Assassinatos de negros sobem, e demais caem em uma década
27 de agosto de 2020
Segundo Atlas da Violência, homens negros correm risco 74% maior de serem vítimas de homicídio do que restante da população. Estudo mostra queda de 12,9% nos assassinatos de brancos, amarelos e indígenas de 2008 a 2018.
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Os assassinatos de negros no Brasil aumentaram 11,5% em uma década, revelou o Atlas da Violência de 2020, divulgado nesta quinta-feira (27/08). De 2008 a 2018, a taxa de homicídios neste grupo da população saltou de 34 para 37,8 por 100 mil habitantes.
Já entre os não negros houve uma diminuição de 12,9% no mesmo período, e a taxa passou de 15,9, em 2008, para 13,9 por 100 mil habitantes, em 2018. No atlas, esse grupo reúne brancos, amarelos e indígenas, segundo a classificação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os negros correspondem à soma de pretos e pardos.
De acordo com o Atlas, elaborado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), homens negros correm um risco 74% maior de serem vítimas de homicídio do que o restante da população. Entre as mulheres negras, esse risco é 64% maior.
Segundo o estudo, essas taxas expressam as desigualdades raciais existentes no Brasil. "As mortes de negros puxam duas vertentes. Primeiro que o negro sofre discriminação no trabalho e na diferença educacional, por exemplo, então é uma trajetória que o torna mais vulnerável à violência. Além disso, tem o racismo que mata. A ideia do negro perigoso culmina muitas vezes no uso da força contra ele", afirmou o coordenador do Atlas, Daniel Cerqueira.
Ao total, 628 mil assassinatos foram registrados entre 2008 e 2018. A maioria das vítimas são homens, 91%, sendo 55% com idades entre 15 e 29 anos. O estudo mostra ainda que 71,1% dos homicídios foram cometidos com arma de fogo.
Elaborado com dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade, do Ministério da Saúde, o Atlas mostrou uma queda no número de assassinatos no país em 2018, quando foram registrados 57.956 mil homicídios. A taxa de homicídios ficou em 27,8 por 100 mil habitantes.
Em 2018, do total de mortos, 75,7% eram negros, ou seja, para cada não negro assassinado havia 2,7 negros. Em Alagoas, porém, para cada não negro morto, 17 negros foram vítimas de homicídio.
De acordo com especialistas, diversos fatores explicam a queda em 2018. Entre eles, políticas estaduais voltadas a combater à violência, a redução da quantidade armas em circulação no país devido ao Estatuto do Desarmamento, a diminuição da população jovem com a queda da natalidade, e a redução dos conflitos entre facções criminosas.
Outro fator que pode explicar essa queda é o aumento de 25,6% nas mortes violentas com causa indeterminada. Em 2018 foram registradas 12.310 mortes cujas causas não foram esclarecidas. Esse registro ocorre quando informações sobre vítimas e incidentes não foram preenchidas corretamente e não se consegue estabelecer se as mortes foram causadas por acidentes de trânsito, homicídio ou suicídio.
Somente no estado de São Paulo, 4.265 mortes violentas foram registradas como causa indeterminada. "Do ponto de vista do Estado democrático de Direito, isso é um escândalo porque as famílias têm o direito mínimo de saber por que seus entes morreram, a sociedade tem o direito de saber por que aqueles casos aconteceram para que possamos propor políticas para reverter o problema", destacou Cerqueira.
O atlas mostrou ainda que 4.519 mulheres foram vítimas de homicídio no país em 2018, ou seja, a cada duas horas uma mulher foi assassinada. A taxa de assassinatos de mulheres ficou em 4,3 para cada 100 mil habitantes. A maioria das mulheres mortas, 68%, era negra.
Apesar da queda de 9% nesse tipo de crime registrada em relação a 2017, houve um aumento de 4% no assassinatos de mulheres entre 2008 e 2018. Em alguns estados, essa taxa mais do dobrou em dez anos. No Ceará, o assassinato de mulheres cresceu 278% neste período, em Roraima, 186%, e no Acre, 126%.
