As políticas de Trump que Biden deve reverter no 1º dia
20 de janeiro de 2021
Horas depois da posse, novo presidente dos EUA deverá assinar atos para retornar à OMS e ao Acordo de Paris e criar coordenação para combate à pandemia de covid-19, entre várias outras decisões.
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Apenas horas depois de assumir a presidência, nesta quarta-feira (20/01), o presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, dará início a uma ampla reversão do legado de seu antecessor, Donald Trump.
Biden vai adotar políticas completamente diferentes, quando não opostas, para a pandemia de covid-19, o meio ambiente, a imigração, a economia e a promoção da diversidade social, visando "não só reverter os graves prejuízos do governo Trump, mas também para começar a fazer o país avançar".
Ao todo, 17 atos executivos, memorandos e declarações serão assinadas pelo novo presidente no Salão Oval nesta quarta-feira. Apenas dois presidentes recentes assinaram ações executivas logo no primeiro dia de mandato – e cada um assinou apenas uma.
O novo presidente assinará as ordens quase imediatamente após fazer o juramento de posse, no Capitólio, saindo diretamente da cerimônia para a promulgação de atos executivos.
Meio ambiente e imigração
Entre as primeiras ações do novo governo estão o retorno à Organização Mundial da Saúde (OMS) e ao Acordo de Paris contra as mudanças climáticas, comunicou a equipe de transição.
Em relação à OMS, o novo presidente quer voltar a cooperar com esse órgão, que considera "essencial" para coordenar a resposta internacional ao novo coronavírus, e "tornar os americanos e o mundo mais seguros".
Na questão ambiental, um ato executivo dará início à reversão de políticas de Trump, o que inclui o fim do enfraquecimento de padrões de emissões de veículos, impor uma moratória nos leasings de exploração de petróleo e óleo no Ártico e revogar a aprovação do oleoduto Keystone XL.
O novo governo também irá suspender o veto de entrada para residentes de alguns países de maioria muçulmana e abandonar a construção de um muro entre os Estados Unidos e o México.
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Pandemia
A ajuda econômica às famílias mais necessitadas e o reforço do combate à pandemia do coronavírus também fazem parte da longa lista daquelas que serão as primeiras ações do governo Biden.
Um dos decretos vai criar a figura do coordenador do governo para a pandemia de covid-19. O cargo ficará com Jeff Zients, que responderá diretamente ao presidente. Outra tornará obrigatório o uso de máscaras e o respeito a uma distância mínima entre pessoas em prédios públicos federais.
Política social
Biden pretende solicitar uma revisão de todos os regulamentos e atos executivos da administração Trump considerados prejudiciais ao meio ambiente ou à saúde pública.
Ele ordenará às agências federais que cumpram as regras da igualdade racial e revejam as políticas que reforçam o racismo sistêmico, exigindo delas que não discriminem também com base em identidade de gênero e orientação sexual.
Depois, revogará uma ordem de Trump que tentava excluir pessoas sem cidadania dos censos e ordenará aos funcionários federais que façam uma promessa de ética que os comprometa a defender a independência do Departamento de Justiça.
Susan Rice, nova assessora de política interna de Biden, adiantou ainda que o novo presidente também revogará o recém-emitido relatório de Trump que tinha como objetivo promover a "educação patriótica".
Segundo a nova assessora de imprensa da Casa Branca, Jen Psaki, outras ações serão tomadas nos próximos dias, dando como exemplos a revogação da proibição de cidadãos transgênero fazerem serviço militar ou a chamada política da Cidade do México, que proíbe o financiamento dos EUA a organizações internacionais que realizam ou encaminham mulheres para aborto.
AS/lusa/efe/ots
A trajetória política de Joe Biden
Joe Biden foi eleito senador nos Estados Unidos pela primeira vez aos 30 anos. Quase meio século depois, ele assume o cargo mais alto do país. Eis sua trajetória política.
