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Ataque aéreo a maternidade marca 14º dia da guerra

10 de março de 2022

Bombardeio destruiu maternidade e unidade pediátrica em Mariupol. Milhares de pessoas deixam zonas de conflito através dos corredores humanitários. EUA alertam para possível uso de armas químicas pela Rússia.

Homens carregam mulher grávida em maca. Ataque a hospital e maternidade infantil em Mariupol gerou onda de revolta
Ataque a hospital e maternidade infantil em Mariupol gerou onda de revoltaFoto: Evgeniy Maloletka/AP/picture alliance

Um ataque aéreo destruiu uma maternidade e hospital infantil na cidade sitiada de Mariupol, nesta quarta-feira (09/03). O incidente gerou uma onda de repúdio internacional, no 14º dia da invasão russa à Ucrânia.

O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, condenou o bombardeio, atribuído à Rússia, como um "crime de guerra". Ele compartilhou imagens da destruição e afirmou que o que chamou de "ataque direto realizado por soldados russos" deixou crianças presas sob os escombros.

Autoridades locais disseram que o ataque ao hospital, que havia sido reformado recentemente e incluía uma unidade pediátrica, deixou 17 feridos, mas ainda não havia informações sobre mortes. A fachada do edifício foi destruída por uma série de explosões que arrebentaram janelas, colocando em risco crianças e mulheres grávidas.

O Ministério da Defesa da Rússia não negou que o ataque tivesse sido realizado por aviões russos, mas alegou que "batalhões nacionalistas ucranianos" usavam o local para estabelecer posições de defesa, depois de remover pacientes e funcionários.

O incidente gerou condenações em todo o mundo. "Há poucas coisas mais depravadas do que atingir os vulneráveis e indefesos", afirmou o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson. Ele disse que o presidente russo, Vladimir Putin, "será punido por seus crimes terríveis".

A Casa Branca condenou o ataque como um ato de barbárie. "É terrível ver esse tipo de uso barbárico de força militar para perseguir civis inocentes em um país soberano", afirmou a porta-voz do presidente Joe Biden, Jen Psaki.

Um porta-voz da ONU afirmou que, em hipótese alguma, instalações de saúde devem ser utilizadas como alvos.

Ucranianos no exterior retornam para lutar contra a Rússia

02:24

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O prefeito de Mariupol, Vadym Boichenko, se disse "com o coração cheio de raiva", em mensagem de vídeo. "Hoje, a Rússia, liderada pelo presidente Putin, realizou um ataque aéreo a uma cidade pacífica, atingindo um hospital infantil."    

"Eles querem tirar o que mais valorizamos em Mariupol: as vidas de nossas crianças, nossas mulheres, nossos médicos", afirmou. Ele reforçou o pedido para que os parceiros internacionais imponham uma zona de exclusão aérea sobre a Ucrânia. "Vamos persistir até o fim", declarou Boichenko.

O governo ucraniano informou que 48 mil pessoas já deixaram zonas de conflito e cidades sitiadas através dos corredores humanitários. Em Mariupol, entretanto, as dificuldades continuam, com as rotas de fuga ainda bloqueadas ou sob risco de ataques.

Mais de mil civis morreram durante o cerco a Maruipol

O prefeito de Mariupol, Vadym Boichenko, afirmou que 1.027 civis morreram durante o cerco à cidade por parte das forças russas, que já dura nove dias. As informações foram confirmadas pelas autoridades locais, que afirmam que os nove dias de bombardeios deixaram a população de mais de 400 mil pessoas "sem luz, água, aquecimento e comunicações".

Vários esforços de evacuação fracassaram em Mariupol, enquanto a cidade vive uma grave crise humanitária. Uma rota planejada para a retirada de civis que os levaria até a cidade de Zaporíjia ainda está minada.

Mais de 48 mil civis retirados através dos corredores humanitários

Mais de 48 mil ucranianos puderam deixar zonas de conflito e cidades sitiadas através de corredores humanitários, informou o gabinete do presidente Volodimir Zelenski.

Segundo Kyrylo Tymoshenko, vice-chefe do gabinete da presidência, 43 mil pessoas puderam sair da cidade de Sumy, 3,5 mil de Kiev, e outras mil de Energodar.

EUA alertam para possível uso de armas químicas pela Rússia

Os Estados Unidos alertaram para a possibilidade de a Rússia utilizar armas químicas ou biológicas em sua invasão à Ucrânia. A Casa Branca também negou acusações de que Kiev estaria produzindo tais armamentos ilegais em seu território.

