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Associated Press é acusada de colaboração com regime nazista

30 de março de 2016

Historiadora afirma que agência de notícias americana só permaneceu na Alemanha nazista porque aceitou colaborar com o regime e divulgar material de propaganda. AP nega alegações de colaboração.

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Foto: picture-alliance/dpa

Um estudo realizado por uma historiadora alemã, divulgado nesta quarta-feira (30/03) pelo jornal britânico The Guardian, afirma que a agência de notícias americana Associated Press (AP) teria colaborado com o regime nazista durante os anos 1930.

A reportagem afirma que a AP foi a única agência de notícias ocidental autorizada a operar na Alemanha de Adolf Hitler, enquanto diversos órgãos de imprensa estrangeiros foram banidos ou forçados a encerrar suas atividades após sofrerem ataques por empregarem jornalistas judeus.

A AP continuou suas atividades na Alemanha até a entrada dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial, em 1941. Até então, foi o principal meio de informação sobre o Estado totalitário para os países do Ocidente, fornecendo notícias e fotografias exclusivas.

No estudo, publicado no portal alemão de estudos de história contemporânea Zeithistorische Forschungen, a historiadora Harriet Scharnberg, da Universidade Martin Luther, na cidade alemã de Halle, sustenta que a AP somente conseguiu manter suas atividades no país em razão de uma colaboração mútua com o regime nazista.

A agência teria se submetido à chamada Schriftleitergesetz (lei dos editores), que proibia a veiculação de materiais destinados a "enfraquecer o poder do Reich no exterior ou no país" e obrigava os meios de informação a contratar repórteres que trabalhavam para a divisão de propaganda do regime nazista. Um dos fotógrafos contratados pela AP, Franz Roth, teria sido indicado diretamente por Hitler, que também selecionava as fotos dele que seriam distribuídas pela agência.

Ao mesmo tempo em que fornecia aos países do Ocidente a possibilidade de observar a sociedade nazista por dentro, a agência também permitia ao regime ocultar alguns de seus crimes, diz a historiadora. Scharnberg afirma que a colaboração entre a agência e os nazistas possibilitava "retratar uma guerra de extermínio como uma guerra convencional".

AP rejeita acusações

Em comunicado, a Associated Press negou qualquer alegação de que teria colaborado propositalmente com os nazistas e afirmou que a pesquisa da historiadora se refere a uma agência de fotos alemã que era subsidiária da AP britânica.

Segundo o comunicado, depois de 1935, essa subsidiária foi afetada pelo controle de imprensa dos nazistas. A AP reconhece que distribuiu imagens disponibilizadas pelo regime nazista, mas afirma que os créditos das fotografias deixavam isso claro e que a decisão sobre a publicação das fotos cabia aos editores dos jornais.

"Imagens daquela época na Alemanha tinham um valor jornalístico legítimo, pois editores e o público necessitavam saber mais sobre os nazistas", afirmou a agência. "A AP não se envolveu na publicação direta e, até a pesquisa da Sra. Scharnberg, não tinha conhecimento de nenhuma acusação de que material pudesse ter sido produzido e selecionado por ministérios nazistas de propaganda. Se isso aconteceu, acredita que os créditos da fotografias teriam deixado isso claro."

RC/ots

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