Emprego pleno até 2025, benefícios sociais para famílias e lei para trabalhadores estrangeiros: em busca de mais um mandato, partido da atual chanceler federal alemã apresenta programa eleitoral.
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Ao apresentarem seu programa eleitoral nesta segunda-feira (03/07), o partido União Democrata Cristã (CDU), da chanceler federal alemã, Angela Merkel, e sua legenda-irmã, União Social Cristã (CSU), prometeram maior apoio a famílias, mais policiais, mais moradias e emprego pleno dentro de oito anos.
Após divergências entre Merkel e Horst Seehofer, líder da CSU, as legendas chegaram a um acordo sobre o programa para as eleições de setembro deste ano, nas quais a chanceler federal alemã busca um quarto mandato.
De acordo com o programa de 67 páginas – intitulado Prosperidade e segurança para todos –, as famílias deverão ter um aumento de 25 euros por filho e por mês no chamado Kindergeld (benefício social pago a quem tem filhos).
Além da ajuda financeira, deve ser criado o Baukindergeld, benefício que prevê que famílias que comprarem um imóvel receberão do Estado um valor adicional de 1.200 euros por filho e por ano durante um período de dez anos.
Os partidos afirmaram que 1,5 milhão de novas moradias devem ser construídas nos próximos quatro anos – o que deve ser alcançado em parte por meio de deduções fiscais.
Emprego, impostos, segurança
Para melhorar a segurança, 15 mil novos postos de trabalho devem ser abertos nas forças policiais.
Outro ponto-chave do programa eleitoral é o emprego pleno – definido por ambas as legendas como uma taxa de desemprego de no máximo 3% – até 2025. O índice de desemprego da Alemanha é hoje de 5,5%, e uma taxa na casa dos 3% não é registrada desde o chamado milagre econômico, de meados da década de 1970.
Leia a cobertura completa sobre aeleição na Alemanha em 2017
"Acreditamos que podemos alcançar o objetivo", declarou Merkel ao lado de Seehofer, em Berlim. "Nenhum posto de trabalho deve ficar desocupado", acrescentou a chanceler federal.
Nesse sentido, CDU e CSU anunciaram uma nova lei migratória para trabalhadores. Uma legislação do tipo incentivaria a imigração legal, disse Merkel, afirmando, no entanto, que não deve haver um sistema de pontos como o adotado no Canadá para trabalhadores estrangeiros
Com a quarta maior economia da Europa mantendo um crescimento econômico robusto, a CDU e a CSU também prometeram mais investimentos e garantiram que não vão aumentar impostos. O imposto de renda deve ser aliviado.
A questão dos refugiados continua sendo motivo de divergência entre Merkel e Seehofer. A chanceler federal reiterou que o teto anual de 200 mil refugiados a serem acolhidos pela Alemanha, exigido por Seehofer, está fora de cogitação. Ela enfatizou, no entanto, que CDU e CSU concordam que a crise migratória de 2015 – quando o país recebeu quase um milhão de refugiados – não deve se repetir.
Pesquisas apontam que a União CDU/CSU detém cerca de 40% das intenções de voto, 16 pontos percentuais à frente do atual parceiro de coalizão Partido Social-Democrata (SPD), do principal rival de Merkel, Martin Schulz.
LPF/dpa/rtr/afp/epd
Merkel a caminho do quarto mandato
Quem poderia pensar? Vista como líder interina de seu partido após saída de Helmut Kohl, Merkel chefia a CDU desde 2000 e, há 11 anos, a Chancelaria Federal. Confira momentos de uma carreira que ainda não chegou ao fim.
Foto: Getty Images/C. Koall
Primeiro juramento
"Eu quero servir a Alemanha". A promessa foi feita por Angela Merkel no dia 22 de novembro de 2005, quando tomou posse como chanceler. Depois da vitória apertada nas eleições gerais, ela se tornou a primeira mulher e a primeira alemã da antiga parte oriental a ocupar o cargo. Merkel se tornou a chefe de governo, comandado pela grande coalizão formada entre os partidos CDU, CSU e SPD.
Foto: picture-alliance/dpa/G. Bergmann
Quem tem medo do cão de Putin?
Merkel é conhecida por sempre ser racional e se manter calma. O presidente da Rússia, Vladimir Putin, quis aparentemente testar os nervos da chanceler quando a recebeu na residência presidencial em Sochi, em 2007. Putin conseguiu revelar o ponto fraco de Merkel: ela tem medo de cães. Isso não impediu que o presidente russo deixasse o labrador Koni farejar os sapatos da chanceler.