Foto: Howard L. Sachs/Consolidated News Photos/picture alliance
Primeiro juramento no hospital
O advogado Joseph Robinette Biden Jr. foi eleito senador pela primeira vez aos 30 anos. Contudo, esta seria uma das épocas mais difíceis de sua vida: duas semanas antes de ele tomar posse, sua esposa e sua filha de 1 ano morreram num acidente de carro. Os outros dois filhos, Beau e Hunter, ficaram feridos. Biden fez seu primeiro juramento à Constituição no hospital, ao lado do leito de Beau.
Foto: AP Photo/picture alliance
Um homem da política externa
Como senador de Delaware, ele não defendeu apenas os interesses de seu estado. Nas décadas de 1970 e 1980, o democrata se tornou conhecido sobretudo por lidar com assuntos estrangeiros. Nesta foto de 1979, ele conhecia o então presidente do Egito, Anwar as-Sadat, que pouco tempo antes havia assinado o histórico tratado de paz com Israel por meio da mediação do presidente americano Jimmy Carter.
Foto: Public Domain
A primeira candidatura: breve e dolorosa
Nas eleições presidenciais de 1988, Joe Biden fez sua primeira tentativa de ocupar o cargo mais alto do país. Mas logo surgiram acusações de plágio, alegando que ele teria usado trechos inteiros de discursos de outros políticos sem declará-los como tal. Quando surgiram questões sobre trabalhos de seus tempos de faculdade, ele retirou sua candidatura de apenas seis semanas.
Foto: Howard L. Sachs/Consolidated News Photos/picture alliance
A sombra do Comitê Judiciário
Como presidente do Comitê Judiciário do Senado (1987-1995), Joe Biden presidiu as audiências de 1991 para o candidato à Suprema Corte Clarence Thomas. A advogada Anita Hill (de costas) acusou Thomas de assédio sexual perante o comitê, mas Biden não respondeu ao caso. Em 2019, antes de sua candidatura presidencial, ele se desculpou – mas segundo Hill, sem muita convicção.
Foto: Blue Fox Entertainment/Everett Collection/picture alliance
A segunda candidatura: prêmio de consolação
Vinte anos após sua primeira candidatura, Biden (1º à esquerda) se ofereceu novamente aos democratas como candidato presidencial. Na ocasião, ele ostentava a imagem de um forte político de assuntos estrangeiros e se destacava como um homem de centro. No fim, porém, Barack Obama acabou se tornando candidato e presidente – e Biden, seu vice.
Foto: CJ Gunther/dpa/picture-alliance
O homem de Obama para assuntos do exterior
O presidente Barack Obama delegou a seu vice, Joe Biden, a tarefa que ele provavelmente fazia de melhor: conversar com parceiros estrangeiros – independentemente de qual continente. Ao longo de oito anos como vice-presidente, ele se encontrou não apenas com o então presidente do Conselho da UE, Donald Tusk (foto), mas com quase todos os principais políticos da Europa.
Foto: Reuters/F. Lenoir
A terceira candidatura: a jogada certa
Em 2019, Joe Biden tentou mais uma vez – aos 77 anos. Após a campanha das primárias democratas, estava claro que ele, e não o socialista Bernie Sanders, de 78, concorreria contra Donald Trump. O que provavelmente o ajudou foi a esperança de que Biden, tido como um ponto de equilíbrio entre democratas e republicanos, fosse a alternativa certa para o rival, um notório polarizador.
Foto: Morry Gash/Getty Images
Enfim na Casa Branca
Joe Biden deixou sua marca na política dos Estados Unidos por quase meio século. Agora, aos 78 anos, ele coroa sua carreira com o que provavelmente é o ápice na vida de qualquer político. Ao assumir a presidência, ele se torna o mais velho presidente a tomar posse no país. Talvez isso lhe confira a sabedoria necessária para voltar a unir a sociedade americana, hoje profundamente dividida.