Associação alerta para falta de testes de covid-19 no Brasil
13 de janeiro de 2022
Abramed destaca que, na primeira semana de janeiro, houve aumento de 98% na procura por testes de coronavírus em comparação com a semana do Natal. Entidade recomenda que casos graves sejam priorizados nas testagens.
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À medida que a variante ômicron do coronavírus se espalha pelo Brasil, cada vez mais testes de covid-19 estão sendo realizados. Diante desse cenário, a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) alertou nesta quarta-feira (12/01) para o risco de desabastecimento de insumos para testes e recomendou, em nota técnica, que pacientes graves sejam priorizados para a realização dos exames.
Pela escala proposta pela associação, devem ser testados primeiro os pacientes com maior gravidade de sintomas, seguidos por casos de hospitalização e cirurgia, pessoas de grupos de risco, gestantes, trabalhadores assistenciais da área da saúde e colaboradores de serviços essenciais.
A associação também pondera que reconhece a importância da testagem de toda a população para controle epidemiológico, mas alerta que, se não houver recomposição dos estoques "rapidamente", poderá ocorrer falta de oferta de exames, tanto para os de tipo PCR, quanto de antígeno.
A associação aponta que "a alta transmissibilidade da nova variante ômicron causou aumento exponencial de casos, o que vem demandando significativo aumento da capacidade produtiva global de testes".
"Quando avaliamos as notícias que vêm de outros países, de que eles já estão sem insumos, é certo que o problema chegará ao Brasil", diz a associação na nota.
A Abramed afirma que não é possível calcular até quando será possível atender a demanda, pois os estoques variam entre os laboratórios e as regiões.
A associação informou que outras entidades do setor de saúde serão contatadas sobre a situação, como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), o Ministério da Saúde, a Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp) e a Associação Médica Brasileira (AMB).
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98% mais testes em janeiro
Ainda de acordo com a Abramed, o início de 2022 está sendo marcado por um intenso aumento na demanda nos laboratórios privados nacionais por exames para detecção do coronavírus. Entre as empresas associadas – que respondem por mais de 65% de todos os exames realizados pela saúde suplementar no país – foram mais de 240 mil testes entre os dias 3 e 8 de janeiro de 2022, um aumento de 98% em comparação com a semana do Natal (20 a 26 de dezembro de 2021).
O índice de testes com resultado positivo também aumentou, passando de uma média de 7,6% na época do Natal para mais de 40% no começo do mês de janeiro.
Apesar de não existirem dados comparativos com essa mesma semana de 2021, se o ritmo for mantido, a expectativa é que, até o final do mês, os números alcancem os registrados no final de janeiro de 2021, quando foram realizados cerca de 1,5 milhão de exames.
Aumento de testes de influenza
Além disso, os testes para detecção do vírus influenza também apresentaram aumento expressivo.
Alguns laboratórios associados da Abramed registraram elevação superior a 1.000% entre a primeira e a última semana de dezembro do ano passado.
A taxa de testes com resultado positivo chegou a 40% neste mesmo período. Entretanto, em janeiro, apesar do alto volume de testagens, a taxa de positividade caiu para 10% nos exames de influenza.
le (Agência Brasil, ots)
As variantes do novo coronavírus
Para evitar a estigmatização e a discriminação dos países onde as variantes do Sars-Cov-2 foram detectadas pela primeira vez, a OMS padronizou seus nomes conforme letras do alfabeto grego.
Foto: Sascha Steinach/ZB/picture alliance
Várias denominações para uma cepa
A Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu que as novas variantes do coronavírus passam a ser chamadas por letras do alfabeto grego e não devem mais ser identificadas pelo local onde foram detectadas pela primeira vez. Cientistas criticavam ainda que estavam sendo usados vários nomes para a cepa descoberta na África do Sul, como B.1.351, 501Y.V2 e 20H/501Y.V2.
Foto: Christian Ohde/CHROMORANGE/picture alliance
Nomes científicos continuam válidos
A OMS pediu que os países e a imprensa passem a adotar a nova nomenclatura das variantes e evitem associar novas cepas aos locais de origem. A organização acrescentou, porém, que as novas denominações não substituem os nomes científicos, que devem continuar sendo usados em trabalhos acadêmicos.
