Explosão teria sido provocada por drone israelense e matou Saleh al-Aruri e outros membros do grupo palestino no Líbano. Incidente agrava tensões no Oriente Médio.
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Um ataque aéreo atingiu nesta terça-feira (02/01) um escritório do Hamas em um subúrbio de Beirute, matando um dos principais líderes do grupo radical palestino. A origem do ataque foi atribuída pela imprensa libanesa a um drone israelense. As Forças de Defesa de Israel (IDF) não comentaram.
O Hamas e a emissora de televisão do grupo islamista radical libanês Hisbolá informaram que Saleh al-Aruri, vice-líder do Hamas no país, foi morto. Ele controlava a presença do Hamas na Cisjordânia.
Nas primeiras horas após o incidente, relatos na imprensa libanesa informavam que, no total, de quatro a seis pessoas haviam sido mortas no ataque.
Fontes dos serviços de segurança do Líbano citadas pela agência de notícias AFP relataram que Aruri estaria com seus guarda-costas no momento do ataque, e que dois andares da sede do Hamas foram atingidos, além de um automóvel.
O Hamas e o Hisbolá são classificados como organizações terroristas por diversos países do Ocidente, como a Alemanha e os Estados Unidos.
A forte explosão no subúrbio de Beirute que surpreendeu o Hisbolá em seu próprio reduto veio após quase três meses de agressões entre o grupo libanês e Israel em um faixa de alguns quilômetros ao longo da fronteira entre Israel e Líbano, mas a Força Aérea israelense já havia atingido antes alvos no interior do país vizinho.
Horas antes do ataque em Beirute, o Hisbolá anunciara que seus combatentes realizaram uma série de ataques a alvos militares do lado israelense. A morte de Aruri ocorreu na véspera de um pronunciamento do líder do Hisbolá, Sayyed Hassan Nasrallah, marcado para esta quarta-feira.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, já havia ameaçado matar Aruri mesmo antes dos ataques do Hamas de 7 de outubro em Israel que mataram mais de 1,2 mil israelenses e que foram o estopim da guerra na Faixa de Gaza. Desde o início do conflito, mais de 22 mil palestinos foram mortos nos ataques israelenses, segundo o Ministério da Saúde de Gaza.
Tensões na fronteira
O Hamas afirmou em nota que a morte de seu vice-líder no Líbano "não prejudicará a valente resistência" no enclave palestino. "Isso prova mais uma vez o absoluto fracasso do inimigo em atingir quaisquer de seus objetivos agressivos na Faixa de Gaza", disse o grupo terrorista no comunicado.
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O primeiro-ministro do Líbano, Najib Mikati, condenou a agressão israelense em Beirute. Em nota, ele afirmou que o ataque visa "atrair o Líbano para uma nova fase de confrontações" com Israel, arrastando o país para cada vez mais perto do conflito em Gaza.
Nesta terça-feira, Israel disse que seus soldados mataram "dezenas de terroristas" incluindo alguns que portavam explosivos, além de atacar um depósito de armas na cidade de Khan Yunis, no sul de Gaza, onde encontraram dezenas de lançadores de foguetes e túneis.
A ONG médica Sociedade Crescente Vermelho da Palestina relatou que seu hospital em Khan Yunis foi atingido duas vezes nesta terça-feira, deixando cinco mortos e três feridos entre pessoas que haviam sido forçadas a deixarem seus locais de residência e que buscavam abrigo no local.
rc/bl (AFP, AP, Reuters)
A longa história do processo de paz no Oriente Médio
Por mais de meio século, disputas entre israelenses e palestinos envolvendo terras, refugiados e locais sagrados permanecem sem solução. Veja um breve histórico sobre o conflito.
Foto: PATRICK BAZ/AFP/Getty Images
1967: Resolução 242 do Conselho de Segurança da ONU
A Resolução 242 do Conselho de Segurança das Nações Unidas, aprovada em 22 de novembro de 1967, sugeria a troca de terras pela paz. Desde então, muitas das tentativas de estabelecer a paz na região referiram-se a ela. A determinação foi escrita de acordo com o Capítulo 6 da Carta da ONU, segundo o qual as resoluções são apenas recomendações e não ordens.
Foto: Getty Images/Keystone
1978: Acordos de Camp David
Em 1973, uma coalizão de Estados árabes liderada pelo Egito e pela Síria lutou contra Israel no Yom Kippur ou Guerra de Outubro. O conflito levou a negociações de paz secretas que renderam dois acordos 12 dias depois. Esta foto de 1979 mostra o então presidente egípcio Anwar Sadat, seu homólogo americano Jimmy Carter e o premiê israelense Menachem Begin após assinarem os acordos em Washington.
Foto: picture-alliance/AP Photo/B. Daugherty
1991: Conferência de Madri
Os EUA e a ex-União Soviética organizaram uma conferência na capital espanhola. As discussões envolveram Israel, Jordânia, Líbano, Síria e os palestinos – mas não da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) –, que se reuniam com negociadores israelenses pela primeira vez. Embora a conferência tenha alcançado pouco, ela criou a estrutura para negociações futuras mais produtivas.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Hollander
1993: Primeiro Acordo de Oslo
Negociações na Noruega entre Israel e a OLP, o primeiro encontro direto entre as duas partes, resultaram no Acordo de Oslo. Assinado nos EUA em setembro de 1993, ele exigia que as tropas israelenses se retirassem da Cisjordânia e da Faixa de Gaza e que uma autoridade palestina autônoma e interina fosse estabelecida por um período de transição de cinco anos. Um segundo acordo foi firmado em 1995.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Sachs
2000: Cúpula de Camp David
Com o objetivo de discutir fronteiras, segurança, assentamentos, refugiados e Jerusalém, o então presidente dos EUA, Bill Clinton, convidou o premiê israelense Ehud Barak e o presidente da OLP Yasser Arafat para a base militar americana em julho de 2000. No entanto, o fracasso em chegar a um consenso em Camp David foi seguido por um novo levante palestino, a Segunda Intifada.
