Americana volta à Terra após recorde feminino no espaço
6 de fevereiro de 2020
Christina Koch, da Nasa, encerra missão de 328 dias na Estação Espacial Internacional, a mais longa já realizada por uma mulher. Em outubro, ela protagonizou a primeira caminhada espacial exclusivamente feminina.
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A astronauta americana Christina Koch, que passou quase 11 meses em órbita no mais longo voo espacial já realizado por uma mulher, aterrissou no Cazaquistão nesta quinta-feira (06/02), com dois outros colegas tripulantes da Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês).
A cápsula Soyuz chegou à Terra transportando Koch, da Nasa, o comandante da ISS, Luca Parmitano, da Agência Espacial Europeia, e o russo Alexander Skvortsov, da agência espacial russa, a Roscosmos. Parmitano e Skvortsov ficaram 201 dias no espaço, enquanto Koch passou 328 dias.
Segundo oficiais russos que participaram do resgate dos astronautas nesta quinta-feira, os três estavam em boa forma. Após exames médicos preliminares, eles deverão retornar aos seus países.
Esta foi a primeira viagem da astronauta americana ao espaço. Durante a missão, ela forneceu a pesquisadores informações sobre os efeitos de uma viagem ao espaço de longo prazo numa mulher. A pesquisa é considerada importante já que a Nasa, a agência espacial americana, quer voltar à Lua com o programa Artemis, além de se preparar para a exploração de Marte por humanos.
Com a estadia, Koch, de 41 anos, estabeleceu um novo recorde que superou o da veterana da Nasa Peggy Whitson, que havia passado 289 dias ininterruptos no espaço.
Apenas quatro astronautas homens ficaram mais tempo no espaço do que Koch. Valeri Polyakov, com 437 dias, é o cosmonauta com o maior período longe da Terra. Na Nasa, Scott Kelly detém a liderança com 340 dias.
Além de bater o recorde de permanência feminina no espaço, em outubro do ano passado Koch protagonizou, juntamente com sua colega da Nasa Jessica Meir, a primeira caminhada espacial exclusivamente feminina. À agência Associated Press, Koch disse que esse foi o ponto alto de sua missão no espaço e que poderia "servir de inspiração para futuras exploradoras do espaço".
Pouco antes de voltar à Terra, a astronauta disse à rede de televisão NBC que vai sentir falta da gravidade zero a bordo da ISS. "É muito divertido estar num lugar onde você pode pular entre o chão e o teto quando quer."
Koch cresceu em Jacksonville, no estado da Carolina do Norte, no leste dos Estados Unidos. Atualmente, ela vive em Galveston, no Texas.
Em 20 novembro de 1998 foi enviado ao espaço primeiro módulo para a construção da ISS, e três anos mais tarde a primeira tripulação a ocupava. Uma história de sucesso na cooperação e pesquisa internacionais.
Foto: NASA
"Pedra fundamental" de 19 toneladas
A primeira seção da Estação Espacial Internacional (ISS) a ganhar o espaço sideral, em 20 de novembro de 1998, foi o módulo russo de carga e controle Zarya. Ele pesava mais de 19 mil quilos e media 12 metros. Num exemplo precoce de cooperação internacional, foi encomendado e pago pelos Estados Unidos, mas desenvolvido e construído por uma companhia espacial russa.
Foto: NASA
República para seis
Seis astronautas vivem e trabalham simultaneamente na ISS, enquanto ela atravessa o cosmo a mais de 27 mil quilômetros por hora, completando uma órbita terrestre a cada 90 minutos. Depois da Lua, é o objeto mais luminoso no céu noturno, podendo ser vista a olho nu.
Foto: Reuters/NASA
Expedição número um
Esta foi a primeira tripulação da ISS: o astronauta americano William Shepherd (c) e os russos Yuri Gidzenko (e) e Serguei Krikalev chegaram à estação espacial em 2 de novembro de 2000, permanecendo nela por 136 dias.
Foto: NASA
Um longo ano
Em média, as tripulações permanecem cinco meses e meio na ISS. Dois que aguentaram bem mais tempo foram o astronauta Scott Kelly (foto), da Nasa, e o cosmonauta da Roscosmos Mikhail Kornienko, totalizando um ano inteiro na estação.
Foto: picture-alliance/dpa/NASA
Tripulação multinacional
O astronauta canadense Chris Hadfield na ISS, no Natal de 2012. Nos últimos anos, cidadãos de 18 países estiveram a bordo da estação internacional. A maioria veio dos Estados Unidos, seguidos pelos da Rússia. Outros países de origem são Japão, Canadá, Itália, França, Alemanha, Brasil e Reino Unido.
Foto: Reuters/NASA
O único brasileiro
O primeiro – e único – astronauta brasileiro na ISS é Marcos Pontes, que partiu para a estação em 30 de março de 2006 numa nave russa Soyuz e retornou em 8 de abril, numa missão de dez dias no total, sendo oito na ISS. Em 2018, Pontes aceitou convite do presidente eleito Jair Bolsonaro para ser ministro da Ciência e Tecnologia.
Foto: picture-alliance/dpa/dpaweb/Y. Kochetkov
Ônibus na porta de casa
Tripulantes e suprimentos chegam em ônibus espaciais ou naves de carga. Na foto, acopla-se na ISS o Space Shuttle Atlantis, que esteve operante até 2011. Atualmente todos os astronautas chegam em cápsulas Soyuz, de fabricação russa.
Foto: Getty Images/NASA
Um pouco de ar fresco
Até 2018 realizaram-se 210 excursões ao espaço a partir da ISS. No jargão dos astronautas, esses passeios são chamados EVA, ou "extra-vehicular activity". Em 24 de dezembro de 2013 foi a vez de Mike Hopkins ver a ISS pelo lado de fora.
Foto: Reuters/NASA
Equipamento fora do comum
Diversos braços de robô adornam a ISS. O Canadarm2 mede quase 20 metros e ostenta sete articulações motorizadas. Ele é capaz de levantar até 100 toneladas – ou apenas um astronauta, como, na foto, Stephen Robinson.
Foto: Reuters/NASA
Comunidade de pesquisadores
Os membros da tripulação dedicam cerca de 35 horas por semana a suas pesquisas. O astronauta alemão Alexander Gerst, da Agência Espacial Europeia (ESA), esteve na ISS pela primeira vez em 2014, observando e analisando as alterações sofridas pelo corpo humano em gravidade zero. Sua segunda missão começou em junho de 2018, e desde outubro ele é o primeiro comandante alemão da estação.
Foto: Getty Images/ESA/A. Gerst
Retorno estressante
Quando sua temporada na Estação Espacial Internacional se esgota, os astronautas retornam à Terra em cápsulas Soyuz. O último, emocionante trecho é vencido de paraquedas. Bem-vindos à casa!