A porta-voz do Ministério russo do Exterior, Maria Zakharova, afirmou, sem apresentar provas, que a Ucrânia teria laboratórios para a produção de armas químicas, com o apoio dos EUA.

A Casa Branca rejeitou as acusações, que qualificou como "absurdas", e afirmou que Moscou estaria tentando encobrir suas próprias intenções de utilizar armas de destruição em massa em solo ucraniano.

"Isso é, obviamente, um complô russo para justificar seu ataque injustificado, premeditado e não provocado à Ucrânia", afirmou a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki.

"Agora que a Rússia faz essas alegações falsas, com a China aparentemente apoiando essa propaganda, devemos todos ficar em alerta para o possível uso de armas químicas ou biológicas por parte da Rússia, ou para operações de 'bandeira falsa' para justificá-lo."

Rússia admite uso de armas termobáricas na Ucrânia, diz Reino Unido

O Ministério da Defesa do Reino Unido informou que a Rússia confirmou ter utilizado na Ucrânia sistemas de armas termobáricas, mais precisamente, o lançador de foguetes TOS-1A. Esse tipo de armamento, de efeito devastador, é amplamente condenado por organizações de direitos humanos.

"O Ministério da Defesa da Rússia confirmou o uso dos sistemas de armas TOS-1A na Ucrânia. O TOS-1A utiliza foguetes termobáricos e cria efeitos incendiários e explosivos", afirmou o Ministério britânico no Twitter.

ONU registra 516 civis mortos

O Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos documentou a morte de 516 civis, entre eles 37 crianças, desde o início da invasão russa na Ucrânia. Os números se referem ao período de 24 de fevereiro até a meia-noite desta quarta-feira. Além disso, 908 pessoas ficaram feridas, incluindo 50 menores de idade.

A alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, já enfatizou que os números reais devem ser muito maiores. Muitas vezes, os funcionários da ONU precisam de vários dias para verificar o número de vítimas de forma independente.

Guerra pode provocar crise alimentar mundial

Com dois grandes países produtores em guerra, os preços de alimentos podem explodir cada vez mais nos mercados internacionais. Efeitos podem ser dramáticos, mesmo em outros continentes. Tudo depende de quanto durar o conflito, iniciado pela Rússia.

O preço do trigo tem batido recordes diários: na Chicago Board of Trade, o principal mercado internacional de produtos agrários, ele está 50% mais alto do que antes da ofensiva militar da Rússia contra a Ucrânia, que começou em 24 de fevereiro. Essa inflação se explica por ambas as partes do conflito estarem entre os maiores exportadores do cereal no mundo.

A maior parte da produção global de trigo é consumida no local de cultivo, e o excedente vai parar nos mercados internacionais. Destes, a Ucrânia e a Rússia detêm "uma parcela gigantesca, de cerca de um terço", explica o agroeconomista Matin Qaim, diretor do Centro de Pesquisa de Desenvolvimento (ZEF), em Bonn.

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Rússia quer nacionalizar ativos de empresas que deixarem o país

Uma comissão do governo russo deu o primeiro passo para nacionalizar a propriedade de empresas estrangeiras que deixarem o país, incluindo a Apple e a Microsoft.

O partido no poder, o Rússia Unida, disse em comunicado que a comissão legislativa aprovou um projeto de lei que permite que empresas com mais de 25% de propriedade de estrangeiros de "Estados hostis" sejam colocadas em administração externa.

O partido alega que isso seria feito para evitar a falência e salvar empregos.

Heineken, Ferrari e outras empresas suspendem negócios na Rússia

A cervejaria holandesa Heineken, a rede de televisão Discovery, a gigante de alimentos Nestlé, a montadora de carros de luxo Ferrari e o Universal Music Group anunciaram que interromperão negócios na Rússia.

A Heineken disse que está com o povo ucraniano e chamou a guerra de "ataque injustificável". A empresa já havia interrompido anteriormente todos os novos investimentos e exportações para a Rússia.

A Nestlé também suspendeu todos os investimentos no país. No entanto, continuará entregando importantes mantimentos na Rússia, informou a agência de notícias Reuters.

O Discovery Channel decidiu suspender a transmissão de seus canais e serviços na Rússia. A Universal Music anunciou na terça-feira que todas as atividades na Rússia seriam suspensas, e seus escritórios, fechados. A fabricante de tabaco Imperial Brands também anunciou a suspensão de todas as suas atividades na Rússia.