Foto: picture-alliance/AP Photo/R. Edmonds
2002: Iniciativa de Paz Árabe
Após Camp David, seguiram-se encontros em Washington e depois no Cairo e Taba, no Egito – todos sem resultados. Mais tarde, em março de 2002, a Liga Árabe propôs a Iniciativa de Paz Árabe, convocando Israel a se retirar para as fronteiras anteriores a 1967 para que um Estado palestino fosse estabelecido na Cisjordânia e em Gaza. Em troca, os países árabes concordariam em reconhecer Israel.
Foto: Getty Images/C. Kealy
2003: Mapa da Paz
Com o objetivo de desenvolver um roteiro para a paz, EUA, UE, Rússia e ONU trabalharam juntos como o Quarteto do Oriente Médio. O então primeiro-ministro palestino Mahmoud Abbas aceitou o texto, mas seu homólogo israelense Ariel Sharon teve mais reservas. O cronograma previa um acordo final sobre uma solução de dois estados a ser alcançada em 2005. Infelizmente, ele nunca foi implementado.
Foto: Getty Iamges/AFP/J. Aruri
2007: Conferência de Annapolis
Em 2007, o então presidente dos EUA George W. Bush organizou uma conferência em Annapolis, Maryland, para relançar o processo de paz. O premiê israelense Ehud Olmert e o presidente da ANP Mahmoud Abbas participaram de conversas com autoridades do Quarteto e de outros Estados árabes. Ficou acordado que novas negociações seriam realizadas para se chegar a um acordo de paz até o final de 2008.
Foto: picture-alliance/dpa/S. Thew
2010: Washington
Em 2010, o enviado dos EUA para o Oriente Médio, George Mitchell, convenceu o premiê israelense, Benjamin Netanyahu, a implementar uma moratória de 10 meses para assentamentos em territórios disputados. Mais tarde, Netanyahu e Abbas concordaram em relançar as negociações diretas para resolver todas as questões. Iniciadas em setembro de 2010, as negociações chegaram a um impasse dentro de semanas.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Milner
Ciclo de violência e cessar-fogo
Uma nova rodada de violência estourou dentro e ao redor de Gaza no final de 2012. Um cessar-fogo foi alcançado entre Israel e os que dominavam a Faixa de Gaza, mas quebrado em junho de 2014, quando o sequestro e assassinato de três adolescentes em mais violência. O conflito terminou com um novo cessar-fogo em 26 de agosto de 2014.
Foto: picture-alliance/dpa
2017: Conferência de Paris
A fim de discutir o conflito entre israelenses e palestinos, enviados de mais de 70 países se reuniram em Paris. Netanyahu, porém, viu as negociações como uma armadilha contra seu país. Tampouco representantes israelenses ou palestinos compareceram à cúpula. "Uma solução de dois Estados é a única possível", disse o ministro francês das Relações Exteriores Jean-Marc Ayrault, na abertura do evento.
Foto: Reuters/T. Samson
2017: Deterioração das relações
Apesar de começar otimista, o ano de 2017 trouxe ainda mais estagnação no processo de paz. No verão do hemisfério norte, um ataque contra a polícia israelense no Monte do Templo, um local sagrado para judeus e muçulmanos, gerou confrontos mortais. Em seguida, o plano do então presidente dos EUA, Donald Trump, de transferir a embaixada americana para Jerusalém minou ainda mais os esforços de paz.
Foto: Reuters/A. Awad
2020: Tiro de Trump sai pela culatra
Trump apresentou um plano de paz que paralisava a construção de assentamentos israelenses, mas mantinha o controle de Israel sobre a maioria do que já havia construído ilegalmente. O plano dobrava o território controlado pelos palestinos, mas exigia a aceitação dos assentamentos construídos anteriormente na Cisjordânia como território israelense. Os palestinos rejeitaram a proposta.
Foto: Reuters/M. Salem
2021: Conflito eclode novamente
Planos de despejar quatro famílias palestinas e dar suas casas em Jerusalém Oriental a colonos judeus levaram a uma escalada da violência em maio de 2021. O Hamas disparou foguetes contra Israel, enquanto ataques aéreos militares israelenses destruíram prédios na Faixa de Gaza. A comunidade internacional pediu o fim da violência e que ambos os lados voltem à mesa de negociações.
Foto: Mahmud Hams/AFP
2023: Terrorismo do Hamas e retaliações de Israel
No início da manhã de 7 de outubro, terroristas do grupo radical islâmico Hamas romperam barreiras em alguns pontos da Faixa de Gaza, na fronteira com Israel, e, em território israelense, feriram e mataram centenas de pessoas, além de sequestrarem mais de uma centena. Devido a isso, Israel declarou "estado de guerra" e iniciou uma série de bombardeios, deixando partes da Cidade de Gaza em ruínas.