Foto: picture-alliance/dpa/D. Astakhov
Resgate financeiro
Em situações de crise, Merkel age com frieza. Quando os mercados financeiros entraram em colapso em 2008 e ameaçaram prejudicar a economia alemã, a chanceler se empenhou na proteção do euro e na criação de fundos de resgate para as economias mais fracas do bloco europeu. Ela se destacou como eficiente gestora de crises, mas não escapou de receber críticas de países como Grécia e Espanha.
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Caminho para o segundo mandato
Apesar do pior desempenho da aliança conservadora na história, Merkel venceu as eleições de 27 de setembro de 2009. Depois de se aliar ao Partido Social-Democrata (SPD), a chanceler estava pronta para iniciar o segundo mandato ao lado de outro parceiro, o Partido Liberal Democrático (FDP).
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Resposta rápida
Merkel que, como física, é conhecida por pensar de forma objetiva, não previu a catástrofe nuclear de Fukushima, no Japão. Defensora da política nuclear na Alemanha, Merkel mudou de posição em tempo recorde. A extensão do prazo de funcionamento das usinas foi suspenso e a Alemanha iniciou o processo de colocar fim ao uso da energia nuclear.
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O homem ao seu lado
Quem o reconheceria? Quem conhece sua voz? Há dez anos, o marido de Merkel, Joachim Sauer, professor de Química da Universidade Humboldt, em Berlim, se mantém discreto. Eles estão casados desde 1998.
Foto: picture alliance/Infophoto
Amizade em crise
As escutas de comunicações de políticos alemães por parte da Agência de Segurança Nacional (NSA), dos Estados Unidos, abalaram as relações da Alemanha com a Casa Branca. Até o celular de Merkel foi alvo de espionagem. Uma frase da chanceler ficou famosa: "Não é aceitável que países amigos espiem uns aos outros".
Foto: Reuters/F. Bensch
O paciente grego
O clube de fãs de Merkel é extenso, mas na Grécia é provavelmente menor. A hostilidade contra a chanceler alemã nunca foi tão grande como em 2014, no auge da crise da dívida grega. A imagem de velha inimiga ressurgiu, mas Merkel se manteve firme em relação à política de austeridade que previu cortes e reformas a serem cumpridos por Atenas.
Foto: picture-alliance/epa/S. Pantzartzi
Emotiva, às vezes
Tipicamente reservada, Merkel quebrou os protocolos durante a final da Copa do Mundo de 2014 no Rio de Janeiro. A chanceler federal alemã celebrou a vitória da Alemanha sobre a Argentina ao lado do presidente alemão, Joachim Gauck. Ela estava no auge de sua popularidade, assim como a seleção vitoriosa.
Foto: imago/Action Pictures
"Nós podemos fazer isso!"
Para Merkel, o direito de asilo a refugiados não pode ser limitado. "Nós podemos fazer isso" se tornou o credo da chanceler sobre a política alemã de acolhida aos migrantes que fogem de guerras e perseguições. Se o país dará conta da enorme demanda, isso já é uma pergunta ainda em aberto.
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"E agora, Merkel?"
Sexta-feira 13 – um massacre em novembro. A França está em situação de emergência e Merkel ofereceu "toda a assistência" ao país vizinho. O medo do terrorismo se espalha. Não há dúvidas de que esse é o maior desafio de Merkel em dez anos no poder.
Foto: picture-alliance/dpa/B. von Jutrczenka
Barulho na coalizão
Foi o castigo máximo para a chanceler federal. No congresso da CSU, em novembro de 2015, Horst Seehofer a repreendeu. O líder da legenda-irmã do partido de Merkel na Baviera criticou que a política migratória da chefe alemã de governo fez com que o país perdesse o controle de suas próprias fronteiras. Uma humilhação que Merkel teve que suportar de pé e sem oportunidade de resposta.
Foto: picture-alliance/AP Photo/S. Hoppe
Será que ele não poderia ficar?
Seria um alívio para Merkel continuar a lidar com Obama. Mas, no início, ela era bastante cética quanto a ele. O monitoramento do celular da chanceler federal, no contexto do escândalo de espionagem da NSA, parecia abonar a sua postura reservada. Mas, agora, um parceiro previsível sai de cena e dá lugar a Donald Trump. O jornal "New York Times" já a chama de "defensora do Ocidente liberal".
Foto: Reuters/F. Bensch
Merkel mais uma vez
Finalmente, após meses de intensas especulações em torno de sua candidatura à reeleição, Merkel confirma a sua intenção de concorrer a um quarto mandato. Durante entrevista coletiva em 20/11, ela diz à liderança de seu partido, a União Democrata Cristã (CDU), estar preparada para chefiar a legenda na eleição parlamentar alemã, prevista para setembro ou outubro de 2017.