Em entrevista a TV americana, ditador sírio afirma que "Estado Islâmico" tem recrutado cerca de mil pessoas por mês. Ele nega que Exército sírio faça uso de gás clorídrico e garante estar aberto a diálogo.
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Em entrevista no programa 60 Minutes, da emissora americana CBS, o ditador sírio, Bashar al-Assad, afirmou que a organização terrorista Estado Islâmico (EI) continuou a crescer nos últimos seis meses, apesar dos ataques aéreos liderados pelos Estados Unidos.
Assad disse que, às vezes, os bombardeios têm um efeito local. "Mas, em geral, se você quiser falar em termos de EI, na verdade o EI tem se expandido desde o início dos ataques", disse Assad, em entrevista transmitida no domingo (29/02).
O ditador afirmou ainda que há estimativas de que o EI estaria recrutando aproximadamente mil pessoas por mês na Síria e no Iraque. "Eles estão se expandindo na Líbia [...] e muitas outras organizações afiliadas da Al Qaeda anunciaram lealdade ao EI. Esta é a situação", acrescentou.
Indagado pelo correspondente da CBS Charlie Rose sobre o alegado uso de gás clorídrico e bombas de barril [artefato explosivo improvisado, contendo estilhaços, petróleo ou armas químicas] por seu Exército, Assad afirmou que essas alegações são "parte da maliciosa propaganda contra a Síria".
"Em primeiro lugar, o gás clorídrico não é um gás militar. Você pode comprá-lo em qualquer lugar. Ele não é muito eficaz, isto é bastante evidente. Armas tradicionais são mais importantes do que o cloro. E se fosse muito eficaz os terroristas teriam usado isso em uma escala maior", respondeu Assad.
Atualmente, Washington está buscando negociar uma solução para a guerra civil na Síria que excluiria Assad. Funcionários do Departamento de Estado dos EUA disseram, recentemente, que Assad "nunca" será parte de uma negociação para acabar com o conflito sírio, mas que membros de seu governo poderiam ser parte do processo.
Ainda na entrevista, o presidente da Síria disse que em princípio, todo diálogo é uma coisa positiva. Mas deixou claro que qualquer conversa com os Estados Unidos precisa ser baseada em "respeito mútuo".
Questionado sob em quais circunstâncias deixaria o poder, Assad respondeu: "Quando eu não tiver o apoio público. Quando eu não representar os interesses e valores sírios."
O conflito na Síria começou em março de 2011, com protestos contra Assad. Desde então, mais de 220 mil pessoas foram mortas e quase 4 milhões fugiram do país.
PV/afp/ap/ots
Síria: patrimônio histórico destruído na guerra civil
Cerca de 300 locais de interesse histórico já foram danificados, saqueados ou totalmente destruídos na guerra civil da Síria. Uma excursão aos patrimônios culturais ameaçados do país.
Foto: Fotolia/Facundo
Destruição
Em quase quatro anos, a guerra civil síria contabilizou centenas de milhares de mortos e o deslocamento de cerca de dez milhões de pessoas. Análises do Instituto das Nações Unidas para a Formação e Pesquisa (Unitar, em inglês) feitas por satélites mostram a destruição de patrimônios culturais no país. Nesta foto, o centro histórico de Damasco.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Tödt
Mesquita dos Omíadas
A análise revelou que 290 sítios culturais foram fortemente atingidos. Do ano 708, a Mesquita dos Omíadas, em Damasco, teve o mosaico de sua fachada destruído por tiros.
Foto: picture-alliance/blickwinkel/Neukirchen
Imagem de destruição
Especialmente atingida foi a metrópole de Aleppo, que, com 7 mil anos de história de assentamentos, faz parte das cidades mais antigas do mundo. A imagem de satélite à direita mostra a destruição na região próxima à cidadela.
Foto: US Department of State, Humanitarian Information Unit, NextView License (DigitalGlobe)
Antes dos tiros
A Mesquita dos Omíadas, em Aleppo, também foi fortemente danificada. A mesquita, do ano 715, foi reconstruída diversas vezes nos séculos seguintes à sua construção. Especialmente o minarete, do ano de 1092, é considerado uma obra-prima arquitetônica. Aqui, uma foto da mesquita antes de ser destruída.
Foto: picture alliance/Bibliographisches Institut/Prof. Dr. H. Wilhelmy
Troca de acusações
O minarete da Mesquita dos Omíadas foi destruído durante uma batalha, em 2013. Hoje sobrou somente o escombro, já que grande parte da edificação foi gravemente danificada. O governo e os rebeldes acusam-se mutuamente.
Foto: J. Al-Halabi/AFP/Getty Images
Luta implacável
A batalha entre o governo e rebeldes por Aleppo ocorre desde 2012 e faz com que os danos sejam proporcionais ao tempo do confronto. O hotel Carlton, de 150 anos, em frente à cidadela de Aleppo, era famoso, entre outros motivos, por seu interior histórico e bem conservado.
Foto: CC-SA-BY-Preacher lad
Totalmente destruído
Hoje não sobrou nada do hotel. Em maio de 2014 foram acionados explosivos em um túnel localizado embaixo da construção. De 210 prédios históricos analisados pela Unitar em Aleppo, a metade foi danificada e um quinto foi totalmente destruído.
Foto: picture-alliance/AP Photo
Mercado de "conto de fadas"
Visitantes do mercado de Aleppo se sentiam num conto de fadas das mil e uma noites. O bazar, que permaneceu inalterado desde o século 16, consistia de uma longa rede de vielas totalizando sete quilômetros.
Foto: AP
Perdido para sempre
Em 2012, um incêndio causou danos irreversíveis ao mercado. De acordo com números oficiais, 1.500 das 1.600 lojas no bazar foram danificadas ou destruídas.
Foto: AP
Inconquistável, mas…
Numa fortaleza curda, foi construído durante os séculos 12 e 13 o chamado Forte dos Cavaleiros, um castelo para cavaleiros das Cruzadas. A edificação era conhecida por nunca ter sido conquistada por meio de guerra ou de cerco.
Foto: picture-alliance/AP Photo/D. Vranic
… não indestrutível
O castelo, que se localiza ao leste de Homs e próximo à fronteira com o Líbano, foi submetido novamente à artilharia de fogo e ataques aéreos. A luta deixou o teto e muros destruídos, como também partes da edificação desmoronadas.
Foto: picture-alliance/AP Photo/D. Vranic
Impossível de se reconhecer
Dura Europos foi fundada no ano 300 a.C. como uma colônia militar. Aqui não somente as batalhas, mas também os constantes saques foram responsáveis para que muitas edificações da chamada "Pompeia síria" não sejam mais reconhecíveis.
Foto: picture-alliance/akg-images/Leo G. Linder
Templo destruído
A cidade de Palmira é considerada um dos centros culturais da antiguidade. Lutas, saques e o roubo de pedras afetaram consideravelmente as atrações históricas. De 2 mil anos, o templo de Baal – na foto, antes da guerra civil – perdeu uma de suas colunas.