Foto: Reuters/D. Balibouse
Variante alfa
A variante B.1.1.7 foi detectada em setembro de 2020 no Reino Unido e se espalhou pelo mundo. Segundo um estudo publicado em março na "Nature", há evidências de que a variante alfa seja 61% mais mortal do que o vírus original. Entre homens com mais de 85 anos, o risco de morte aumenta de 17% para 25%. Para mulheres da mesma faixa etária, de 13% para 19%, nos 28 dias posteriores à infecção.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante beta
Pesquisadores identificaram a variante B.1.351 em dezembro de 2020 na África do Sul. A cepa atinge pacientes mais jovens e é associada a casos mais graves da doença. Os cientistas sequenciaram centenas de amostras de todo o país desde o início da pandemia e observaram uma mudança no panorama epidemiológico, "principalmente com pacientes mais jovens, que desenvolvem formas graves da doença".
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante gama
A variante P.1 foi detectada pela primeira vez em 10 de janeiro de 2021 pelo Japão em passageiros vindos de Manaus. Originária do Amazonas, ela se espalhou pelo Brasil e outros países vizinhos. A cepa possui 17 mutações, três das quais estão na proteína spike. São provavelmente essas últimas que fazem com que o vírus possa penetrar mais facilmente nas células para então se multiplicar.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante delta
A variante B.1.617, detectada em outubro de 2020 na Índia, causa sintomas diferentes dos provocados por outras cepas, é significativamente mais contagiosa e aparentemente aumenta o risco de hospitalização, segundo sugeriram estudos. "O vírus se adapta de forma inteligente. Muitos doentes recebem resultados negativos nos testes, mas desenvolvem sintomas graves", explicou um médico de Nova Déli.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante ômicron
A nova variante B.1.1.529, batizada de ômicron pela Organização Mundial da Saúde, foi descoberta em 11 de novembro de 2021 em Botsuana, que faz fronteira com a África do Sul, onde a cepa também foi encontrada. A ômicron contém 32 mutações na chamada proteína "spike" (S), número considerado extremamente alto. Cientistas avaliam que essa variante se dissemina mais rapidamente do que as anteriores.
Foto: Andre M. Chang/Zuma/picture alliance
A busca pela padronização
O novo padrão foi escolhido após "uma ampla consulta e revisão de muitos sistemas de nomenclatura", afirma a OMS. O processo durou meses e entre as sugestões de padronização estavam nomes de deuses gregos, de religiões, de plantas ou simplesmente VOC1, VOC2, e assim por diante.
Foto: Ohde/Bildagentur-online/picture alliance
Nomes e apelidos polêmicos
Desde o início da pandemia, os nomes utilizados para descrever o Sars-Cov-2 têm provocado polêmica. O ex-presidente americano Donald Trump costumava chamar o novo coronavírus de "vírus da China", como forma de tentar culpar o país asiático pela pandemia. O vírus foi detectado pela primeira vez na cidade chinesa de Wuhan.
Foto: picture-alliance/AA/A. Hosbas
Novas cepas podem ser mais perigosas
Mutações em vírus são comuns, mas a maioria delas não afeta a capacidade de transmissão ou de causar manifestações graves de doenças. No entanto, algumas mutações, como as presentes nas variantes do coronavírus originárias do Reino Unido, da África do Sul e do Brasil, podem torná-lo mais contagioso.
Foto: DesignIt/Zoonar/picture alliance
Associação ao local de origem
Historicamente, vírus novos costumam ganhar nomes associados ao local de descoberta, como o ebola, que leva o nome de um rio congolês. No entanto, esse padrão pode ser impreciso, como é o caso da gripe espanhola de 1918. As origens desse vírus são desconhecidas, mas acredita-se que os primeiros casos tenham surgido no estado do Kansas, nos Estados Unidos.
Foto: picture-alliance/National Museum of Health and Medicine