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As possíveis soluções para a guerra na Ucrânia

7 de novembro de 2022

Nem Moscou nem Kiev querem negociar. Mas a pressão para que isso aconteça aumenta aos poucos no Ocidente.

Bombeiro junto a carro destruído com prédio em destroços ao fundo
Destruição após ataque aéreo na cidade de Zaporíjia Foto: STR/REUTERS

A guerra na Ucrânia chegou a um impasse. Graças em parte às armas ocidentais, o exército ucraniano recapturou áreas antes tomadas pela Rússia. Mas o presidente russo, Vladimir Putin, prossegue sua investida e destrói deliberadamente infraestrutura civil e áreas residenciais na Ucrânia e ameaça até usar armas nucleares.

Quanto tempo essa guerra ainda vai durar? Como ela poderia terminar e com que resultado?

Solução militar

De modo geral, há dois campos de argumentação. O primeiro sustenta que só pode haver uma solução militar. Segundo essa linha de raciocínio, a Ucrânia deve expulsar o exército russo de todos os territórios conquistados, incluindo a Crimeia. Só então poderia haver negociações com a Rússia.

Essa é a opinião do próprio governo ucraniano: é preciso continuar lutando sem concessões ou compromissos, como disse o presidente Volodimir Zelenski no Dia da Independência, no final de agosto.

Essa também é a opinião predominante em países próximos ou na fronteira ocidental com a Rússia, que se sentem ameaçados por Moscou, como os países Bálticos e a Polônia. Para eles, qualquer concessão à Rússia seria interpretada em Moscou como fraqueza e incentivo para novas invasões.

O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, adota uma postura semelhante. Em entrevista à DW em meados de outubro, ele disse que a Ucrânia tem que ganhar a guerra. Ele não disse o que exatamente entende por ganhar, mas deixou claro que, para isso, os membros da Otan devem dar o apoio necessário e durante o tempo que for necessário. "Não devemos esquecer que, se a Rússia do presidente Putin parar de lutar, haverá paz. Se a Ucrânia parar de lutar, ela deixará de existir como Estado independente."

Milhões de ucranianos deixaram o país desde a invasão russa em fevereiroFoto: Markus Schreiber/AP/picture alliance

Na Alemanha, a ministra do Exterior, Annalena Baerbock, do Partido Verde, está entre os que insistem na devolução de todos os territórios ucranianos tomados pela Rússia. Qualquer disposição para um compromisso é uma "atitude ingênua", que já teria falhado quando a Rússia anexou a Crimeia, disse ela no Fórum de Política Externa de Berlim no final de outubro.

Concessões territoriais são tabu

Mas exatamente isso é considerado impossível pela outra linha de raciocínio. Segundo essa, não há como derrotar a Rússia militarmente na Ucrânia, e além disso ela ainda tem a carta nuclear na manga.

O cientista político Johannes Varwick, da Universidade de Halle, inclui uma "libertação completa da Ucrânia" entre "objetivos máximos", que ele chama de irrealistas, "porque eles levariam a uma guerra de desgaste que duraria muitos anos e envolveria muitas vítimas, ou, em última análise, a uma escalada nuclear".

As vozes ocidentais que pressionam a Ucrânia por um compromisso se tornaram raras, especialmente desde as bem-sucedidas ofensivas militares ucranianas das últimas semanas. Provavelmente a preocupação de que declarações pessimistas possam minar a moral da luta ucraniana, por um lado, e a disposição de fazer sacrifícios nas sociedades ocidentais, por outro, desempenhem aqui um papel importante.

Alguns, no entanto, o fizeram. Em maio, o ex-secretário de Estado dos EUA Henry Kissinger aconselhou a Ucrânia a ceder território para obter a paz com a Rússia, mas voltou a descartar isso em julho. Na Alemanha, o filósofo Richard David Precht pediu concessões territoriais no início da guerra e, mais recentemente, que a Ucrânia se abstenha de aderir à Otan.