CN/ots
O mês de agosto em imagens
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Em cúpula, os líderes da União Europeia disseram não reconhecer o resultado das eleições presidenciais de Belarus, que garantiram um sexto mandato ao autoritário presidente Alexander Lukashenko. Eles também expressaram apoio aos protestos em massa e avisaram que estão preparando uma longa lista de nomes que sofrerão sanções por fraude eleitoral e repressão brutal contra manifestantes. (19/08)
Foto: Reuters/O. Hoslet
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O presidente do Mali, Ibrahim Boubacar Keita, e o primeiro-ministro Boubou Cissé foram detidos por militares amotinados. Outros membros do governo também teriam sido detidos, mas não foram identificados. O motim teve início no quartel de Kati, a cerca de 15 quilômetros da capital, Bamako. A comunidade internacional condenou o que chamou de tentativa de golpe de Estado no país africano. (18/08)
Foto: AFP/M. Konate
Primeira convenção virtual da história dos EUA
Começou nos Estados Unidos a convenção do Partido Democrata, que formalizará a candidatura de Joe Biden na corrida à Casa Branca. A convenção estava programada para ocorrer em Milwaukee, mas devido à pandemia de covid será a primeira convenção virtual da história dos EUA. Ao longo de quatro dias, os democratas pretendem mostrar uma forte coalizão para tentar vencer Donald Trump no pleito. (17/08)
Foto: picture-alliance/AP Photo/C. Kaster
Maior protesto da história de Belarus
Dezenas de milhares de pessoas saíram às ruas da capital bielorrussa para o maior ato antigoverno desde que eclodiram os protestos em massa em Belarus, uma semana antes. A manifestação foi considerada a maior da história do país. No mesmo dia ocorreu em Minsk o primeiro ato pró-governo desde o pleito, convocado pelo presidente Alexander Lukashenko, há 26 anos no poder. (16/08)
Foto: Getty Images/S. Gapon
Rio reabre atrações turísticas
O Rio de Janeiro reabriu ao público uma série de atrações turísticas que ficaram meses fechadas devido à pandemia. Entre elas, cartões-postais como o Cristo Redentor e o Bondinho. Na foto, mergulhadores checam as condições de um aquário dentro do AquaRio, que também reabriu as portas. Os locais operam com capacidade reduzida e sob estritas regras de higiene e distanciamento. (15/08)
Foto: Getty Images/M. Pimentel
Aprovação recorde
Pesquisa Datafolha realizada entre 11 e 12 de agosto aponta que o presidente Jair Bolsonaro está com a melhor aprovação desde o início do mandato. Segundo o instituto, 37% dos brasileiros consideram seu governo bom ou ótimo. Rejeição cai dez pontos percentuais após a continuidade do auxílio-emergencial e recuo do presidente em conflitos com Congresso e Judiciário. (14/08)
Foto: picture-alliance/AP/E. Peres
Acordo de paz histórico
Israel e Emirados Árabes Unidos chegaram a um acordo para normalizar as relações diplomáticas, anunciou o presidente dos EUA, Donald Trump. Os Emirados Árabes Unidos se tornam assim o primeiro Estado do Golfo Pérsico e a terceira nação árabe a estabelecer laços diplomáticos plenos com Israel.Como parte do acordo Israel se comprometeu a suspender a anexação de territórios ocupados. (13/08)
Acidente de trem na Escócia
O descarrilamento de um trem no nordeste da Escócia deixou ao menos três mortos e seis feridos. O acidente ocorreu em Stoneheaven, Aberdeenshire, a 160 quilômetros de Edimburgo. Acredita-se que o trem tenha descarrilado devido a um deslizamento de terra após fortes chuvas que causaram enchentes e interromperam o trânsito ferroviário. (12/08)
Foto: AFP/M. Wachucik
Biden escolhe Kamala Harris como vice
O candidato à presidência dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou a escolha da senadora Kamala Harris como vice da chapa democrata. Em caso de vitória da dupla, ela pode se tornar a primeira mulher vice-presidente dos EUA. Senadora eleita pela Califórnia, Harris, de 55 anos, é figura de destaque no Partido Democrata. (11/08)
