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Assad deixa de ser principal ameaça na Síria

Diana Hodali (rm)25 de agosto de 2014

Avanços dos extremistas do "Estado Islâmico" enfraquecem regime sírio e tomam do ditador Bashar al-Assad o posto de inimigo número um do Ocidente no Oriente Médio.

Foto: Reuters/Syria TV

A Síria está em guerra há mais de três anos. Mais de 190 mil pessoas foram mortas e muitas de suas cidades, vilas e aldeias, destruídas. O combate contra o grupo terrorista "Estado Islâmico" no vizinho Iraque, no entanto, vem ofuscando a violência no país.

O grupo, que surgiu no Iraque como uma dissidência da Al Qaeda, ganhou força e destaque no cenário internacional depois de lutar na cidade síria de Ar-Raqqah. No início, Assad não fazia diferenciações entre seus inimigos, qualificando todos como "terroristas".

Ainda não está claro por que, no início de 2012, Assad ordenou a libertação de centenas de radicais islamistas, muitos deles líderes salafistas, da prisão de Saidnaya, perto de Damasco. Alguns especialistas acreditam que a decisão era parte da estratégia do regime sírio de lembrar a população sobre os perigos de um reino islâmico de terror.

Contra o regime

Há alguns meses, grupos de oposição na Síria receberam armas francesas, segundo o presidente da França, François Hollande. No entanto, os grupos opositores moderados estão em retirada, pois têm de lutar contra o regime e contra os grupos terroristas de oposição.

No começo, os jihadistas não lutavam contra as forças de Assad e focavam sua estratégia em ganhar o controle de áreas libertadas pelos rebeldes sírios. Isso fez com que a resistência contra Assad se enfraquecesse e caísse nas mãos do regime.

"De um ponto de vista militar, o 'EI' é um dos maiores perigos para Assad", diz o cientista político alemão Jochen Hippler, da Universidade de Duisburg.

Em Aleppo, por exemplo, grupos moderados de oposição estão cada vez mais na defensiva enquanto militantes do "Estado Islâmico" se aproximam da cidade. No norte e no leste do país, eles controlam um terço do território total da Síria.

Militantes do "Estado Islâmico" tentam tomar o controle da província de Ar-RaqqahFoto: Reuters

No domingo, extremistas do grupo assumiram o controle do aeroporto militar de Tabqa, até então último bastião do regime de Assad na província de Raqa.

Os avanços obtidos pelo "Estado Islâmico" na Síria estão enfraquecendo o regime, razão pela qual a Força Aérea do país está oficialmente atacando alvos controlados pelo grupo. Os EUA também já afirmaram que não descartam ataques contra o "EI" na Síria.

Parceria indesejada

Embora o Reino Unido já tenha descartado qualquer tipo de cooperação com Assad, especialistas acreditam que as vitórias do "Estado Islâmico" na Síria poderiam fazer do presidente sírio um parceiro na região.

Na semana passada, o presidente americano, Barack Obama, classificou a destruição das armas químicas da Síria como uma "conquista importante". Ao mesmo tempo, ele advertiu Assad a não cometer crimes contra o seu povo. Obama, no entanto, não pediu a saída do presidente sírio do poder.

"Os ataques políticos e verbais do Ocidente contra Assad foram obviamente atenuados, já que ele não é mais considerado a principal ameaça. O foco agora está no 'Estado Islâmico'", diz Hippler.

Enquanto o Ocidente está apoiando os curdos no Iraque e os EUA realizando ataques na região, não houve auxílio militar para a Síria, o que fez com que muitos sírios se sentissem abandonados pela comunidade internacional.

"Muitos sírios nem veem mais Assad como a principal ameaça, ele agora é o menor de dois males", afirma Hippler, em referência aos métodos brutais do "Estado Islâmico" apresentados em diversos vídeos.

O grupo parece ser agora o inimigo número um não apenas dos sírios, mas também do Ocidente.

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