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Sabendo mais sobre antepassados alemães

Victoria Danneman (md)13 de abril de 2014

Membros da Die Maus pesquisam e catalogam os registros de emigrantes europeus, em maioria alemães, que foram para o Novo Mundo a partir do porto de Bremen, ajudando estrangeiros a saber mais sobre suas raízes europeias.

Auswanderung Bremen
Foto: Die Maus - Gesellschaft für Familienforschung

Numa das salas do edifício do Arquivo Estatal de Bremen, a Associação de Pesquisa Familiar Die Maus (o camundongo) mantém seu centro de operações. Como os roedores, seus sócios vivem revirando papéis antigos e livros, atrás de alguma pista que os ajude a encontrar o elo perdido de uma história familiar. Registros de matrimônios, batismos, propriedades, testamentos – tudo pode fornecer um dado para se descobrir algo sobre os antepassados.

"As pessoas querem saber de onde vêm. Às vezes, querem saber o que seu avô fez, ou descobrem que suas habilidades musicais vêm de um ancestral que era músico profissional", diz Rolf Masemann, presidente da Die Maus.

Com mais de 550 sócios, Die Maus é um dos maiores clubes de pesquisa familiar e genealógica da Alemanha, e o maior do norte do país. Seus registros são fundamentais para as famílias que emigraram para as Américas. Estima-se que, a partir de 1820, mais de 7 milhões de pessoas embarcaram nos portos de Bremen e Bremerhaven.

"As pessoas querem saber de onde elas vêm", diz Rolf Masemann, presidente da Die MausFoto: DW/V. Dannemann

"A maioria dos migrantes para o Novo Mundo partiu de Bremen", afirma Masemann. Nem todos eram alemães. Havia também famílias da Polônia, da Rússia e de outros países, que vieram pegar na Alemanha um navio para os Estados Unidos ou a América do Sul.

"As pessoas têm curiosidade e querem saber onde estão as suas raízes, como chegaram lá, o que seus antepassados fizeram ou que profissão eles tinham. E, se eles saíram por Bremen, é conosco que podem averiguar isso. Recebemos consultas de todo o mundo", informa Masemann.

Decifrando registros históricos

Em seus 90 anos de existência, Die Maus reuniu centenas de milhares de dados, incluindo registros antigos dos habitantes da cidade, testamentos, documentos sobre propriedades, arrendamentos, pagamentos de impostos e casamentos. Alguns documentos datam do século 16.

No caso dos emigrantes, são valiosas as informações sobre as embarcações e seus destinos, listas de passageiros e os nomes dos capitães. Muitos desses registros estão disponíveis online no site da organização. Ela também tem mais de 2.600 pastas com sobrenomes de famílias, contendo material como árvores genealógicas e publicações em jornais.

Com paciência, deram-se ao trabalho de copiar documentos a partir do antigo manuscrito alemão. Muitos certificados parecem ilegíveis, mas o olhar treinado dos membros da Die Maus consegue decifrá-los. "A gente aprende com o tempo e consegue entendê-los. Eu copiei de uma maneira que seja fácil, pois nem todo o mundo os consegue ler", explica Christa Lütjen.

Outra dificuldade é que muitos falavam plattdeutsch, dialeto típico do noroeste alemão, e o pastor ou o secretário da igreja escrevia o que conseguia entender. Como os registros eram feitos à mão, depois de alguns anos ficam difíceis de decifrar, e as cópias ou certificados, também a mão, acumulavam mais erros. Assim, muitos nomes foram alterados, o que dificulta o processo de busca. O mesmo sobrenome pode ter dado origem a diferentes variações, como Meier, Meyer, Mayer ou Maier.

Muitas vezes, os "camundongos" têm sucesso, outras vezes, não. Mas todos são movidos por uma espécie de febre de caçador, que os faz seguir as pistas e encontrar outros indícios. Embora seja uma atividade que todos praticam em seu tempo livre, ela exige bastante tempo. "É algo que não tem fim. A gente pode ir procurando sempre mais e mais", ressalta Dieter Memleb, também membro da Die Maus. "É preciso amar o que fazemos. É muito interessante não só pela investigação dos nossos próprios antepassados, mas também para ajudar os outros", acrescenta Christa Lütjen.

Passageiros a bordo do Columbus em 1929. Navio cruzava o Atlântico nos anos 20 e 30Foto: Die Maus - Gesellschaft für Familienforschung

Completando histórias familiares

Em seu fichário, Memleb guarda as mais variadas consultas chegadas por e-mail. "Há gente que nos escreve dos Estados Unidos, Japão, China, Nova Caledônia, Canadá e Brasil." As perguntas têm em comum o desejo de descobrir as raízes ou avançar na construção da árvore genealógica. Muitos já dispõem de informações como o ano e o navio em que o ancestral emigrou e querem saber mais sobre a vida dele na Alemanha.

Dieter Memleb, Rolf Masemann e Christa Lütjen, da associação Die MausFoto: DW/V. Dannemann

"Meu avô tem 93 anos e eu gostaria de lhe dar esses papéis como presente, para que ele e seus irmãos possam saber com certeza sua origem étnica", escreve uma pessoa dos Estados Unidos. Outros acham o nome de sua família indexado na lista da página na internet na associação e querem ajuda para continuar pesquisando. "Sem a sua ajuda, a história desta família estará perdida", escreve um solicitante.

Grande parte do sucesso da Die Maus se deve ao trabalho de colaboração entre os membros e também à cooperação com outras instituições, como o Arquivo Estatal de Bremen ou a Câmara de Comércio de Bremen. Aqueles que enviam de outro país suas perguntas por e-mail, às vezes também se tornam membros ativos, a partir de seus locais de residência. Agradecidos, alguns viajam para Bremen para visitar a Die Maus. A associação não cobra pelo tempo gasto na pesquisa, mas se alegra com as doações e contribuições que lhes permitam seguir trabalhando.

Um bom complemento para investigação é uma visita ao Deutsches Auswandererhaus (Centro Alemão de Emigração), localizado no porto de Bremerhaven, 60 quilômetros ao norte de Bremen. O museu permite mergulhar em histórias fascinantes através de exposições interativas, ter acesso aos registros e aprender sobre o processo de emigração a partir de Bremen.

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