A Ferrari decidiu suspender temporariamente a produção de veículos para o mercado russo. O chefe da empresa, Benedetto Vigna, disse que a montadora "está ao lado de todas as pessoas na Ucrânia afetadas por esta crise humanitária em andamento". A empresa também doou um milhão de euros para apoiar a população ucraniana.

OMS: 10 pessoas morreram em ataques contra ambulâncias e instalações de saúde

A Organização Mundial da Saúde (OMS) informou nesta quarta-feira que 18 ataques contra ambulâncias e instalações e profissionais de saúde na Ucrânia já mataram 10 pessoas e deixaram 16 feridas.

Os números foram divulgados pelo diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, numa videoconferência de imprensa, a partir da sede da organização, em Genebra, Suíça. "Esses ataques privam comunidades inteiras de cuidados de saúde", alertou Ghebreyesus.

A OMS já entregou 81 toneladas de material médico à Ucrânia e está apoiando os países vizinhos na prestação de cuidados de saúde aos refugiados, a maioria formada por mulheres e crianças.

Soldados ucranianos baleados durante cessar-fogo

Mais um incidente envolvendo violação do cessar-fogo foi relatado nesta quarta-feira em corredor humanitário. As forças de segurança da Ucrânia informaram que tropas russas atiraram contra policiais ucranianos na localidade de Demydiv, cerca de 25 quilômetros ao norte da capital Kiev.

Um policial morreu e outro ficou gravemente ferido. Um civil também foi levado ao hospital com ferimentos graves. Um total de 100 civis foram retirados em segurança, incluindo 30 crianças. A informação não pôde ser verificada de forma independente.

Condições catastróficas em Mariupol e outras cidades

A situação dos moradores de algumas áreas da Ucrânia sitiadas por tropas russas está se deteriorando drasticamente. O prefeito de Chernigov, uma grande cidade às margens do rio Desna e uma importante base do exército ucraniano, disse que dois terços das residências estão sem luz e água.

Na cidade portuária de Mariupol, a Cruz Vermelha informou que muitas pessoas ficaram sem água encanada, aquecimento, esgoto e conexões telefônicas por vários dias. Alguns moradores desesperados invadiram lojas em busca de comida, outros derreteram neve para ter água.

"Não há nada, não há utensílios domésticos. A água é coletada dos telhados após a chuva", disse o chefe da Cruz Vermelha de Mariupol, Alexei Bernzew.

Por causa das quedas de energia, muitos só conseguem receber notícias através dos rádios dos carros. Segundo Bernzev, transmitir notícias tornou-se uma das tarefas mais importantes da Cruz Vermelha. "Às vezes, a informação é mais importante para as pessoas do que a comida".  Muitos ainda esperam por notícias de opções para sair da cidade de 430.000 habitantes, que está está sitiada.

Retirada de tropas ucranianas de missões de paz

Um funcionário da ONU confirmou a retirada de equipamentos e tropas ucranianas de missões de paz. A medida foi anunciada na terça-feira pelo presidente Volodimir Zelenski. Os militares deverão retornar à Ucrânia para combater a ofensiva russa.

O maior contingente militar da Ucrânia em missões de paz está no Congo, onde estão estacionados 250 militares da Força Aérea do país e nove helicópteros.

A Ucrânia participa de missões de manutenção da paz da ONU desde 1992. Atualmente, possui tropas no Congo, Sudão do Sul, Chipre, Kosovo, Abyei (entre o Sudão e o Sudão do Sul) e Mali. O contingente total de ucranianos em missões de paz seria de aproximadamente 300 militares.

Chernobyl fica sem energia elétrica

A estatal de energia nuclear ucraniana afirmou que militares russos cortaram uma linha que fornecia eletricidade para a usina nuclear de Chernobyl, que precisa de energia para manter resfriado o combustível radioativo ainda presente no local.

Segundo a estatal, é impossível consertar a linha de energia devido a combates que ocorrem na região. A Ucrânia pediu a Rússia que permita o acesso ao local para evitar um vazamento de radiação, caso a usina continue sem eletricidade e não consiga resfriar o combustível nuclear. Chernobyl foi capturada por tropas russas.

Segundo o ministro do Exterior da Ucrânia, Dmytro Kuleba, os geradores de reserva da usina só possuem diesel para operar por 48 horas. "Depois disso, os sistemas de refrigeração param, e o risco de vazamento é iminente", acrescentou.

A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) acredita que a falta de energia não deve ter um grande impacto na segurança, ao contrário do que dizem autoridades ucranianas. Na terça-feira, o órgão de vigilância nuclear da ONU alertou, porém, que os sistemas de monitoramento em Chernobyl pararam de transmitir dados.

