Confira os destaques do noticiário nacional e internacional desta terça-feira.
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França: Fillon é indiciado por desvio de recursos públicos. Leia mais
Mundo: Eurodeputado polonês é punido por declarações sexistas. Leia mais
Alemanha: Fotos inéditas de Hitler vão a leilão. Leia mais
Estudo: Ter filhos pode aumentar longevidade. Leia mais
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Opinião: A estratégia de Erdogan
De olho no referendo que pode ampliar seus poderes, presidente tenta insuflar sentimentos nacionalistas e islamistas entre os eleitores turcos. Europeus devem evitar essa armadilha, opina o jornalista Chase Winter. Leia mais
Na Holanda, a vitória já é do populismo
Partido de Geert Wilders aparece bem nas pesquisas, mas não deve chegar ao ponto de integrar o governo. Ainda assim, suas ideias já influenciam o tom da política nacional, em temas como refugiados, islã e UE. Leia mais
"Sem delação premiada estaríamos nas trevas"
Teor de depoimentos de ex-executivos da Odebrecht causará forte impacto político, mas consequências jurídicas da "lista de Janot" serão lentas por causa do foro, diz Oscar Vilhena, diretor da FGV Direito-SP. Leia mais
Pitadas: Purê, maçãs e morcilha numa combinação entre o céu e a terra
Típico da região do Reno, no oeste da Alemanha, prato Himmel un Äd combina suavidade de batatas e maçãs cozidas com sabor forte da salsicha de sangue. Receita é conhecida desde o século 18. Leia mais
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Fortes nevascas atingem os EUA
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Nem tudo é um mar de tulipas na Holanda
Os holandeses vão às urnas em eleições legislativas. E justamente nesse país pacato e admirado por sua atitude liberal e economia próspera, os populistas de direita ameaçam se afirmar como legenda mais forte.
Foto: Fotolia/samott
País-modelo da Europa?
Tendo como marcas registradas os bucólicos moinhos de vento e campos de tulipas, a Holanda, membro fundador da União Europeia, é um país florescente, com crescimento econômico estável, orçamento equilibrado, baixo desemprego e clima social liberal. Mas nas próximas eleições, entre os favoritos está justamente o populista de direita Partido para a Liberdade (PVV). Como se explica tal fato?
Foto: NBTC Holland Marketing
O grande simplista
No mundo globalizado, os problemas sociais, políticos e econômicos se tornam cada vez mais complexos, o que deixa muitos desorientados e perplexos. Essa é a grande chance de populistas como a Frente Nacional da França ou a Alternativa para a Alemanha. Na Holanda, quem vai à caça de votos com respostas simples para questões complexas é Geert Wilders e seu PVV.
Foto: SHK
Promessas mal cumpridas
Ao assumir a chefia de governo da Holanda em 2012, o liberal Mark Rutte comprometeu-se a promover a recuperação econômica e aumentar a prosperidade. E cumpriu essa promessa: os dados básicos da economia são inegavelmente positivos. O problema é que muitos holandeses das classes média e baixa não percebem diretamente qualquer melhora: sua situação de vida não é melhor do que cinco anos atrás.
Foto: Getty Images/AFP/F. Florin
Perda de confiança galopante
Rutte prometera, por exemplo, não mais investir verbas no saneamento das dívidas de outras economias nacionais da União Europeia. Mas pouco após sua posse, aprovou o pacote de resgate econômico para a Grécia. A partir daí, a perda de confiança se instaurou. Mais tarde, o governo ainda elevou para 67 anos a idade de aposentadoria e cortou benefícios sociais.
Foto: picture-alliance/dpa/S. Hoppe
Boom para quem?
Em breve os holandeses notaram que eram eles próprios que arcavam com o crescimento econômico nacional, sendo forçados a aceitar cortes no salário-desemprego e na assistência de saúde. O boom deixa os cidadãos insatisfeitos: o desemprego caiu, porém, mesmo tendo trabalho, muitos não ganham o suficiente para manter seu padrão de vida.
Foto: Reuters/M. Kooren
"Nosso barco está cheio!"
Em tais circunstâncias, reflexos nacionalistas vêm à tona – até mesmo na Holanda, cujo posicionamento fundamentalmente liberal há anos tem sido um modelo para muitos europeus. Também os holandeses passaram a se opor ao acolhimento de refugiados, num reflexo que vem a calhar para populistas de direita como Geert Wilders, sendo lenha na fogueira xenófoba, antieuropeia e anti-islâmica.
Foto: Getty Images/AFP/P. van de Wouw
Populistas unidos
No dia em que Donald Trump assumiu a presidência dos EUA, o PVV de Wilders liderou as sondagens pela primeira vez. E manteve essa posição desde então, com oscilações mínimas. Pesquisas sugerem que o PVV conseguirá 16% dos votos, seis pontos a mais que em 2012. O VVD (de 26% para 16%) do premiê Rutte e o social-democrata PvdA (de 24% para 8%), por outro lado, despencam.
Foto: DW/T.Lageman
Medo dos forasteiros
Estrangeiros, e sobretudo os muçulmanos, são alvo constante para Wilders. Não há praticamente uma aparição pública sua sem a advertência de que em breve o país estará "islamizado". Da mesma forma como, nos Estados Unidos, Donald Trump responsabiliza os mexicanos por tudo o que há de ruim, Wilders ataca regularmente os "marroquinos", que a seu ver não têm lugar na Holanda.
Foto: Getty Images/AFP/A. Johnson
Visibilidade indesejada
As casas de oração são expressão visível da presença muçulmana na Europa, e muitos simplesmente não querem mais vê-las. Wilders se aproveita desse reflexo, reivindicando a "proibição nacional de mesquitas". Inimigo tanto da "ideologia islâmica" quanto do euro, ele questiona a UE como um todo. Paralelamente, promete aos eleitores melhor previdência na terceira idade e aumento das aposentadorias.
Foto: Getty Images/AFP/B. Maat
Precisamos nos defender!"
Geert Wilders inegavelmente capitaliza o clima de insatisfação e insegurança na Holanda. Até hoje tem sido raro no país legendas extremistas conseguirem concretizar nas urnas os bons resultados nas sondagens. Mas por enquanto parece ressoar o argumento populista, de que em breve o país não precisará de diques só para se defender das águas do Mar do Norte, mas também dos forasteiros e refugiados.