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Liberdade de imprensaMalta

Assassinos de jornalista maltesa condenados a 40 anos

15 de outubro de 2022

Em decisão inesperada no primeiro dia do processo, irmãos Alfred e George Degiorgio se declaram culpados da morte de Daphne Caruana Galizia em 2017. Presumível mandante do atentado, empresário aguarda julgamento.

Foto da jornalista maltesa Daphne Caruana Galizia. exibida em protesto popular
Daphne Caruana Galizia foi vítima de explosão em 16 de outubro de 2017Foto: AP/dpa/picture alliance

Os irmãos Alfred e George Degiorgio foram condenados a 40 anos de prisão cada um nesta sexta-feira (14/10) pelo assassinato da jornalista investigativa Daphne Caruana Galizia em 16 de outubro de 2017. Tendo inicialmente se declarado inocentes, numa iniciativa inesperada no primeiro dia do julgamento ambos se declararam culpados de todas as acusações, inclusive de homicídio intencional. Os réus se encontravam sob prisão preventiva desde dezembro de 2017.

Galizia, que investigara o envolvimento da classe política maltesa nos "Panama Papers" revelando escândalos de corrupção e conspiração criminosa, foi morta por um dispositivo explosivo no carro que dirigia perto de sua casa. O atentado chocou a opinião pública e levou à renúncia do então primeiro-ministro de Malta, Joseph Muscat.

Os irmãos Degiorgio concordaram em admitir a responsabilidade pelo crime em troca de benefícios de prisão e uma pena de 40 anos – caso contrário enfrentariam prisão perpétua. A juíza Edwina Grima proferiu a sentença que inclui o pagamento de 43 mil euros, cada um, em custas processuais, noticiou o jornal digital Times of Malta.

No tribunal de Valetta (da esq. para a dir.): Rose Marie Vella, Michael A. Vella, pais, e Mandy Mallia, irmã da jornalista assassinadaFoto: Jonathan Borg/AP/picture alliance

"Wikileaks de uma mulher só"

Até o momento, o caso envolve quatro sujeitos: além dos irmãos Degiorgio, um terceiro cúmplice, Vince Muscat, condenado a 15 anos em fevereiro de 2019; e o empresário Yorgen Fenech, acusado de planejar o assassinato e preso em 2019 quando tentava deixar Malta a bordo do seu iate. Segundo o taxista Melvin Theuma, acusado de ser intermediário entre o mandante e os assassinos e que foi anistiado por ajudar a esclarecer o caso, o empresário Fenech foi o "único cérebro" do crime.

Após as primeiras prisões, o escândalo multiplicou-se quando o magnata Fenech, perseguido pelas investigações da jornalista, acusou o chefe de gabinete do primeiro-ministro, Keith Schembri. Este e vários ministros deixaram o cargo por suspeita de ter laços financeiros com o empresário, numa cascata de demissões que acarretou a renúncia do premiê Joseph Muscatem janeiro de 2020.

Ao breve julgamento no tribunal de Valetta, estiveram presentes os pais da vítima, Rose Marie e Michael A. Vella, e Mandy Mallia sua irmã. O Ministério Público acusou Alfred e George Degiorgio, de 57 e 59 anos, respectivamente, e Vincet Muscat de colocarem a bomba no carro e ativá-la, e considera Fenech o mandante do crime. O empresário, que nega a acusação, aguarda julgamento.

Apelidada "Wikileaks de uma mulher só", a jornalista assassinada era uma das figuras públicas mais destacadas de Malta. Crítica ferrenha da elite política local em seu blog Running Commentary, ela investigava uma série de casos de corrupção no governo maltês e as ligações com o narcotráfico e o crime organizado que se espalharam por todo o país insular, membro da União Europeia.

Horas antes da explosão fatal de seu carro, Daphne Caruana Galizia escreveu: "Agora há bandidos em todo lugar que se olhe. A situação é desesperadora."

av (Lusa,AP,AFP,DPA)

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