Chernobyl foi palco do maior acidente nuclear da história, em 1986.

Rússia nega querer derrubar governo da Ucrânia

A Rússia negou nesta quarta-feira que pretende derrubar o presidente Volodimir Zelenski. Segundo a porta-voz do Ministério do Exterior, Maria Zakharova, os militares não receberam ordens de destituir o atual governo ucraniano. A negação ocorre depois de Moscou já ter declarado várias vezes que pretende desmilitarizar o país vizinho, chamando os líderes ucranianos de "neonazistas".

Zakharova afirmou ainda que progressos foram feitos nas negociações de paz, ao contrário do que disse Zelenski. Os ministros do Exterior dos dois países devem se reunir nesta quinta-feira na Turquia para conversar sobre um cessar-fogo.

Quase 15 mil combatentes voluntários estão na Ucrânia

Cerca de 14,5 mil voluntários chegaram à Ucrânia nos últimos dias para se juntar aos militares na luta contra as forças russas, segundo informações das Forças Armadas ucranianas divulgadas em um comunicado. Cidadãos do país que moram no exterior são a maioria desses voluntários – 12 mil.

Kiev espera ainda a chegada de centenas de combatentes estrangeiros para a formação de uma legião internacional.

Zelenski agradece aos EUA por embargo a petróleo russo

Em uma mensagem de vídeo, o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, agradeceu os Estados Unidos pelo embargo à importação de petróleo, gás e carvão da Rússia.

"Sou pessoalmente grato ao presidente Biden por essa decisão", ressaltou Zelenski, acrescentando que todo centavo pago à Rússia vira armas que atacam outros Estados soberanos. Ele agradeceu ainda ao Reino Unido, que também anunciou um embargo ao petróleo russo a partir do fim deste ano.

"O mundo não acredita no futuro da Rússia. A guerra precisa terminar. Precisamos nos sentar na mesa de negociações", afirmou.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou na terça-feira que seu país não importará mais petróleo e gás russo. A Casa Branca disse que as medidas servem para "continuar a responsabilizar a Rússia por sua guerra não provocada e injustificada contra a Ucrânia".

União Europeia vai endurecer sanções contra Rússia e Belarus

Os 27 países da União Europeia (UE) concordaram em endurecer as sanções contra Rússia e Belarus devido à guerra na Ucrânia. O bloco deu luz verde para cortar três bancos belarussos do sistema global de pagamentos SWIFT.

Entre as medidas, a UE incluirá mais líderes russos, oligarcas e seus familiares na lista de sancionados. Punições contra o setor marítimo também foram aprovadas, como a anunciou a França, que detém a presidência rotativa da União Europeia.

Europa possui reservas de gás suficientes até o fim deste inverno

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou nesta quarta-feira (09/03) que o bloco europeu já adquiriu a quantidade de gás natural liquefeito necessária para se manter até o fim deste inverno sem depender da importação russa.

Em entrevista à emissora de televisão alemã ZDF, von der Leyen pediu, no entanto, que a população economize energia para que a Europa possa deixar o mais rápido possível a dependência do gás e do petróleo importados da Rússia. Segundo ela, todos podem contribuir para isso.

Somado a isso, von der Leyen afirmou que, com programas de economia de energia para a indústria, expansão de energia renováveis e novas rotas de abastecimento, o bloco europeu pode muito rapidamente deixar de depender do gás russo.

Ela defendeu ainda a posição da União Europeia de continuar comprando petróleo e gás da Rússia, apesar da invasão na Ucrânia. "Temos que ter sempre em mente que os preços do petróleo não podem aumentar muito, pois isso nos enfraqueceria”, ressaltou. Von der Leyen disse que as atuais sanções foram programadas para ter o maior impacto sobre Moscou e o menor na Europa.

EUA rejeita proposta de receber e repassar aviões da Polônia para a Ucrânia

A oferta da Polônia de entregar caças MiG-29 para os Estados Unidos foi rejeitada pelo governo americano. A intenção polonesa, neste caso, seria buscar uma rota para repassar os aviões à Ucrânia. O Pentágono, no entanto, classificou a proposta como "insustentável".

Antes de serem repassados para o exército ucraniano, os aviões fariam escala na Alemanha. Mas, segundo o porta-voz do Pentágono, a proposta tem "desafios logísticos difíceis" e causa "sérias preocupações".

rc (AFP, AP, dpa, Reuters, ots, Lusa)

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