantes. As imagens da cidade de Porto Alegre são particularmente impressionantes. A antiga capital do Fórum Social Mundial teve seu centro histórico submerso pelas águas barrentas do Guaíba, que subiu 5,3 metros acima de seu nível normal.

Financial Times - Enchente recorde no Brasil mata 95 pessoas e causa danos de US$ 1 bilhão (08/05)

As enchentes históricas ocorreram após chuvas intensas nos últimos dias, que alguns cientistas associaram às mudanças climáticas. Uma estação de monitoramento em Porto Alegre, a capital do estado, registrou quase 260 mm em três dias – o equivalente a uma média de precipitação de cerca de dois meses.

A Força Aérea Brasileira enviou drones de reconhecimento Hermes 900, produzidos em Israel, equipados com câmeras e sensores de alta definição, que operam junto com equipes em helicópteros para localizar e resgatar vítimas. Voluntários se juntaram ao esforço, incluindo pessoas que tentam usar pranchas de surfe e motos aquáticas para chegar aos que precisam de ajuda.

Até o momento, os danos econômicos estão estimados em cerca de 1 bilhão de dólares, de acordo com a Confederação Nacional dos Municípios. O Rio Grande do Sul é a quinta maior economia estadual do Brasil e é um importante produtor de produtos agrícolas, bem como um centro industrial. O estado é responsável por 70% da produção nacional de arroz, com previsão de perda de 10% por causa das enchentes. Trinta por cento da safra de soja de 21 milhões de toneladas do estado também deve ser perdida.

bl (ots)

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