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AstraZeneca retira sua vacina contra covid-19 do mercado

9 de maio de 2024

Grupo farmacêutico citou queda na demanda em justificativa. Imunizante foi um dos primeiros aplicados durante a pandemia, mas perdeu espaço para vacinas de mRNA.

Vaxzevria
A vacina, que também já foi chamada de Covishield ou "Vacina de Oxford” foi uma das primeiras a chegar ao mercado, ainda em janeiro de 2021Foto: Nick Potts/PA Wire/empics/picture alliance

O conglomerado farmacêutico anglo-sueco AstraZeneca anunciou nesta quarta-feira (08/05) o fim das vendas de sua vacina contra a covid-19 – uma das primeiras produzidas na pandemia – citando uma redução da demanda.

"Como desde então foram desenvolvidas múltiplas vacinas contra variantes da covid-19, há um excedente de vacinas atualizadas disponíveis. Isto levou a uma queda na demanda pela Vaxzevria [nome comercial da vacina da AstraZeneca], que não está sendo mais produzida ou fornecida", afirmou o grupo em um comunicado.

A retirada da vacina do mercado teve início na Europa. Na terça-feira, a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) que a autorização de venda da Vaxzevria foi retirada "a pedido do titular da autorização", ou seja, o próprio laboratório farmacêutico.

A empresa também afirmou que "trabalhará com outros reguladores em todo o mundo para iniciar a retirada das autorizações (…) em locais sem previsão de futuras demandas para a vacina".

A AstraZeneca, que desenvolveu a vacina em parceria com a Universidade de Oxford em 2020, disse ainda que deseja "concluir este capítulo" e destacou o "orgulho do papel da Vaxzevria para o fim da pandemia global". "Segundo estimativas independentes, mais de 6,5 milhões de vidas foram salvas apenas no primeiro ano de uso do medicamento", acrescentou a empresa.

Trajetória

A vacina, que também já foi chamada de Covishield ou "Vacina de Oxford” foi uma das primeiras a chegar ao mercado, ainda em janeiro de 2021. A primeira aplicação no público em geral ocorreu no Reino Unido. Mais de 3 bilhões de doses foram distribuídas em todo o mundo desde então.

Apenas em 2021, as vendas da Vaxzevria totalizaram US$ 4 bilhões em Vaxzevria em todo o mundo.

Mas, com o tempo, a maior parte dos países do mundo passou a priorizar a aplicação de vacinas de mRNA, em particular a produzida pela gigante farmacêutica americana Pfizer em parceria com a empresa alemã BioNTech.  Em 2023, as vendas da Vaxzevria totalizaram apenas US$ 12 milhões.

Em 2022, o maior produtor de vacinas do mundo, o Instituto Serum da Índia, já havia interrompido a produção da sua versão local de vacina da AstraZeneca devido à queda na demanda.

O imunizante da AstraZeneca também enfrentou vários contratempos ao longo da sua trajetória, incluindo a falta de autorização para comercialização nos Estados Unidos, país onde a vacina só foi aplicada em testes.

A AstraZeneca ainda sofreu processos por parte da União Europeia por atrasos na entrega de vacinas em 2021. Além disso, a vacina também chegou a enfrentar suspensões temporárias na sua aplicação em vários países da Europa, como a Alemanha, por suspeitas de aumentar o risco de trombose.

No momento, a empresa está enfrentando uma ação coletiva no Reino Unido em nome de 51 reclamantes devido a lesões supostamente causadas pela Vaxzevria.

Em 2020, a vacina da AstraZeneca figurou como praticamente o único foco de compras do governo Jair Bolsonaro, que ignorou propostas da Pfizer e desprezou a Coronavac promovida pelo governo de São Paulo.

A distribuição da vacina da AstraZeneca no Brasil foi inicialmente marcada por atrasos na importação de doses prontas e de ingredientes para a produção local, que ficou a cargo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). No final, a Coronovac foi a primeira vacina que acabou sendo aplicada no Brasil, em 17 de janeiro de 2021. A primeira dose da AstraZeneca foi aplicada no país em 22 de fevereiro do mesmo ano. Mais de 190 milhões de doses da vacina foram aplicadas no Brasil desde então.

Com o tempo, a vacina da AstraZeneca também perdeu espaço no país para outros imunizantes, especialmente a vacina da Pfizer. Em 2023, o Ministério da Saúde parou de recomendar a sua aplicação como reforço para pessoas com menos de 40 anos.

jps (AFP, DW, ots)