Em julho, ele e várias outras figuras proeminentes, incluindo a escritora Juli Zeh e o ex-general Erich Vad, pediram um "empurrão conjunto" para as negociações de paz. Do lado político, o partido populista de direita AfD e o partido A Esquerda estão pressionando por negociações de paz.

"Mudanças territoriais são um grande tabu na política ocidental, pelo menos publicamente, e são descritas como capitulação à agressão russa. No entanto, a menos que se adote a opção muito vaga de uma mudança de regime em Moscou, é a única saída possível para a situação", comenta Varwick.

Pressão cresce na Alemanha e nos EUA

Zelenski, de qualquer forma, quer continuar a luta "até o fim" e espera continuar contando com o apoio do exterior. Mas quão forte é esse apoio e quanto tempo ele ainda vai durar também depende do estado de ânimo nas sociedades ocidentais, e elas estão sofrendo com a escassez de energia e a inflação, em parte como resultado direto da guerra, e muitas cidades já enfrentam problemas para abrigar refugiados ucranianos.

Na Alemanha, o apoio às sanções da Rússia e às entregas de armas para a Ucrânia está diminuindo, ainda que lentamente, como mostra uma pesquisa da emissora ARD do início de novembro. Mas uma coisa mudou drasticamente nos últimos meses: 55% dos entrevistados acham agora que o esforço diplomático para acabar com a guerra "não vai longe o suficiente" − um aumento de 14 pontos percentuais em relação a junho. Em outubro, 26% já haviam dito que a Alemanha deveria fazer mais esforços para encontrar uma solução diplomática para o conflito. Outros 34% responderam "sim", mesmo que isso venha a significar que a Ucrânia faça concessões à Rússia.

Apagão em Kiev no final de outubro: a Rússia agora destrói deliberadamente instalações de abastecimentoFoto: Maxym Marusenko/NurPhoto/picture alliance

A pressão também cresce nos EUA, de onde vem a grande maioria do apoio ocidental à Ucrânia. E aumentará especialmente se os republicanos vencerem as eleições de meio de mandato. O líder republicano da Câmara, Kevin McCarthy, deu uma amostra disso: "Não acho que as pessoas queira estar numa recessão e dar um cheque em branco à Ucrânia". Ao mesmo tempo, 30 parlamentares democratas escreveram ao presidente Joe Biden para sugerir que os Estados Unidos iniciem negociações diretas com a Rússia para encerrar a guerra mais rapidamente.

Oficialmente, o governo alemão em Berlim não quer exercer pressão sobre Kiev e deixa à Ucrânia a decisão de se e quando negociar com a Rússia e se estaria disposta a fazer concessões a Moscou. 

No entanto, a coalizão de governo na Alemanha, entre verdes, social-democratas e liberais, não está totalmente unida em sua política para a Ucrânia. Os verdes, um partido pacifista, revelaram-se os maiores apoiadores de mais entregas de armas alemãs dentro do governo. Já a posição do chanceler federal Olaf Scholz ficou clara na recusa dele em fornecer à Ucrânia os tanques de batalha e veículos de combate de infantaria alemães solicitados com urgência.

Um longo caminho

O político democrata-cristão alemão Roderich Kiesewetter acha que negociações de paz só farão sentido quando a Ucrânia estiver numa posição militar forte. "É um longo caminho até lá." O momento e as possíveis concessões devem ser determinados pela própria Ucrânia. Ele próprio não vê razão para concessões territoriais ou para renunciar à adesão à Otan. Caso contrário, a Rússia seria recompensada por seu ataque, argumenta.

A especialista em Europa Oriental Lydia Wachs, da Fundação Ciência e Política (SWP), com sede em Berlim, vê o Ocidente num difícil ato de equilíbrio, sobretudo diante das ameaças nucleares de Moscou: "Por um lado, um Ocidente cedendo às tentativas de chantagem nuclear de Moscou não só resultaria em monstruosas consequências humanitárias, como também desestabilizaria amplamente a Europa. Por outro lado, uma derrota rápida e humilhante poderia levar Putin a riscos crescentes de escalada nuclear."

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