Foto: picture-alliance/dpa/AP/J. Martin
Premiê do Líbano dissolve governo
O primeiro-ministro do Líbano, Hassan Diab, anunciou a renúncia de seu governo, em meio à crise acirrada no país pela megaexplosão que atingiu a capital, Beirute. "Descobri que a corrupção é maior do que o Estado", afirmou, antes de deixar o cargo. Há meses, o país vive violentos protestos, que foram acirrados em razão da tragédia. (10/08)
Foto: Reuters/T. Al-Sudani
Protestos no Líbano
Tensões em alta após megaexplosão destruir parte da capital libanesa, com protestos violentos nas ruas contra os governantes do país, acusados de corrupção, incompetência e negligência. Líderes mundiais se comprometem a enviar milhões em ajuda humanitária, mas insistem que as autoridades devem se comprometer a realizar as reformas exigidas pela população. (09/08)
Foto: Reuters/E. Francis
Brasil: 100 mil mortos por covid-19
Menos de seis meses após a identificação do primeiro caso de covid-19 no Brasil, o país cruzou a marca de 100 mil mortes pela doença. O número de casos chegou a 3 milhões. Mesmo num ritmo de mil mortes por dia, o governo do país segue defendendo a flexibilização do isolamento e minimizando os impactos do vírus. (08/08)
Foto: AFP/M. Dantas
Emergência ambiental
A ilha Maurício, da República de Maurício, declarou "estado de emergência ambiental" após uma ruptura do casco de um navio com bandeira do Panamá que encalhou na região. O incidente causou um vazamento de petróleo nas águas do arquipélago. Sem carga, o navio ia de Cingapura para o Brasil. Até o momento, 4 mil toneladas de combustível vazaram da embarcação. (07/08)
Foto: AFP/L'Express Maurice/D. Ramkhelawon
75 anos do ataque nuclear em Hiroshima
No dia 6 de agosto de 1945, a primeira bomba atômica utilizada em uma guerra foi lançada sobe a cidade de Hiroshima, matando em torno de 140 mil pessoas. Na cerimônia que marcou os 75 anos da tragédia, o prefeito da cidade pediu maior comprometimento dos líderes mundiais para com o desarmamento. (06/08)
Foto: picture-alliance/dpa/E. Hoshiko
Incêndios florestais na França
Milhares de pessoas tiveram de ser evacuadas de residências e campings em uma região próxima a Marselha, no sul da França. Em torno de 1,8 mil bombeiros combatiam as chamas que ameaçavam as comunidades costeiras de Martigues e Sausset-les-Pins. (05/08)
Foto: AFP/X. Leoty
Explosões abalam Beirute
Duas enormes explosões em sequência sacudiram a capital do Líbano. Uma grande nuvem de fumaça no céu podia ser vista a quilômetros de distância. Autoridades disseram que 2.750 toneladas de nitrato de amônio que estavam armazenadas há anos na zona portuária explodiram, gerando o desastre que devastou a cidade. (04/08)
Foto: AFP via Getty Images
Dois anos após tragédia, Gênova inaugura nova ponte
Ponte San Giorgio é inaugurada em cerimônia marcada por tristeza e orgulho, no mesmo local de um dos piores desastres das últimas décadas na Itália, onde o colapso da antiga ponte matou 43 pessoas. Famílias das vítimas ainda pedem justiça. (03/08)
Foto: AFP/M. Medina
Cápsula da SpaceX com astronautas retorna à Terra
Após dois meses no espaço, a cápsula Crew Dragon, da Space X, pousou em segurança no Golfo do México, na costa dos EUA, transportando dois astronautas da Nasa. Foi a primeira missão tripulada lançada a partir dos EUA em nove anos. O regresso da cápsula também representou a primeira vez em mais de quatro décadas que astronautas da Nasa regressam à Terra por meio de um pouso na água. (02/08)
Foto: picture-alliance/dpa/NASA
Liberdade antes da saúde?
Milhares protestaram em Berlim contra restrições ditadas pela pandemia. A multidão era formada por uma combinação de grupos de extrema direita, opositores da vacinação, defensores de teorias da conspiração e outros descontentes com as medidas. "Somos a 2ª onda", gritavam alguns, enquanto outros pregavam "resistência". classificando a pandemia como "a maior teoria da conspiração". (01/08)